Comemorar 40 anos de qualquer coisa é para se comemorar. Seja um relacionamento, um emprego ou uma amizade. Uma banda de Thrash Metal brasileira chegar aos 40 anos então é algo extraordinário!!! O Korzus chega a essa data como um dos maiores nomes do Metal nacional de todos os tempos. Conversamos com o vocalista e produtor musical Marcelo Pompeu sobre as 4 décadas prestadas ao Metal, seu muito falado disco solo, sua parceria com o baixista Dick Siebert e muito mais. 

Headbangers Brasil (HB): Primeiramente parabéns pelos 40 anos de Korzus. Isso já um feito extraordinário, ainda mais no nosso país. Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas nessas 4 décadas de Metal?

Marcelo Pompeu (MP): Manter a formação, manter o foco, perseverar, as vezes quando você desvia de alguma dessas coisas acaba tendo mais trabalho com o passar do tempo, de resto, não tenho que reclamar, tenho muito orgulho desses 40 anos, poder estar vivo e viver eles

HB: Quais os planos do Korzus para comemorar os 40 anos de banda?

MP: Ainda não temos nada definido para divulgar, são muitas ideias e muitos problemas também, primeiro vamos pôr a casa em ordem ainda sofremos os danos da Pandemia, depois ver o que é possível fazer dentro do q a banda quer e necessita, mas novidades virão, assim espero

HB: Nesses 40 anos o único membro da banda, além de você, a permanecer todos esses anos é o baixista Dick Siebert. Como funciona essa parceria entre vocês? E qual a principal dificuldade em manter uma formação estável em uma banda?

MP: A química nossa é a amizade e pensar da mesma forma, manter uma banda é muito difícil em todos os aspectos, fazemos heavy metal e no Brasil, tentamos carreira internacional que seria a melhor das opções para manter a banda muito forte, porém, para isso teríamos que ir embora daqui, o que a maioria não queria, fica claro pra banda que aqui seria o foco então, contudo, as dificuldades seriam dobradas também.

HB: O último lançamento do Korzus foi o single “You Can´t Stop Me”. Como foi a recepção para essa música, já que trouxe novos elementos para o som da banda, apesar de ser uma das músicas mais rápidas e brutais do Korzus.

MP: Foi ótima, as pessoas entenderam a mensagem, quanto ao som ele representa o Korzus, não interpretamos como mudança no nosso som e sim acabou saindo daquele jeito e daquela forma, isso não quer dizer que todas as novas músicas que fizermos serão iguais ou similares a essa

HB: Nos últimos anos muito foi falado sobre um álbum solo seu, esse material ainda será lançado? O que você pode falar sobre esse disco?

MP: Sim, ainda estou terminando, estou sozinho nesse projeto a 8 anos, vou terminar e lançar, não sei quando, mas acredito que esteja nesse lance de 40 anos, porque também completo 40 anos de carreira e o disco tem nomes como Aquiles Priester na batera, Marcelo Soldado Nejem na guitarra, de Gringo na guitarra e Andria Busic no baixo que gravaram as faixas. Tem o coral da escola de música Every Dreams. Todas as faixas são histórias reais que me contaram, enfim, vocês verão um dia.

HB: O último disco do Korzus “Legion”, foi lançado em 2014, há quase 10 anos. Porque essa demora de lançar um disco novo?

MP: Porque somos lentos mesmo, não tenho outra explicação, mas, garanto que quando fizermos um novo disco, será tão legal como todos, a demora sempre deixa mais especial e acaba virando um Marco em nossas carreiras e negócios envolvidos com o Metal.

HB: Para “Legion” não foi lançado nenhum clipe para divulgar o disco, algo muito usado nos lançamentos anteriores da banda. Porque não houve nenhum vídeo para esse disco?

MP: Porque não preparamos bem a campanha de Legion, não foi como em Discipline of Hate. Foi mais corrido, na pressão e quando vimos não tínhamos verba para clipe.

HB: Estamos em mundo pós pandemia e que mudou muito após essa praga que deixou muitos mortos e doentes. O que mudou para vocês após esses anos enclausurados?

MP: Tudo mudou!! As pessoas mudam e as diretrizes mudaram, a forma de ver e encarar o mundo, trabalho, família, tudo mudou.

HB: Pompeu você é hoje um renomado produtor musical e inclusive ganhador do Grammy. Como tem sido esse trabalho ultimamente? Qual banda que passou pelo seu estúdio que você indicaria para nós e que deveria ser mais reconhecida?

MP: Bom, hoje não tenho mais estúdio, fui obrigado a fechar, a pandemia foi decisiva nesse aspecto, mas, continuo a trabalhar como produtor, hoje estou trabalhando com 4 artistas que acho que vão ser muito falados ainda: Mothera, Venice Vampires, Noizzy e Panacéia. Aguardem que logo menos esses trabalhos estarão disponíveis.

HB: Você foi o primeiro produtor da banda Nervosa. Como foi trabalhar com elas? Quando estava produzindo o disco “Victim of Yourself” imaginava que as meninas estariam nesse patamar que estão hoje?

MP: Maravilhoso, é muito legal você descobrir uma banda e ela se tornar referência, eu tinha total certeza disso desde o dia que disse a Fernanda Lira:Vocês já tem produtor?” Baseado em uma filmagem que ela me mostrou de uma Expomusic e quando vi aquilo me apaixonei primeiramente pela atitude delas, quanto ao som precisava dar um talento, elas aceitaram e pimba …o resto vocês já sabem.

HB: Como produtor e músico renomado, que dicas você daria para as bandas que estão começando a sua carreira?

MP: Perseverança, verdade e não abrir a boca sem pensar antes.

HB:Muito repercutiu no meio musicas o seu pedido de ajuda alguns meses atrás. Hoje em dia como está a sua situação? E você conseguiu o que queria com o pedido de ajuda?

MP: Está melhor, graças a Deus, porém sempre estou correndo atrás de trabalho, muito do que faço hoje veio desse pedido. Hoje sou o apresentador oficial dos eventos metal da Honorsounds, trabalho como diretor de palco em eventos da Base 2, surgiram bandas para eu produzir, tenho um podcast, o PompsCast, cada dia é cada dia e vida que segue.

Sou grato a todos que me ajudaram, ao La Iglesia que trabalhei logo no primeiro mês, e a todos que compraram a minha rifa emergencial, deixo claro que jamais pedi dinheiro ou pix ou vaquinha, meu objetivo sempre foi trabalho, ofertar e receber por isso.

HB: O Korzus é uma banda que passou por todos tipos de lançamentos no mercado, como fitas k7, discos de vinil, Cds e agora as plataformas digitais. Qual é sua visão sobre o mercado hoje em dia, e sobre as plataformas digitais

MP: É o que temos o antes não volta mais, sempre em frente, se inventarem outra coisa e se estivermos na ativa pode ter certeza que estaremos lá também.

HB: A banda lançou o livro “Guerreiros do Metal”, que conta toda a sua história. Como foi a repercussão deste lançamento e como surgiu a ideia de lançar uma biografia do Korzus?

MP: Foi ótima, o livro vende bem, as pessoas gostam. A ideia foi do Maurício Panzone que queria fazer esse livro e fez num formato estilo fanzine anos 80, o que eu achei super legal. Agora ele precisa escrever o resto da história que ainda faremos, vai ter muito blá, blá, blá para daqui para a frente, vocês verão.

ENTREVISTA CONDUZIDA PELO COLABORADOR RAPHAEL ARÍZIO.