Rage Against The Machine – A origem do nome

“… muitos trabalhadores invadiram as fábricas e quebraram as máquinas com golpes de martelos…”

Ao pé da letra o nome “Rage Against The Machine” significa nada mais, nada menos do que “Fúria Contra a Máquina”. Mas a que tipo de máquina se refere? A bem da verdade, o termo dá margem para mais de uma interpretação. Aqui, destacamos duas:

  1. Uma referência ao sistema político que rege as relações sócio-econômicas em todas as sociedades capitalistas;
  2. Uma referência às máquinas de que fazemos uso corriqueiramente nas tarefas laborais, domésticas e de entretenimento.

A interpretação [1] é a teoria mais aceita em virtude de ser uma ideia já amplamente difundida; a interpretação [2] é a que defendemos pois, sobre ela, há fatos históricos. Fatos que se desencadearam durante um movimento que ficou conhecido como Ludismo, que ocorreu na Inglaterra entre os anos de 1811 e 1812.

Vejamos os trechos a seguir:

“Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, ocorreram progressivas e intensas transformações sociais, políticas e econômicas. A industrialização havia trazido consigo a urbanização, as mudanças no modo de produção e as tensas relações entre a burguesia, donos dos meios de produções e trabalhadores, que vendiam sua força de trabalho para a sobrevivência.”

“As indústrias substituíram a produção artesanal pela mecânica, proporcionando, assim, um aumento significativo na produção diária de mercadorias. Esses avanços enriqueceram os capitalistas (burguesia detentora de riquezas), mas os trabalhadores foram excluídos desse enriquecimento.”

Os referidos trabalhadores viviam e trabalhavam em condições subumanas, sendo submetidos a jornadas de trabalho que podiam chegar às 18 horas diárias:

“Com o incremento das máquinas industriais nas fábricas, rapidamente a mão de obra operária foi sendo substituída, gerando milhares de desempregados. Logo em seguida, os trabalhadores reagiram com o movimento de quebra de máquinas: no ano de 1811, muitos trabalhadores invadiram as fábricas à noite e quebraram as máquinas com golpes de martelos.”

“Para esses trabalhadores, as máquinas se transformaram na principal responsável pela situação de exploração e de desemprego em que se encontravam. Os trabalhadores quebradores de máquinas ficaram conhecidos como ludistasnome que deriva de Ned Ludd (que na imagem, em nada lembra um assalariado), uma personagem, tida por muitos como lendária, que teria quebrado a máquina em que operava a golpes de martelo, mostrando assim sua insatisfação. Rapidamente, o ludismo se espalhou da Inglaterra para outros países europeus.”

Por fim, o Ludismo se constituiu como o primeiro movimento operário de reivindicação de melhorias nas relações e condições de trabalho. Importante é perceber que os trabalhadores ainda não tinham a consciência política do movimento que criaram. Talvez por isso, tenham se enfurecido e quebrado as máquinas de trabalho ao invés de protestar contra o sistema capitalista, responsável direto pela automação das fábricas. Como conclusão, não estamos afirmando que a fúria que os trabalhadores demonstraram ao quebrar as máquinas seja, em última instância, o fenômeno que levou a criação no nome “RATM“, mas que os fatos acima descritos se encaixam perfeitamente no contexto elaborado com vistas ao aprofundamento do tema que dá título a esta matéria.


Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo.

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