Por Ricardo Bernardo

Conforme anunciado, nesta turnê os irmão Max e Iggor vão apresentar um setlist tocando na integra o álbum “Roots”. Álbum responsável por tornar o Sepultura a banda brasileira mais famosa do mundo.

Para quem não foi testemunha da história, quando Roots foi lançado em fevereiro de 1996, havia uma cena metal em alta no mundo e o Sepultura foi projetado diretamente ao topo deste cenário.

A mistura de Thrash Metal com grande uso de percussão tribal e diferentes influências da música brasileira tornaram a música da banda algo totalmente diferente e novo. De difícil rotulo e grande aceitação. Chegou bem próximo de atravessar a barreira do mainstream e se tornar uma banda popular fora do nicho do Metal. Feito até então conseguido somente com Metallica.

Porém, no final de 1996, tudo isso ruiu quando Max saiu do Sepultura, dando fim precoce a uma era que poderia ter sido muito mais do que foi.
Isto posto e considerando que o último show da banda com a formação clássica foi em 07 de novembro de 1996. É impossível ficar indiferente a um show como esse.

O público desta noite era formado por várias gerações de fãs de todas as idades, mas predominava os mais velhos. Que se dividiam entre os que vieram reviver o passado ou aqueles que vieram comprovar como são os irmãos Cavalera ao vivo.

Como mestre de cerimonias ninguém melhor que Pompeu do Korzus com a função de apresentar as atrações da noite.

A abertura do show ficou a cargo da banda Sinaya, que tem mais de 10 anos de experiencia. Formada por Mylena Monaco no vocal, Helena Nagagata na Guitarra, Amanda Melo no Baixo e a baterista Amanda Imamura, que mora no Japão e veio para uma série de shows no Brasil.

E foi ela mesmo que iniciou com um belo solo de bateria para depois emendar com a música “Pure Hate”. Aos poucos a banda foi mostrando seu DeathCore extremamente pesado e despertado o interesse de um público considerável que chegava na casa.

Para a música “Afterlife” convidaram Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad para um dueto com Mylena. Cada uma no seu estilo de vocal gutural, agradou aos presentes que ovacionaram ao final da música. Encerraram com saldo positivo após 9 músicas e uma boa apresentação do que é o trabalho da Sinaya. Este ano sai o próximo álbum da banda que vale a pena ouvir.

Setlist:

1- Solo Bateria / Pure Hate
2- Legion of Demons
3- Riddle of Death
4- Buried by Terror
5- Struck Out by You
6- Obscure Raids
7- Afterlife (com Mayara Puertas – vocal Torture Squad)
8- Psychopath

O convidado mais que especial da noite foi o Krisiun. A veterana banda gaúcha, mundialmente conhecida pelo seu Brutal Death metal, vem apresentar as músicas do seu mais recente álbum “Mortem Solis”. Decimo segundo trabalho da banda lançado no dia 29 de julho.
Com um cenário de palco inspirado na capa de Mortem a banda iniciou sua apresentação detonando os clássicos Kings of Killing e Ravanger. Para então falar sobre o novo álbum e apresentar “Swords Into Flesh” pela primeira vez ao vivo. Ao todo tocaram 3 músicas do novo petardo, que funcionaram muito bem ao vivo.

A plateia demorou um pouco a agitar e começar com as rodas, mas após a cobrança de Alex, várias rodas se abriram e não pararam mais.
Ainda tiveram tempo para um cover do grande Motorhead. “Ace of Spade” ganhou sua versão Death Metal na execução do Krisiun.

Como sempre Moyses Kolesne executou seus riffs e solos agressivos, Max Kolesne sempre com sua pegada precisa e rápida no Death Metal e Alex detonando no vocal e nas bases. Ouça o novo álbum e não perca a chance de ouvir estas músicas ao vivo nas turnês que abanda vai fazer para promovê-lo. Krisiun a mais de 30 anos mantendo sua integridade ao Death Metal Nacional.

Setlist

1- Kings of Killing
2- Ravager
3- Swords into Flesh
4- Scourge of the Enthroned
5- Serpent Messiah
6- Combustion Inferno
7- Sworn Enemies
8- Ace of Spades (Motörhead cover)
9- Hatred Inherit

Nesta hora a casa já estava cheia para celebrar o que viria a ser o memorável show do Roots. Era pouco mais de 21:40 quando Max e Iggor subiram ao palco, acompanhados por Dino Cazares (ex – Fear Factory) na guitarra e Mike Leon (Soulfly) no Baixo. Foi um momento nostálgico, mais de 25 anos após o inesperado fim da turnê de “Roots”. Estavam ele e seu irmão, prestes a executarem o álbum brasileiro mais famoso no mundo, Max chegou assumindo seu posto e comandando o público. Com a abertura com “Roots Bloody Roots” e a sequência com “Attitude”, o local veio abaixo.

“Cut-Throat” e “Ratamahatta” foram cantadas a plenos pulmões pelo público.

A banda foi tocando na sequência, todas as músicas do Roots de uma maneira bem particular, com pequenas alterações de andamento e improvisos que tornaram tudo mais atrativo.

Um exemplo disso é na música ”LookAway“ que a banda pediu para apagar as luzes e cantou um trecho de “War Pigs” do Black Sabbath, sendo iluminada somente com as luzes dos celulares. Para então emendar com “Territory”.

Após toda percursão de “Itsári” a banda traz ao palco o cacique Cipasse Xavante, responsável por ajudar a banda na imersão junto a sua aldeia na época da gravação de Roots.

Ambush dedicado ao ambientalista Chico Mendes e “Dictatorship” dedicada ao atual presidente mantiveram por um período o clima de protesto na apresentação.

Após um breve intervalo a banda volta para o palco para apresentar algumas músicas diferentes e improvisos.

Começaram com a intro de Raining Blood do Slayer para após chamar ao palco, Alex Camargo do Krisiun para dividir o vocal com Max e Iccaro Cavalera, filho de Iggor, para juntos tocarem o clássico “Troops of Doom”.

Prestaram homenagens também ao guitarrista Dino Cazares, que acompanhou a banda nesta turnê, tocando a música “La Migra” da banda Brujeria da qual Dino faz parte.

O ponto alto do saudosismo foi quando Max falou “Vamos voltar a Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu” e executou o clássico “Orgasmatron” do Motorhead.

Ainda tiveram tempo para “Policia” do Titãs com a letra na versão de Chaos Ad e encerraram com uma versão acelerada para “Roots Bloody Roots”.

Max Cavalera continua um dos frontman mais carismáticos do Heavy Metal. No que falte folego, às vezes, ainda canta muito bem e sabe entreter e hipnotizar todo o público. Seus discursos e interações com a plateia faz com que todos se sintam parte do espetáculo. Iggor mantem sua técnica incrível e tocou as músicas como se o disco tivesse sido lançado ontem e não há 25 anos atras. No decorrer das músicas executas, novamente vamos identificando nas passagens e viradas o quanto Iggor foi influência para uma geração de bateristas que vieram depois dele. Dino Cazares e Mike Leon fazem sua parte para contribuir com que os Cavalera façam o melhor. Parece que tocam juntos a anos. Na saída dos shows todos estavam satisfeitos e ainda assimilando o que vivenciaram ali. Mais um show memorável na carreira dos músicos e na vida dos fãs.

Setlist

1- Roots Bloody Roots
2- Attitude
3- Cut-Throat
4- Ratamahatta
5- Breed Apart
6- Straighthate
7- Spit
8- Lookaway
9- Dusted
10- Itsári
11- Ambush
12- Dictatorshit
13- Troops of Doom
14- La Migra (Brujeria cover)
15- Refuse/Resist
16- Orgasmatron(Motörhead cover)
17- Polícia (Titãs cover)
18- Roots Bloody Roots

Fotos por Rafael Andrade

Instagram: @mfrafael

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SINAYA

 

 

KRISIUN

 

 

CAVALERA