Músico multi-instrumentista, compositor, ex-guitarrista da banda brasileira de metal Angra e atualmente da banda de metal norte-americana Megadeth, Kiko Loureiro lançou seu quinto álbum solo, ‘Open Source‘. Além disso, também dedica parte do seu tempo ensinando Music Business, carreira e inovação nos negócios da música e também está ativo nas redes sociais realizando lives e vídeos para os fãs.  Kiko conta sobre o tema do novo disco, os músicos convidados e sobre o Megadeth.

Hoje em dia é muito comum ver o Kiko Loureiro presente nas redes sociais e atualmente, mais ainda em vídeos e lives. Esse contato que faz com que você fique bem próximo de seus fãs?

”Tenho feito muitas lives, até em inglês – alguns fãs até reclamaram por isso. Acho isso legal, quando você lança o trabalho, é interessante ter esse contato para saber o que está rolando e a opinião dos fãs”

 Falando em internet e tecnologia, o primeiro videoclipe do álbum, “EDM (e-Dependent Mind)”, fala sobre os males da vida moderna com a internet. Pode contar mais sobre isso?

O conceito do álbum, o nome, ele traduz isso… A internet tem o lado bom, esse lado mais colaborativo, tem o Google e Wikipedia que facilita a vida em várias formas, dando poder ao coletivo…Democratizando o conhecimento, com profissionais bons dando vídeo aulas, tem livros… enfim, todo esse lado positivo. E tem o lado negativo, que é exatamente o que é exposto no vídeo, e no nome das músicas do ‘Open Source’. Ansiedade, os vícios, doenças psicológicas, o isolamento… O clipe mostra de forma crua e direta o quanto estamos nos “holofotes” das mídias sociais, interações virtuais e o quanto não nos relacionamos. Vivemos praticamente o dia todo na internet. O álbum é uma linha fina sobre o mundo da internet, os pós e contra, que foi composto bem antes da pandemia, aliás, eu até ia colocar no disco uma música chamada “Pandemic”, devido a pandemia, que realmente aconteceu, resolvi não colocar no disco”.

Você já trabalhou com bandas grandes como Angra, e atualmente no Megadeth. Como é trabalhar em álbuns de grandes bandas e trabalhar em um disco solo?

”A banda é algo totalmente colaborativo. No álbum solo fazemos praticamente tudo por completo, e em algum momento entra a parte colaborativa dos músicos. Mas na verdade eu não fiz tudo sozinho, a gente grava um álbum com várias pessoas. A diferença é que a responsabilidade fica em cima do meu nome, então a palavra final acaba sendo minha. Mas é um disco onde tem espaço para os músicos brilharem, então eles também tem a responsabilidade de criar algo bom. Já com a banda é um pouco mais leve, pois a responsabilidade vai em cima da banda, se o público não gosta, não é porque não gosta exatamente de você, a crítica vai no nome da banda”

O disco conta com a participação de Felipe Andreoli no baixo e Bruno Valverde na bateria em todas as 11 faixas, além de contar com as participações especiais dos guitarristas Marty Friedman (ex-Megadeth) e Mateus Asato em duas delas. Como foi o processo de gravação e a escolha dos músicos?

O Felipe e o Bruno são bem próximos… Fizemos tour juntos e então mostrei as ideias embrionárias. Sempre estivemos em contato ao longo do processo, são músicos fantásticos e tudo fluiu bem. Tudo foi gravado antes da pandemia, faltava a penas a finalização, que atrasou um pouco devido a pandemia. Sobre o Marty, tem a ver com aquela comparação na internet que os fãs fazem, entre ‘vencedor e perdedor’, sempre tem uma competição, se tal músico é bom, outro não é. E na música  eu acho que não existe essa competitividade, você compete com você mesmo, para evoluir. Então o marty é a maior representação disso, pois sempre sou comprado com ele, e foi uma forma de mostrar que música não é competição. O Mateus é um brasileiro muito famoso, que fez a carreira na internet, eu quis chamar ele, pois gosto muito do trabalho dele, e por ser da nova geração, que combina com o tema do álbum”.

Sobre a questão de exercer liberdade sobre o próprio trabalho, para ‘Open Source’, você criou um crowdfunding para lançar o álbum e o disco saiu de forma totalmente independente. Pode falar mais sobre isso?

”Seria possível com gravadora, mas por ser um disco instrumental, pode ser que não seja interessante para a gravadora. Na altura da minha carreira, acho que não tem problema eu tomar todo o risco de lançar um disco independente. Mas eu ganho em outras coisas, como liberdade de colocar minha música onde quero, fazer sem contratos com gravadora. Fiz o crowdfunding para ajudar na gravação e também porque combina com a tecnologia que o álbum transmite. Mas eu tive uma dúvida enorme em questão do preço a cobrar nesse projeto, era um dilema, e não tinha jeito, tive que cobrar em dólar”.

Como é trabalhar com Dave Mustaine? Você pode falar sobre o próximo álbum do Megadeth?

”Dave é legal, ele tem o jeito dele e você precisa se encaixar. Dave tem muito conhecimento, dá pra aprender muito com ele. Trabalhar com ele é super profissional, se você trabalhar bem, as coisas acontecem. Sobre o Megadeth, estávamos pra gravar o álbum em março, mas devido a pandemia, adiamos”>. Por fim, Kiko deixa um convite aos fãs <”Convido á todos para gastar uma hora da vida de vocês ouvindo meu novo álbum”.