Resenha: Dark Tranquillity – Moment (2020)

Absolutamente tudo que envolve o Dark Tranquillity prende minha atenção. Mas esse álbum, que vai ser lançado dia 20/11/2020 pela Century Media, me deixou mais ansioso e curioso que de costume. Com uma nova dupla de guitarristas (que já vinha excursionando com a banda) e apenas o segundo álbum do baixista Anders Iwers, fiquei muito ansioso para ver como o sexteto de Gotemburgo iria soar com essa nova formação consolidada.

Fechem os olhos, sintam as primeiras notas de “Moment” e apertem os cintos. O novo álbum do Dark Tranquillity vai começar. A primeira faixa, Phantom Days, já havia sido divulgada anteriormente e traz um Dark Tranquillity explorando temas e melodias de guitarra um pouco mais do que seu antecessor Atoma, que tinha mais temas e melodias marcantes com os teclados de Martin Brändström.

Transient, sim, a primeira “novidade” do álbum, mostra um Dark Tranquillity explorando os típicos riffs densos, temas melancólicos e o inconfundível vocal de Mikael Stanne (defendido por este que vos escreve como a melhor pessoa do metal mundial atualmente). A música soa quase como que um desabafo. É sublime.

Identical to None vem com um refrão marcante e uma mensagem forte. As letras do Dark Tranquillity costumam ser verdadeiros tapas na cara, e aqui, não é diferente. Uma música que, ao vivo, vai arrancar algumas reações fervorosas da plateia.

Em seguido, temos a maravilhosa The Dark Unbroken já conta com um vídeo clipe e o status de clássico absoluto da discografia do Dark Tranquillity. Os clássicos sintetizadores de Martin Brändström, e as alternâncias entre gutural e vocal limpo de Mikael Stanne e a mudança de clima ao longo da música tornam The Dark Unbroken uma verdadeira obra prima que merece ser ouvida no repeat.

Eu tento não comentar faixa por faixa para essa resenha ficar mais dinâmica de se ler, mas esse álbum apresenta uma surpresa a cada faixa. Remain In The Unknown parece ser o mais próximo possível de uma “balada” para os padrões do Dark Tranquillity (se você considera possível incluir guturais em baladas rsrs) a música apresenta uma melodia vocal que merece ser exaltada. A voz de Mikael Stanne soa imponente, seja gutural ou limpa e sua capacidade de interpretar as letras dar emoção a elas, é um talento raro na história do metal. E me recuso a comentar sobre os belos solos de guitarra dessa música. Escutem!

E chegamos a Ego Deception. Um dos destaques de Moment. Teclados, riffs, tudo se encaixando perfeitamente na música, agressividade e melodia, na medida certa, um verdadeiro petardo de tirar o fôlego.

A Drawn Out Exit continua praticamente de onde Ego Deception parou, mostrando riffs cada vez mais dissonantes, pesados e melancólicos, com melodias de guitarra que tem o DNA do Dark Tranquillity.

Eyes of The World é outra música que explora as variações vocais de Mikael Stanne, com riffs menos agressivos, como se toda a jornada até a faixa anterior estivesse atingindo um momento de clareamento, como se essa música representasse uma luz no fim de um túnel de agressividade, melancolia e tensão, percorrida ao longo das 8 faixas anteriores.

 

E a sensação de que estamos em uma jornada linear continua com a introdução de Failstate, mais direta e com guturais voltando com tudo, mas, ao mesmo tempo, com riffs não tão melancólicos, a música é uma excelente pedida para shows. O refrão é marcante dá vontade de sair berrando logo na primeira audição.

Empires Lost to Time mescla elementos de todas as músicas anteriores, melancólia, euforia, peso, melodia, como se  sintetizasse o turbilhão de emoções apresentadas nas outras faixas do álbum.

In Truth Divided é o final apoteótico perfeito que fecha essa verdadeira jornada chamada Moment, uma bela melodia, carregada de melancolia e poesia. Magnífica.

Musicalmente, as músicas aparentam conversar umas com as outras de forma que você sente a necessidade de ouvir o álbum inteiro (mais de uma vez), algo raro nos tempos do stream. O Dark Tranquillity prende a atenção ao longo das 12 faixas e mostra porque é um dos maiores expoentes do Melodic Death Metal e do metal Sueco.

No fim do dia, Moment se mostra um autêntico trabalho do Dark Tranquillity, apresentando uma formação consolidada, inspirada e com muita vontade de fazer o que a banda faz de melhor.

Ironicamente “momento” é justamente uma palavra que não pode descrever esse álbum, pois essas músicas irão acompanhar os fãs da banda por muito mais do que breves momentos. A banda apresenta, nesse álbum, várias músicas que farão parte do repertório da banda e das vidas dos fãs por anos e anos.

Moment é um candidato fortíssimo a melhor álbum de 2020.

Note: 5 / 5

Moment
1. Phantom Days
2. Transient 
3. Identical to None
4. The Dark Unbroke
5. Remain in the Unknown 
6. Standstill  
7. Ego Deception 
8. A Drawn Out Exit 
9. Eyes of the World 
10. Failstate