O single faz parte do nosso próximo disco de inéditas Outburst Desert e foi gravado em São Paulo, no estúdio Rootsans do Rodrigo Sanches. Foi uma faixa especialmente difícil de gravar não só pela complexidade musical em si, mas pelo sentimento de revolta e indignação envolvido que nós procuramos canalizar por inteiro e da forma mais visceral que podíamos. A participação de João Lemos (Molho Negro) foi a cereja do bolo, o vocal e guitarras que ele gravou com certeza foram de encontro com a proposta desse som além da experiência de ver um grande artista em ação, o que pra nós foi uma escola.
Já a gravação do clipe foi feita em Maringá com uma equipe fantástica que inclui Gabriel Rodrigues (@chadvox) e Bulla Jr., um fotógrafo/diretor muito bem conceituado aqui na região. Desde o início a ideia era retratar esse período surreal e tenebroso que vivemos sob um desgoverno genocida, então resolvemos elucidar algumas notícias que marcaram o país e escancaram de forma precisa o quanto a gente sofre com esse messias da morte.
É como se a gente estivesse afundado na merda e alguém descarregasse mais um caminhão de merda em cima do brasileiro. É difícil explicar, mas acho que nesses momentos da história é que mais precisamos de uma análise racional da coisa pra encontrar forças e soluções e não se perder num mar de desavenças e reclamações. É claro que ninguém aguenta mais, é óbvio que esse senhor ocupando a presidência é um dos maiores bandidos que já ameaçou a frágil democracia brasileira. Mas nós temos hoje uma clara noção, um diagnóstico da escória que apoia toda essa treva que abomina o país. E com esse conhecimento a gente precisa agir, tomar as ações necessárias pra evitar que o pior aconteça novamente.
Pegue por exemplo a nossa campanha de vacinação. Por que o Brasil tem um relativo sucesso em relação a países como a Rússia, Ucrânia e o próprio Estados Unidos? Porque nós tivemos campanhas de conscientização por décadas, criou-se uma cultura da vacinação e ainda bem que isso vem garantindo que a grande maioria das pessoas tome as doses, apesar de haver uma minúscula e patética parcela de negacionistas. Então eu acredito que a conscientização, o investimento na educação e cultura a longo prazo é a melhor saída pra evitarmos tanta glamorização da burrice e da ignorância, tanto culto ao ódio e mentira. O país sofre desmontes e a gente sente vontade de vomitar só de ver bandeiras do Brasil pedindo por intervenção militar nas sacadas da classe média, mas não temos pra onde fugir, a gente precisa se vacinar, se unir e fomentar a cultura de todas as formas possíveis, porque essa é a única salvação.