Apesar de ter menos de 15 anos de carreira, o Maestrick se tornou um dos maiores destaques no metal brasileiro, fazendo um progressivo que se destaca no mercado, por sua mescla de estilos.

Atualmente formado por Fabio Caldeira (vocal e teclado), Renato Montanha (baixo) e Heitor Matos (bateria), o grupo tem em sua discografia os discos “Unpuzzle!” de 2011, e o “Espresso Della Vita: Solare”, de 2018.

E com a pandemia e sem apresentações ao vivo, a banda foca na pré-produção do nosso próximo disco, “Espresso Della Vita: Lunare”, fazendo tudo à distância, respeitando o isolamento social.

Fabio Caldeira concedeu uma entrevista ao Headbangers Brasil, e falou sobre o atual momento produtivo do Maestrick, além de relembrar momentos importantes da carreira e planos para o pós-pandemia. Confira!

Headbangers Brasil – Como estão sendo esses tempos de quarentena para o Maestrick? Alguma produção ou novidades que podem revelar aos fãs? E para você Fábio, como está sendo essa quarentena?

Fabio Caldeira: Para o Maestrick está sendo muito incomum. Aqui na nossa cidade os casos estão aumentando muito, e por isso, nós estamos respeitando o isolamento o máximo possível. Então as reuniões semanais, sessões de estúdio, e quaisquer tipos de encontros não estão acontecendo. Como nós estamos trabalhando na pré-produção do nosso próximo disco, “Espresso Della Vita: Lunare”, estamos tendo que fazer tudo a distância. Cada um no seu home studio. Pra mim, fora o Maestrick, tenho as minhas aulas de canto, piano e música, que estão todas online agora. Estou pesquisando e estudando bastante e escrevendo meu primeiro livro. Pessoalmente, está sendo um período de muita reflexão, de muito aprendizado.

Headbangers Brasil  – Formado em 2006, o Maestrick já beira os 14 anos de estrada com 02 EP’s sendo um deles de covers, dois álbuns autorais, com reconhecimento nacional e mundial. Como você avalia esta recepção do público e crítica?

Fabio Caldeira: É motivo de muita gratidão. Afinal, nós temos a oportunidade de fazer o que a gente ama, e amar o que a gente faz. A fundação do Maestrick é a amizade verdadeira. Então poder nos apoiar nisso e levar a nossa verdade, a nossa arte, para o máximo de pessoas possível, é o que nos faz querer sempre dar o nosso melhor. Essa é melhor forma de retribuir todo o amor que a gente recebe desde o início da banda.

Headbangers Brasil – O Maestrick se destacou por fazer um metal progressivo com mescla de estilos, em  ‘Unpuzzle!’ de 2011 e o conceitual ‘Espresso Della Vita: Solare’. Quais são as principais características que você destaca como diferencial entre os trabalhos de 2011 e 2018?

Fabio Caldeira: Olha, a principal diferença foi a nossa maturidade. Quando compusemos o “Unpuzzle!”, éramos mais adolescentes do que adultos, a média de idade da banda era 19 anos eu acho. Todo mundo inexperiente a respeito do processo profissional de gravação. Foi uma iniciação para todos. A partir disso, nós pudemos nos conhecer muito no processo e então quando escrevemos e gravamos o “Solare”, estávamos mais conscientes de quem a gente era e consequentemente do que a gente queria. Pessoalmente, as nossas responsabilidades eram outras, e aí isso acaba refletindo na música que a gente faz. Musicalmente, o processo de composição foi o mesmo nos dois discos. Nós trabalhamos juntos as ideias e procuramos agregar, de forma espontânea e natural, o que reforçasse as imagens que queríamos passar.

Headbangers Brasil – E como é fazer metal progressivo para o público brasileiro?

Fabio Caldeira: É poder ser quem somos, da melhor forma possível, para os nossos irmãos brasileiros. Simplesmente isso.

Fabio Caldeira

Headbangers Brasil – Como foi a experiência de tocar na Europa, na tour do “Solare”? Nesta experiência inédita, que diferenciais e aprendizados vocês tiveram?

Fabio Caldeira: Foi sem dúvidas, uma experiência muito marcante e enriquecedora, em muitos sentidos. É uma verdadeira prova de fogo, e separa as crianças dos adultos. Nós aprendemos que é necessária muita maturidade, inteligência emocional, cumplicidade e empatia. Nós três, eu o Montanha e o Heitor, vimos que nos damos bem mesmo. A gente entende o espaço um do outro, as vezes sem precisar conversar. Então essa experiência nos fortaleceu demais. É uma maratona, porque você viaja, descarrega os equipamentos, carrega para o palco, monta tudo, passa o som, toca, desmonta, carrega de novo, viaja. Se você não for disciplinado, não cuidar do seu corpo, da voz, no meu caso, você não consegue chegar bem no final. Mas nós seguramos muito bem a “bronca”. Inclusive, estamos aproveitando a quarentena pra começar as edições do mini documentário sobre a turnê. Ele vai focar mais no dia a dia do que nos shows, pra mostrar pro pessoal como é o dia a dia em turnê.

Headbangers Brasil – O Maestrick lançou recentemente um vídeo especial para as faixas “Origami” e “I a.m. Living”. Como surgiu essa ideia de revisitar estes trabalhos, em um formato com convidados especiais?

Fabio: Nós fomos convidados para dois festivais online: o “Roadie Crew Online Festival”, organizado pela revista Roadie Crew e a gestora/produtora cultural, Som do Darma e o “Quarentena Rock Online Fest” do canal Heavy Talk. Assim tínhamos que fazer versões, onde cada um tocava na sua casa ou estúdio. Como o Heitor já tinha gravado 3 vídeos no ano passado, tocando músicas do “Solare” para o canal dele, nós aproveitamos esses áudios e vídeos e fizemos as nossas partes individuais. Os convidados foram os guitarristas, Luiz Oliveira e Paulo Pacheco, e a cantora Talita Quintano, do Soulspell, que já canta conosco ao vivo fazendo backing vocals.

Headbangers Brasil – Apesar de ser uma banda jovem, vocês já aparecem entre os 50 melhores discos da música pesada brasileira. Como você descreve essa conquista?

Fabio Caldeira: Sonho realizado, pode? (risos) É uma imensa honra pra gente, estar ao lado de nomes já muito conhecidos, como o Sepultura, Ratos de Porão, o Viper, Angra. Mas também, nomes que representam muito bem o momento de renovação que o metal nacional se encontra, como o Soulspell, o Imago Mortis, o Uganga, o Hibria.

Headbangers Brasil – Conte um pouco da história da banda, quais as inspirações e em especial como surgiu a ideia do nome Maestrick? 

Fabio Caldeira: O Maestrick é uma banda, formada por amigos, desde 2006, e nosso intuito é levar para as pessoas, uma verdadeira experiência. Através das músicas, das histórias que criamos, nós queremos apresentar mundos novos, personagens, e fazer com que todos se sintam parte desse multiverso, que une as mais diversas artes em um único lugar. Nossas inspirações musicais são bandas como Queen, Metallica, Rush, Pink Floyd, Yes, Pantera, Mutantes, World Music, música regional, música erudita, e as mais diversas manifestações artísticas, como o cinema, as artes plásticas, a literatura, o circo, a dança.
O nome da banda representa o lado sério e erudito do “Maestro”, e o lado mais descontraído do “Trick”, que significa truque, brincadeira. É o melhor reflexo de quem somos como pessoas e artistas.

Maestrick

Headbangers Brasil – Como vocês enxergam o mercado musical, em especial o do rock/metal no pós pandemia?

Fabio Caldeira: Particularmente eu acho que o mercado da cultura, do entretenimento em geral, será um dos últimos a voltar. Primeiro, porque a aglomeração é necessária nos eventos. Então, eu creio que os artistas terão que repensar desde prazos até os planos de lançamento. Até que uma vacina realmente saia, e a gente conheça o “novo normal”, eu não vejo as coisas aquecendo de novo.

Headbangers Brasil – Qual música do Maestrick pode definir melhor o ano de 2020?

Fabio Caldeira: Sem dúvidas a Trainsition. Ela fala, basicamente, das mudanças que a vida nos impõe, e as adaptações que são necessárias para seguirmos em frente.

Headbangers Brasil – E quais os planos para o pós pandemia? 

Fabio Caldeira: Aglomerar MUITO! kkkk. Nós estamos aproveitando a pandemia para planejar, tanto o lançamento do disco novo, como o formato dos shows. Nós levaremos uma nova estrutura de show para a próxima turnê. Vamos anunciar isso em breve. Desde cenário, elenco de artistas, efeitos especiais e tudo o que sempre fez parte da nossa proposta. Será uma verdadeira experiência.

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FOTO IMAGEM DESTACADA: André Alves BG