“Muitas surpresas”
“Amahiru” é um álbum, que a principio, basicamente deveria integrar o melhor dos dois mundos, que envolvem a virtuosa guitarrista SAKI (Mary’s Blood/NEMOPHILA) e Frédéric Leclercq (ex-Dragonforce/Kreator/Loudblast). Mas a coisa foi muito além desses parâmetros, pois o álbum “Amahiru” apresenta uma gama de ritmos diversificados e muito criativos, que oferece ao ouvinte um universo muito mais amplo para ser explorado.
O disco começa já apresentando suas armas principais, com os dois protagonistas colocando os demais membros do Amahiru, o cantor Archie Wilson, Coen Janssen (Epica) nos teclados e o baterista Mike Heller (Fear Factory/Raven) para trabalhar e eles cumprem suas funções com muito talento e determinação.
“Innocent” (que possui um Q de música oriental) e “WTTP” são ótimos cartões de visitas para Wilson aclimatar o ouvinte e já deixar claro que não se trata de nada semelhante aos trabalhos anteriores de SAKI ou Leclercq. Os rifes de Saki são determinantes para as harmonias e a guitarrista mostra toda a sua criatividade com inclusões muito técnicas. “Hours” tem tons psicodélicos (e rifes muito pesados). Já “Way Out” possui um arranjo moderno e um pé dentro do prog metal. O trabalho das guitarras digno de nota. Essas escolhas não poderiam ser melhores para apresentar a proposta inicial do Amahiru.
As surpresas continuam e se intensificam com a primeira instrumental do disco, “Ninja No Tamashii”, que conta com a participação do flautista Kifu Mitsuhashi. A dramaticidade envolve a melodia, que possui uma aura progressiva e é um dos pontos altos do álbum. “Vanguard” muda completamente o clima com sua aura de final dos 90 e backings vocals fortes. Esse choque – entre as faixas – é de uma amplitude tão grande, que um ouvinte mais desavisado fatalmente não reconheceria ambas as composições como sendo do mesmo título. Como ousar é preciso, “Bringing Me Down” é puro anos 80. A habilidade de SAKI é fantástica e ela consegue se encaixar dentro de qualquer arranjo com muita propriedade. Hora de um novo convidado ilustre, ou melhor, uma convidada ilustre, a musa Elize Ryd, a vocalista principal do Amaranthe, na faixa “Lucky Star”. Como de costume, onde miss Ryd está ela é sempre o centro das atenções e aqui não foi diferente. A cantora colocou a serviço do Amahiru todo seu talento e vibração habitual, o que deixou a canção cativante.
“Waves” é a segunda faixa instrumental, que possui um ritmo lento e com ênfase para o trabalho das guitarras. A melodia te faz viajar para lugares distantes envoltos a muita tranquilidade e belas paisagens. “Samurai” começa com uma bateria rápida durante sua introdução, uma cortesia de Heller. É uma das músicas mais intensas do álbum – um convite ao headbanger – e mais uma vez SAKI brilha. Uma nova versão para a faixa “Bringing Me Down” é apresentada, mas nessa em especial, com o falecido baterista Sean Reinert, que nos deixou em janeiro desse ano. Para quem não sabe Sean participou do álbum “Human” (1991) do Death. E fechando o trabalho uma nova instrumental, “Zombi”, repleto de passagens muito criativas, bases sólidas, incursões de flauta e teclado, e acima de todos eles, um solo desconcertante de SAKI.
O álbum de estreia do Amahiru surpreende por ser muito diferente de tudo que Leclercq e SAKI fizeram anteriormente. Se isso choca algum ouvinte, acho que esse fã deve ser perguntar. Para que eles fariam as mesmas coisas que costumam fazer em suas outras bandas? Eu acredito que o Amahiru nasceu para ser diferente, para abrir novas fronteiras paras os músicos e cumpre exemplarmente o seu papel. Amplie seus horizontes também e conheça todas as muitas facetas que o Amahiru tem para te mostrar. Confira.
Nota: 4/5
Tracklist:
- Innocent
- WTTP
- Hours
- Way Out
- Ninja No Tamashii
- Vanguard
- Bringing Me Down
- Lucky Star (ft. Elize Ryd)
- Waves
- Samurai
- Bringing Me Down (alt. version, ft. Sean Reinert)
- Zombi
Line-up
Frédéric Leclercq — Rhythm, Lead Guitar,Bass Guitar
SAKI — Lead Guitar
Archie Wilson — Vocals
Coen Janssen — Keys
Mike Heller — Drums
Guests:
Elize Ryd
Kifu Mitsuhashi
Sean Reinert
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