Desde 2016 Edu Falaschi investe pesado em sua carreira solo e conta com um time de peso para acompanhá-lo em suas turnês e gravações. Um dos nomes que se destacou na cena metal é do guitarrista Roberto Barros, que tocando com maestria, logo conquistou o público. 

Tocando guitarra desde os 14 anos, Roberto mostra muita versatilidade em sua carreira, incluindo uma banda católica, sertanejo, forró e tocando heavy metal.

Recentemente, participou da  gravação álbum solo de Edu Falaschi, no lendário estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro.  Em entrevista ao Headbangers Brasil, Roberto relembrou a sua carreira, shows, turnês e tudo relacionado a tocar com a banda do vocalista, além de outros projetos. Acompanhe!

Headbangers Brasil: Faça um resumo sobre os tempos de quarentena para você Roberto? Como tem feito seus trabalhos, tanto na banda de Edu Falaschi, quanto trabalho solo, com a paralisação de shows?

Roberto Barros:  Já faz algum tempo que estamos em quarentena, nos primeiros meses fiquei bem concentrado em estudar, na época já focando quase que 100% em coisas que faria no disco do Edu.

Sobre meu disco solo, eu já tenho várias composições, mas sou extremamente estrategista e esperei calmamente pelo momento oportuno. Eu precisaria de uma boa vitrine pra que o disco tivesse espaço na mídia, apesar de estar em uma ótima vitrine desde 2017, que é a TOUR do Edu, mas ainda sim, dentro do meu inconsciente, eu sabia que precisava de um disco forte que mostrasse de fato como é o roberto compondo, e desse trabalho a curiosidade aumentaria gigantescamente para algo solo.

Engraçado que em conversas com o Edu, ele sempre me fala isso, que além de um disco ser bom, pra virar um clássico, ele precisa de uma boa vitrine.

Isso vai de acordo com o meu MIMDSET, ou seja: após o lançamento do disco do Edu, Será o momento perfeito para enfim, mostrar meu trabalho solo.

 

Roberto Barros

H B – Conta um pouco mais sobre seu histórico na música. Quais as suas inspirações?

RB – uma longa história até aqui, mas resumindo, comecei aos 14, estudei com professores locais, aos 18 passei na FEDERAL em quinto lugar pra cursar eletrônica, estudei alguns meses e graças a Deus, abandonei e fui pra  música ahah.

Fui pra São Paulo, me formei no IGT e estudei anos com o Mozart Mello, depois estudei anos com professores gringos.Trabalhei com diversas bandas e hoje Trabalho com o vocalista Edu Falaschi.
Minhas influências, Liszt , Chopin, Coltrane, Chris Potter e Shawn Lane.

HB – Você tem uma boa versatilidade em sua carreira, incluindo uma banda católica, sertanejo, forró e tocando heavy metal. Como foi essa evolução?

R.B – Na verdade, não tive opção, ou trabalhava com música ou iria pra área industrial. Comecei tocando na noite com bandas de forró, sertanejo, e por um bom tempo, eu sonhava em chegar em bandas grandes desse meio, achava que ficaria muito cheio da grana.

Fui crescendo musicalmente e entrando em bandas grandes, vi que não era o que eu pensava, trabalhava igual um escravo e ganhava pouco. Comecei a investir em aulas e em músicas próprias.

Um dia fui ao show da banda Católica Ceremonya, na época muito grande no meio, entreguei minha demo que tinha pro baterista, uma semana depois, ele me liga chamando pra um teste, o guitarrista tinha saído, passei e fiquei 1 ano na banda. Fiquei mais um tempo no meio católico, depois entrei de cabeça no jazz, passei anos só tocando isso e em 2017 voltei ao metal.

HB – Como surgiu o convite para você tocar com o Edu Falaschi? Como você recebeu está oportunidade? E o que ela tem representado para você, ao longo desses anos?

RB -Foi indicação do meu amigo, Pedro Tinello, baterista da banda Almah e que havia gravado minha demo em 2007 e também do guitarrista, Demian Tiguez. Mandei alguns vídeos pro Demian e ele mandou pro Edu, logo depois o Edu me ligou e convidou pra um teste. Foi incrível receber a ligação do meu Ídolo e ainda ser convidado pra um teste, foi um dia mágico.

Bom, nesses três anos, a minha carreira cresceu absurdamente, musicalmente também, afinal, tocar com pessoas desse nível, você acaba sendo cobrado todos os dias, e aí, você tem dois caminhos: evoluir diariamente ou ceder sua vaga pra outro entrar no seu lugar. Todos do metal Nacional querem esse posto, então tem que ralar.

Roberto Barros Edu Falaschi

 

HB  – Ficar duas vezes entre os melhores guitarristas da Roadie Crew é sinônimo do seu reconhecimento do público. Conte mais sobre isso, alcançando um público maior de forma positiva?

RB – Essa eleição mostra o carinho de todos os fãs em relação ao meu trabalho, fico extremamente feliz.
O público tem aumentando muito rápido, cerca de mil seguidores a casa 4 dias, sou muito grato a todos.

HB – É verdade que você quase desistiu da carreira do metal? Se sim, como fez para que esse sonho não morresse?

RB – Sim, estava muito focado no jazz, no Brasil sempre foi muito difícil se destacar no meio metal.
As bandas de renome que eu poderia tocar, já tinham guitarristas e isso foi criando um bloqueio em mim, resolvi cair de cabeça no jazz. Mas sempre amei o metal, só faltava a oportunidade e ela veio com o Edu, serei eternamente grato.

HB – Como foi seu processo de estudos para evoluir na guitarra e hoje chegar tão longe?

RB – Sou competitivo ao extremo, isso me puxa me mantém estudando, quando voltei ao metal, tracei algumas metas que não posso revelar, mas as metas eram extremamente ousadas pro tempo que eu queria o resultado, dividi isso em dois períodos. O primeiro se chamaria Brutal e o outro Extremo.

Montei um projeto de tudo que eu precisaria mudar na minha vida, apresentei a minha esposa, ela topou e caímos de cabeça. Eu digo, caímos de cabeça, pois minha esposa foi essencial nisso, virei um atleta e ela cuida de tudo da nossa família, não faço nada de obrigações de casa, ela gerencia tudo, só transfiro o dinheiro. Ahahah
esse projeto de vida vai se concluir no próximo ano, provavelmente, vou criar outro depois, isso nunca tem fim.

HB – Como foi participar das faixas inéditas do Edu Falaschi, no EP “The Glory Of THe Sacred Truth”?

Foi incrível e meio aterrorizante ahha, De repente, eu estava na casa do Edu, trabalhando nessas músicas e gravando tudo, sem muito tempo pra repetir os takes, Ele falava: “bora, não temos tempo”

Foi ótimo que pude realmente ver como eu era gravando, uma coisa é gravar em casa, em partes, com calma, sem cobranças. Outra é você gravar com o Ídolo de uma vida, uma música mega difícil e ele dizendo, “vai “rec”, ali é onde o filho chora e a mãe não vê ahhah. Mas foi ótimo, tirei de letra e foi um sucesso, serei eternamente grato ao Edu por ter me escolhido como seu guitarrista.

HB – Gostaria que você falasse mais sobre o lançamento do DVD Temple of Shadows in Concert. Como foi o processo de gravação e divulgação? E como foi para você essa experiência de gravar esse álbum memorável do metal brasileiro?

RB – Foi incrível, não há palavras que definem o meu orgulho de fazer parte de algo tão gigante. O álbum da minha vida, quando que eu imaginaria, lá nos meus 17 anos, que um dia, eu gravaria esse álbum em um DVD histórico? Nunca e nem nos melhores dos sonhos eu pensei isso. Mas é aquilo, quem trabalha duro e anda pelo correto, a vida vai retribuir.

Sobre a gravação, não têm muitos segredos, gravamos o dvd todo sem Repetir nenhuma música, todos estavam em uma noite abençoada, todos muito estudados. Eu cravei todos os solos e me orgulho por isso. Me preparei por 2 meses, não parava pra nada e deu no que deu!

 

HB – Conte quais os momentos que mais marcaram você e os mais desafiadores na turnê do Temple of Shadows In Concert?

RB – Bom, o começo em 2017 me marcou muito, tudo era novo, muita pressão, muita mesmo!
Isso foi bem desafiador, aprender a lidar com tudo que estava acontecendo, lidar com pessoas, vivia isolado num quarto estudando, estudar todos os dias após e antes dos shows pra tocar sempre bem, lidar com críticas e elogios, emagrecer, enfim.. Tudo isso.

HB – Falando em turnê, tive a oportunidade de vê-lo tocando junto com o Aquiles Priester, com o álbum “Somewhere in Time”, do Iron Maiden na íntegra. Conte como surgiu esse convite, e como foi essa tour? Algum momento memorável, desafiador ou inusitado?

O convite veio naturalmente por já trabalhar com o Aquiles Priester, ele me conhece bem, sabe que sou um perfeccionista doentio e ele queria alguém que fizesse as músicas o mais perfeito possível, teve o fator pessoal, sempre fomos super amigos e isso é importante em um ambiente de tour. O que mais me marcou foi andar pela transamazônica com o ar quebrado hahaha. E claro, todos os maravilhosos momentos de diversão entre nós, foi uma turnê muito incrível.

HB  Como é fazer metal para o público brasileiro?

RB – Não é fácil e nunca vai ser. Mas, eu amo esse estilo e sei que mesmo vivendo em um País onde viver desse estilo é quase um ato heróico, existem pessoas que se conectam com o que toco e é para elas que faço música .

HB – Como vocês enxergam o mercado musical, em especial o do rock/metal no pós pandemia?

RB – Quero acreditar que essa falta de shows por um longo período, vai fazer com que aumente a procura no futuro e que indústria se movimente no geral.  Confesso que, acho que ainda teremos mais 1 ano nessas condições, então, acredito que é o momento de se reinventar, voltar melhor, esse período não pode ter sido em vão.

HB  E quais os seus planos para o pós pandemia?

RB – Sair em turnê do primeiro cd solo do Edu Falaschi. Minha Turnê solo de worshows e guitar camps. Gravar meu disco solo. E ganhar muito dinheiro ahha.

HB  -Muito obrigada pela entrevista e use o espaço para um recado aos leitores e o que mais achar interessante citar.

RB – Muuuito obrigado pela maravilhosa entrevista, obrigado a todos que estão lendo.
Espero que estejam bem, de coração. Bom, estou super ansioso para voltar à estrada e rever todos os fãs e também para saber a opinião sobre o álbum. Muita saúde e paz para todos!