AOR e Hard Rock na Cidade Sorisso, um bate papo com o Tarmat

O Tarmat vem com um discaço, Out Of The Blue, um disco no qual nos faz lembrar o porquê é sempre bom ter uma mente aberta e olhar pra todos os subgêneros do Rock e procurar conhecer o que acontece nas partes mais baixas do cenário, vem comigo nesse bate papo com o Guitarrista, Eduardo Marcolino, no qual iremos tentar desvendar os segredos do AOR do Tarmat.

Eduardo Marcolino

Headbangers Brasil: Primeiro, obrigado por dedicar esse tempo para conversar conosco, queria saber como foi a idéia de criar o Tarmat??

Eduardo Marcolino (EM): Nós é que agradecemos o espaço pra falar do nosso som! A criação da banda veio meio que ao acaso, na verdade. Foi em julho de 2020, eram tempos de muita restrição e de isolamento social por causa da pandemia. O Alexandre (vocalista) entrou em contato com a gente, querendo fazer algo na música. Nós todos somos amigos de longa data e já havíamos tocado em vários projetos juntos, principalmente de covers. Então tivemos essa ideia de começar um projeto 100% autoral focado no AOR, que era uma vontade antiga nossa. E era também uma forma de aproveitarmos o tempo que tínhamos em casa, na época. Daí já começamos a trocar ideias de músicas por whatsapp e montar o repertório que viria a se tornar o álbum.

Headbangers Brasil: Uma curiosidade, de onde vem a palavra TARMAT, que vem a dar o nome a banda, poderia nos dizer como chegaram nele?

EM: Achar nome de banda hoje em dia é uma tarefa complicada. Parece que tudo já foi usado antes, você pesquisa no Google e desanima – haha! O nome Tarmat foi uma sugestão do Gabriel (tecladista), que é engenheiro químico e viu essa expressão no seu trabalho. Nós todos gostamos muito da sonoridade do nome e o adotamos rapidamente.

Headbangers Brasil: A banda é formada em Niterói, vocês acham que estar levemente afastado da Capital afeta em alguma coisa na banda?

EM: Acredito que não afeta, até porque Niterói está muito próximo do Rio. Já tocamos muito na capital, com diversos projetos. Muito mais vezes do que em Niterói, inclusive. E eu particularmente já moro em São Paulo há alguns anos, apesar de viajar frequentemente para Niterói, para visitar familiares e amigos.

Headbangers Brasil: Agora, falando em Niterói, a cidade, nos anos 90 era pungente e tinha show direto, como foi viver essa fase da cidade e como isso afetou na formação do Tarmat?

EM: Eu nasci em 1987, então não vivenciei muito o cenário local dos anos 90 por ser muito novo na época, entrei nesse meio um pouquinho depois. O Gabriel e o José Marcus (baixista) são da mesma faixa etária que eu. Só o Alexandre que vivenciou a cena local da década de 90 de fato, por ser de uma geração anterior à nossa. De qualquer forma, eu não diria que o cenário de Niterói influenciou diretamente na formação da Tarmat. Desde que começamos a tocar em outras bandas, nunca víamos quase ninguém tocando AOR ou hard rock. Acho que o surgimento da banda e a sincronia que temos é acima de tudo uma questão de gostos compatíveis entre nós quatro, e a vontade de fazer música juntos.

Headbangers Brasil: A banda performa, de forma incrível, um AOR incrível, mas convenhamos, atualmente o mercado para esse estilo anda bem frio, eu estou correto ou vocês sentem outra coisa desse nicho?

EM: Obrigado pelos elogios! Mas sim, concordo com você. Sentimos que o mercado para AOR, na atualidade, é bem mais limitado do que para outras vertentes do rock. Mas de qualquer forma existe um nicho, um público que sente falta de bandas desse estilo. Muitos dos elogios que recebemos têm a ver com isso, de estarmos fazendo algo que não é comumente visto hoje em dia. O hard rock moderno em geral tem uma pegada mais pesada, se aproximando do heavy metal. Já a gente tem um som mais “light” talvez, uma estética que chega até o soft rock do fim dos anos 70 em alguns momentos.

Headbangers Brasil: Out Of The Blue saiu e ele teve uma boa recepção na mídia especializada, eu mesmo curti muito o disco, mas como foi para o público em si, vocês tiveram um bom retorno do pessoal?

EM: A gente tem recebido um feedback bem legal, algumas mensagens incríveis. Mas sentimos que nosso trabalho ainda pode chegar a muito mais pessoas que curtem esse tipo de som.

Headbangers Brasil: As músicas de vocês são muito boas, mas qual o principal tema que vocês gostam de abordar?

EM: Obrigado! Quem escreve todas as nossas letras é o Alexandre, que tem um talento incrível pra isso, além de ser professor de inglês e muito ligado em literatura. Geralmente quando a gente enviava uma ideia de música, no mesmo dia ele já vinha com a letra e a melodia vocal prontas. Mas nunca determinamos um tema principal, ele tem total liberdade nesse aspecto, então em cada música ele escreveu o que sentiu que tinha a ver com o som naquele momento. Tem letra que fala sobre a animação de voltar a fazer música com os amigos (“Backbone Feeling”), sobre relacionamento (“Moving Backwards”) e até com temática de história egípcia (“Rosetta Stone”), várias vezes de forma bastante metafórica. Eu acredito que isso seja um diferencial da banda, em meio a tantas letras genéricas ou rasas que vemos no rock.

Headbangers Brasil: Uma coisa que eu gostei bastante, foi como vocês conseguiram equilibrar muito bem todos os instrumentos na gravação do disco, como foi esse processo?

EM: A gente tinha uma visão muito clara de quais eram nossas referências e como queríamos soar, então isso já é um começo importante. E acho que o bom senso de todos, sabendo respeitar o espaço de cada um, facilita bastante esse processo, seja no momento do arranjo das músicas ou até mesmo na mixagem. Claro que existem algumas divergências de opiniões e discussões, isso é normal em qualquer grupo e até mesmo produtivo, mas eu gosto de ressaltar que no nosso caso nunca foi por briga de egos, de um querer aparecer mais que o outro. Teve situação em que eu mesmo sugeria ter menos guitarra na música, ou o Gabriel sugeria que o teclado ficasse mais discreto num trecho, por exemplo. Acho que todos estavam focados no resultado final e dessa forma esse equilíbrio vem naturalmente. Fico feliz com essa sua percepção.

Headbangers Brasil: Outra coisa sobre a parte de produção de “Out Of The Blue” que eu tenho curiosidade é, como tudo foi feito, foi dentro da pandemia, feito remotamente, ou vocês ainda conseguiam se encontrar para gravar e até mesmo compor, como foi essa parte?

EM: Foi um trabalho feito de forma remota quase que completamente. A concepção das músicas (composições e arranjos) foi toda feita com trocas de arquivos, por whatsapp. Depois, nós gravamos nossos instrumentos das nossas próprias casas, em esquema de “home studio” mesmo, e só nos encontramos pessoalmente de fato na hora de gravar vocal e violão em estúdio, já no final do processo.

Eduardo Marcolino – Guitarrista

Headbangers Brasil: Lógico que, para todos os artistas, o teste final de suas criações é o palco, quando teremos a chance de ver o Tarmat em palco?

EM: Esperamos que em breve! Estamos ansiosos por uma oportunidade. Recentemente, lançamos no Youtube dois vídeos “ao vivo em estúdio”, para mostrar que sabemos tocar as músicas de verdade – haha! Podem indicar a TARMAT para eventos e festivais!

Headbangers Brasil: Falando em palco, todo o artista tem a tour que sempre sonhou em fazer, qual seria a tour dos sonhos do Tarmat?

EM: Acredito que o maior sonho seria uma tour europeia. Existem muitos fãs de AOR por lá, especialmente nos países escandinavos.

Headbangers Brasil: Pessoal, obrigado pelo tempo, agora é com vocês, deixe aqui um recado para os leitores do Headbangers Brasil.

EM: Obrigado de coração por dedicarem um pouco da sua atenção para ler sobre nosso trabalho! Se gostarem do nosso som, divulguem pros amigos! E fiquem à vontade para entrar em contato com a gente. Rock on!

Tarmat