Nosso querido amigo e grande jornalista musical Flávio Farias retorna ao Headbangers Brasil para falar do clássico disco que, abre os anos 90 para o Death, então confirmam abaixo e celebrem os 34 anos do Spiritual Healing.

Na última sexta-feira, 16, o álbum “Spiritual Healing“, do Death, banda do grandioso e inesquecível Chuck Schuldiner, completou 34 anos de lançamento. Hoje nós vamos contar um pouco da história deste belo play.

Spiritual Healing” é o terceiro disco na ordem cronológica de lançamentos do Death. O álbum é marcado por algumas importantes mudanças na banda capitaneada pelo gênio Chuck: a começar pelo conteúdo lírico. Ele deixou de lado o sangue e o terror, para abordar os problemas sociais, como o aborto, a religiosidade e assuntos genéticos. A capa é um retrato deste último tema, mostrando um pastor com a mão sobre a cabeça de um paraplégico, com alguns fanáticos ao redor. E 30 anos depois, nada mudou, não é mesmo?

Principalmente se olharmos para esse Brasil atual, dominado por neopetencostais, carregados de preconceitos e que tentam impor na base da força suas ideias estúpidas e ultrapassadas. O pior é que tem headbanger brasileiro comprando tais ideias, lamentável, não é, caro leitor? Ainda sobre a capa, foi a última obra do artista Edward Repka a serviço do Death.

Outra mudança foi na parte instrumental, em que pese a entrada do guitarrista James Murphy, que gravou apenas este álbum com a banda, mas acrescentou mais melodia, que marcava o começo da evolução na sonoridade da banda, que teria o seu ápice no último disco, “The Sound of Perseverance”, de 1998 , o qual contaremos a sua história em um momento oportuno.

Spiritual Healing” foi o segundo e último disco gravado pelo baterista Bill Andrews e pelo baixista Terry Butler. Eles gravariam ainda a demo do álbum posterior, porém, ambos foram demitidos por um ato, no mínimo, absurdo: ambos recrutaram músicos e saíram em turnê usando o nome Death, porém, sem o membro fundador e mente pensante. Sim, os caras excluíram Chuck Schuldiner desta louca empreitada, que obviamente, não deu certo. E eu fico pensando onde pode parar a cara de pau do ser humano.

Pois bem, a banda se reuniu no “Morrisound Studios” durante o ano de 1989 para a gravação deste play, que foi produzido por Chuck Schuldiner em parceria com o então empresário da banda, Eric Greuf. Scott Burns atuou também, dando total assistência nas sessões de gravação. O “Morrisound” foi o local de gravação de todos os outros álbuns do Death que foram lançados depois deste, e também abrigou a gravação do álbum “The Fragile Art of Existence“, do Control Denied, projeto que Chuck criou após o Death.

O álbum é composto por oito matadoras canções e tem duração de breves 43 minutos. A faixa título, com seus 7 minutos e 44 segundos, foi por muitos anos a mais longa composição do Death, até que o último álbum, “The Sound of Perseverance, trouxe a faixa “Flesh and the Power It Holds”, que tem mais de oito minutos de duração. Entretanto, ainda que seja uma faixa lançada sob o nome Death, é de conhecimento de todos que esse último álbum só foi lançado como Death por pressão da gravadora, pois Chuck o concebeu para ser lançado como Control Denied.

Temos um disco excelente, em que qualquer pessoa que curta um som extremo e ao mesmo tempo virtuoso, tem a obrigação de escutar e de tê-lo na sua galeria. Minha única ressalva quanto a este disco é no que diz respeito ao som da bateria, que ficou estranho. No mais, ele é lindo do jeito que foi concebido e merece toda a nossa reverência. Enfim, o legado do grande Chuck Schuldiner está ai para quem quiser se aproveitar. Eu escuto gente morta! E quem gosta de gente morta e talentosa, fica a sugestão para escutar esse play no talo.

Spiritual Healing – Death
Data de lançamento: 16/02/1990
Gravadora: Combat Records/ Relapse Records

Faixas:
01 – Living Monstrosity
02 – Altering the Future
03 – Defensive Personalities
04 – Within the Mind
05 – Spiritual Healing
06 – Low Life
07 – Genetic Reconstruction
08 – Killing Spree

Formação:

Chuck Schuldiner – vocal/ guitarra
James Murphy – guitarra
Terry Butler – baixo
Bill Andrews – bateria