Batemos um papo bem legal com Jairo Guedz, guitarrista que está trazendo a banda The Troops of Doom, com a proposta do death metal old school. Confere só!

HEADBANGERS BRASIL: Olá Jairo, tudo bem? Primeiramente gostaria de agradecer por nos conceder esta entrevista. Como estão sendo os dias de quarentena, visto que Minas Gerais está passando um momento bastante delicado por agora em meio à pandemia?

JAIRO GUEDZ: Obrigado pelo convite. Eu particularmente só tenho tido algum prejuízo financeiro por conta da falta de shows, mas tem sido um período bastante fértil pra mim em termos de criação, de idéias, de realizações.

HB: Recentemente você divulgou o The Troops of Doom, de onde surgiu a ideia do projeto?

JAIRO: Na verdade não é um projeto paralelo, é uma banda. Começou há 4 anos atrás como um projeto, é verdade! Na época esse projeto seria comigo, com o Marcelo Vasco, o Alex Kafer e o Stian Shagrath vocal do Dimmu Borgir. O baterista ainda não havia sido recrutado e decidimos não levar à diante esse projeto porque o próprio Stian adiantou que não teria muito tempo pra estrada conosco. Ele tinha o Dimmu e estava lançando o Chrome Division…então engavetamos tudo e só agora resolvemos trazer a ideia de volta e de uma forma mais coerente e de fácil operação. Pegar a estrada é fundamental pra gente! A banda foi construída, as músicas compostas, as regravações definidas, a capa, as fotos, o press-release, tudo durante a pandemia e sem que nenhum membro da banda se encontrasse (e moramos em estados diferentes do país). Tudo foi construído com muito cuidado, muita atenção, à distância!

HB: Na proposta da banda, você busca trazer um som mais old-school e direto dentro do death metal. Quais diferenças você vê nessa sonoridade dentro da cena de hoje para a dos anos 80?

JAIRO: Eu não escuto muita coisa de 2000 pra cá…participei de uma fase do Eminence onde escutei muito metal-core, prog-metal, etc…mas não é minha praia não. Eu ainda ouço as mesmas velharias que sempre escutei. Acho que o metal de hoje está extremamente técnico (e não digo que está ruim…) e a tecnologia ajuda bastante complementando essa técnica, com novas ferramentas de trabalho cada vez mais complexas. Acho interessante mas não é meu estilo. Sempre fui muito orgânico, muito raíz, gosto do primitivo mais que do moderno ! No The Troops of Doom a ideia não é “descobrir a roda”, não temos nada de novo pra mostrar, se procuram uma grande novidade não procurem em nós ou em nosso som! A proposta é fazer o mesmo old school death metal que eu fazia na época que escrevi o “Morbid Visions” e até o “Bestial Devastation”!!! Aquela sonoridade que nos interessa – levar o público à uma viagem no tempo, mas sem saudosismo barato! E pra isso enviamos nosso material pro Oystein guitarrista do Borknagar – ele tem um estúdio de masterização no meio do gelo, nas montanhas da noruega, e o clima perfeito pra trabalhar nosso material (Kkkkkkkk), foi mágico isso !!! As músicas não podiam soar “mal” gravadas como acontecia nos anos 80, mas também não queríamos usar as ferramentas modernas pra isso, e o Oystein nos ajudou com essa sonoridade.

HB: Você revisita algumas faixas que gravou com o Sepultura, como foi trabalhar este material após tantos anos?

JAIRO: Foi mágico !!! Eu escrevi a “Troops of Doom” com os caras na época, uma música que se tornou um hino do sepultura – deve ser tocada em praticamente todos os shows do próprio Sepultura, mas tb nos shows do Soulfly e do Cavalera Conspiracy! Quando resolvemos regravar essa música e mais uma eu pensei: “vou fazer à moda antiga. Sem mudar praticamente nada. Voltar a base de voz da “Troops…” Pro ritmo de quando ela foi gravada pela primeira vez! Respeitar o berço de tudo que construí com o Sepultura. Respeitar os caras e a história da banda, e por fim, respeitar tb o público que gosta daquela fase!

HB: A banda irá trazer no EP de estreia músicas autorais. Como foi o processo de criação dessas faixas? E qual a temática que irão abordas nelas?

JAIRO: Como disse antes tudo foi feio à distância…foi louco esse processo, mas valeu a pena cada minuto ! Eu escrevia os riffs junto com o Marcelo Vasco. O Alex Kafer fazia as letras e o Alexandre gravava os ritmos da bateria em casa. Cada um gravou separadamente sua parte e enviamos tudo pro Marcelo no sul, que juntou tudo e mixou. Depois enviamos pra noruega. A temática segue a ideia do death metal anos 80 – satanás no comando e vida que segue !

HB: O baterista Alexandre Oliveira, o guitarrista Marcelo Vasco e o vocalista Alex Kafer, compõe o time ao seu lado no The Troops of Doom. Como foi feita a escolha dos nomes?

JAIRO: Foi fácil isso. Primeiro porque já tínhamos um projeto engavetado, eu, Marcelo e Alex. Depois precisamos pensar num baterista, foi aí que eu apresentei o Alexandre pros caras. Eles se deram bem desde o primeiro contato ! A nossa química é muito boa, e a ideia é aprender mais uns com os  outros na estrada !

HB: “Between the Devil and the Deep Blue Sea” é o primeiro single que será revelado em breve. Qual o motivo da escolha desta faixa?

JAIRO: Ela mostra um pouco de cada influência da banda, além de relembrar bem tb o estilo que eu escrevia na fase “Morbid Visions”. Em 16 de setembro lançamos nosso segundo single “The Confessional”, que tem uma pegada mais pesada à lá Celtic Frost (grande influência nossa tb) e em 09 de outubro sai o ep completo!

HB: A banda surgiu em meio a pandemia que assola o Brasil, o que irá atrasar por um momento os shows. Como você encara este fator?

JAIRO: Não é fácil isso…o certo seria lançar o material e pegar a estrada. Mas não será possível. Então vamos aproveitar essa pausa pra compor o full, que queremos lançar em 2021. A banda já tem turnê marcada pra novembro de 2021 pela Europa, e espero já ter mais material até lá ! Enquanto não rola shows, vamos aproveitar pra trabalhar no site, nas redes sociais da banda, no merchandising…

HB: Jairo, você começou há muitos anos nesta caminhada do mundo Heavy Metal no Brasil, sendo um dos primeiros nomes a dar os primeiros passos. De lá para cá, como você vê o cenário nacional ao ponto que estamos hoje?

JAIRO: Eu vi de tudo – do auge do death/black metal ao grunge, ao industrial, ao indie…mas sempre percebi que o fã estava presente. Mesmo escondido, numa caverna, dentro de casa…mas sempre ali, aguardando o melhor momento prá sair da inércia e voltar pros shows. E os shows undergrounds rolavam durante todos esses períodos de “moda”. Hoje vejo esse processo com muito positivismo ! Enquanto existem fãs existe mercado. E assim espalhamos a “palavra”. A proposta do The Troops of Doom é exatamente voltar ao que estava no auge nos anos 80, fugir do caminho que está sendo traçado hoje !

HB: Você também trouxe um outro projeto à ativa novamente há algum tempo, o The Mist. Quais os planos com eles?

JAIRO: O The Mist voltou em 2018, ensaiamos quase um ano escondidos em bh…kkkkk…mas quando chegamos à conclusão de que estaríamos prontos pro nosso público a gente resolveu assumir esse retorno depois de 25 anos separados ! Fizemos uma puta turnê em 2019, tocamos com o ratos de porão, Napalm Death, Rotting Christ, gangrena gasosa, entre outros…agora estamos também aproveitando esse período pra compor material novo – se a gente achar que vai valer a pena a gente lança esse material ano que vem!

HB: Jairo, mais uma vez meu muito obrigado pela atenção e disponibilidade. Desejamos sucesso e que em breve possamos ver o The Troops of Doom em ação nos palcos. O espaço é teu e mande um recado aos leitores.

JAIRO: Obrigado à todos os leitores e à todos do site Headbangers Brasil!!! Entrem em nossas redes sociais, se inscrevam no nosso canal do youtube (youtube.com/thetroopsofdoom) e façam seus comentários! Nos vemos na estrada!