Um grande passo rumo ao topo.

O Beyond The Black é um dos conjuntos que mais crescem no cenário europeu, com uma sequencia de ótimos álbuns, posições de destaque nas paradas e fãs fervorosos. “Hørizøns” é o novo trabalho da banda da talentosa cantora Jennifer Haben chegando via Napalm Records nessa semana. As características do metal sinfônico estão presentes, mas um som moderno e atual pode ser sentido como se tivesse densidade e fosse possível pegá-lo com as mãos.

A faixa título abre o álbum como um cartão de visita intenso e convidativo, propondo ao ouvinte que coisas boas estão pela frente. Andamento constante e progressivo, perfeito para a vocalista Jennifer mostrar porque é umas melhores na posição hoje em dia. “Misery” tem aquele ingrediente que poucas bandas conseguem equilibrar na equação do universo da música pesada, que é saber até onde se pode arriscar na direção do pop. Se você usa demais o desastre está feito, mas o Beyond The Black parece ser imune a tal problema, pois a faixa funciona muito bem. Tanto que “Misery” foi primeiro single do trabalho, o que claramente indica o quanto a banda acreditou nesse trecho especificamente.

Wounded Healer” apresenta um ótimo dueto com Elize Ryd, cantora da banda Amaranthe.  O timbre de voz das duas combina muito bem, principalmente frente aos efeitos sintéticos do instrumental, e em um refrão feito a caráter para gargantas tão fortes e expressivas. E aqui cabe um parêntese: Ambas as bandas estavam com uma tour europeia conjunta agendada para esse final de ano, mas devido ao C-19, ela foi adiada para os meses de abril e maio de 2021.  Votando ao disco,  “Some Kind of Monster” tem muito groove em seu andamento, uma cortesia do baterista Kai Tschierschky aliado ao vocal de Jennifer, recurso esse que o Within Temptation se utiliza muito bem e aqui o resultado ficou ótimo.

Uma intro acústica com efeitos apresenta a semibalada “Human”, uma canção bem densa, onde Jennifer explora nas pontes uma bela composição de backings em camadas. Já o segundo single do álbum, “Golden Pariahs“, é um pouco mais metal do estilo moderno, cheio de efeitos, frases rápidas e quebra de ritmos constantes em uma mistura de estilos, que pode agradar fãs de outras vertentes além do nicho headbanger tradicional.

Uma inclusão de objetos eletrônicos se fazem presentes em “Marching On“, e novamente aqui cabe ressaltar que poucas bandas conseguem se utilizar de efeitos como esse sem perder o rumo. Os vocais adicionais do guitarrista Tobi Lodes ficaram muito bem colocados, dando uma sensação de contraste perfeita para a faixa. O Beyond The Black consegue soar tão honesto nessas composições, que pouco importa se ‘alguém já fez isso antes’, o que vale aqui é o resultado, que outra vez acerta na mosca. O gigantismo do estilo symphonic metal volta à tona em “You’re Not Alone”, com suas orquestrações consistentes e um refrão com coros marcantes. A melodia permite a Jennifer brilhar com muita emoção e mostrar muita versatilidade.

A balada “Out of the Ashes” começa com as notas de um piano fornecendo o fundo para Jennifer e sua voz cristalina colocar todo o sentimento que canções desse tipo precisam para ser convincentes. É outra faixa pronta para extrapolar os limites e angariar novos seguidores. Nova mudança de direção em “Paralyzed”, que apresenta um constante crescimento no instrumental conforme se desenrola, com ritmo sendo imposto e variando de acordo com os comandos de Jennifer.

A cozinha composta por Tschierschky e o baixista Stefan Harkenhoff, dita o ritmo cadenciado desde a intro em “Coming Home”, que certamente tem o refrão mais legal do álbum, pois ele é intenso e alto – Jennifer aqui realmente resolveu soltar a voz. É uma das melhores do disco e ao vivo deve provocar uma passagem bem participativa dos fãs. “I Won’t Surrender“ é uma nova balada emotiva, com uma letra que fala em não desistir. Aqui temos outra participação especial, Tina Guo com seu violoncelo elétrico, dando toques de classe e categoria à canção, na qual Jennifer encanta em meio a uma atmosfera sombria.

E para encerrar “Welcome To My Wasteland” com o velho estilo do Beyond The Black voltando com tudo, com intensidade e vocais de linhas rápidas no refrão, em uma perfeita contraposição as quebras nas pontes melódicas. Definitivamente eles sabem bem o que querem fazer e o fazem muito bem.

Em suma, um álbum eclético que te oferece melodias, elementos de pop e até industrial, mas sem perder o rumo do symphonic metal, merece respeito. Particularmente, eu sou da velha escola, mas não tenho a mente fechada e sei que bandas como Beyond The Black são importantíssimas, para manter o heavy metal em um ponto de vista mais abrangente, rumo ao futuro, recrutando novos fãs, e tenha certeza, uma parte vai se acostumar ao ‘barulho’ e cada vez mais se aprofundar em conhecer estilos diferentes dentro do universo da música pesada. E quem ganha nessas condições é o todo.

Em minha opinião, esse é melhor trabalho da banda, que caminha a passos largos para conquistar, sem perder o trocadilho, novos horizontes. O Beyond The Black possui grandes músicos, uma vocalista carismática com uma voz limpa e potente, e acreditam no seu estilo e som. Pode ter certeza, não tem como dar errado. Confira.

Nota: 4,5/5

Tracklist:

01.Horizons

02.Misery

03.Wounded Healer (feat. Elize Ryd)

04.Some Kind Of Monster

05.Human

06.Golden Pariahs

07.Marching On

08.You’re Not Alone

09.Out Of The Ashes

10.Paralyzed

11.Coming Home

12.I Won’t Surrender (feat. Tina Guo)

13.Welcome To My Wasteland

Beyond The Black:

Jennifer Haben – vocals

Stefan Herkenhoff – bass

Chris Hermsdörfer – guitar, backing vocals

Tobi Lodes – guitar, backing vocals

Kai Tschierschky – drums

https://www.facebook.com/beyondtheblackofficial