“Live and Alive”
Quando o álbum “Live After Death” foi lançado no distante ano de 1985 a comoção entre os fãs do Iron Maiden foi algo indescritível. Sem querer apelar para algum clichê, eu só posso dizer honestamente, que só quem viveu aqueles dias pode entender a sensação, a ansiedade e a espera por esse duplo ao vivo. O Iron Maiden naquela época era uma unanimidade, era uma certeza, era um dogma. Nós brasileiros ainda estávamos atordoados com a apresentação da banda, realizada em janeiro do mesmo ano na primeira edição do festival carioca. E o inédito disco oficial ao vivo com um show completo, preencheria em cheio o vazio (e as saudades) que a banda tinha deixado. Particularmente, era dessa forma que eu me sentia e aguardava ansioso o dia de poder adquirir a obra prima e aprecia-la incontáveis vezes e mais vezes.
Essa sensação nostálgica me remeteu diretamente há trinta e cinco anos atrás, e muita coisa mudou de lá para cá em praticamente todos os setores do nosso mundo. Em quase todos. Pois pode não ter o mesmo impacto, pode não ser o primeiro, pode ser que a banda não seja tão rápida como antes… não importa, Um álbum ao vivo da Donzela de Ferro SEMPRE será algo muito especial, marcante e único, pois ele vai delimitar uma época diferente das outras e obviamente documentar mais um momento vivido pelo Stevão e sua trupe.
“Nights Of The Dead, Legacy Of The Beast: Live in Mexico City“, o mais novo álbum duplo ao vivo do Iron Maiden, foi gravado durante os três shows, todos esgotados, que a banda fez na capital mexicana em setembro de 2019. O novo registro celebra a “Legacy Of The Beast World Tour” que começou em 2018 e terminará em 2021 na Europa, devido aos adiamentos que o C-19 fez valer nesse difícil ano de 2020. Se você esteve em alguma das várias apresentações já realizadas nesse giro, ou mesmo não sendo tão felizardo, tenha assistido aos vídeos facilmente encontrados nas redes sociais, já sabe o que esperar desse ao vivão, que está chegando ás lojas hoje, dia 20 de novembro de 2020.
Não há surpresa no setlist, que convenhamos beira a perfeição. Pessoalmente eu trocaria apenas “For The Greater Good Of God” e “The Wicker Man” e teria uma dificuldade imensa em achar as substitutas entre as dezenas que só nesse instante me vem á cabeça. Mas uma delas seria certamente do preterido “Somewhere in Time”, ah se seria. Entretanto as escolhas da fase Blaze estão perfeitas, “The Clansman” e “Sign Of The Cross”, que além de estarem entre as minhas favoritas do período, soam melhores que as versões originais. Eu já costumava comentar com amigos nas épocas dos seus lançamentos, que essas canções foram escritas pra serem interpretadas pelo Bruce e suas performances apenas comprovam essa velha tese.
Ao abrir o show com o histórico pronunciamento de Churchill e emendar a trinca “Aces High”, “Where Eagles Dare” e “Two Minutes To Midnight”, o Iron Maiden poupou o dinheiro das consultas de rotina de incontáveis maidenmanícos em seus cardiologistas, pois quem sobreviveu a tanta emoção constatou que está saudável.
É um fato conhecido que existem fãs que reclamam que algumas músicas já permaneceram tempo demais nos setlists ou foram resgatadas muito rapidamente. Eu entendo esse ponto de vista desses fãs, pois seria incrível assistir in loco o Iron Maiden tocar a inédita “Alexander the Great”, mas ao mesmo tempo também entendo muito bem o lado dos músicos, que não são mais jovens e obviamente, não tem a mesma paciência para ensaiar ou caçar notas perdidas de canções antigas, e pouco ou nunca executadas em shows ao vivo. Se eles podem ser perfeitos com o que estão mais acostumados, está ótimo e o que realmente importa é que estão na ativa.
O Iron Maiden ano passado mostrou aos fãs brasileiros (e de todo o mundo) grandes shows ao vivo e que estão VIVOS literalmente. Esse registro (tomara que não) pode ser o último ou mesmo o próximo pode não ter a mesma vibração, pois o tempo passa para todos, inclusive para nossos heróis. Faça um favor a si mesmo, curta este ótimo álbum ao vivo, valorize esse momento e agradeça pelo Iron Maiden superar todas as barreiras, e continuar unindo sua torcida em todos os cantos do mundo – o Maiden não tem fãs, tem torcedores. “Nights Of The Dead, Legacy Of The Beast: Live in Mexico City” pode ser adquirido nos formatos: CD Duplo Digipak, Deluxe Hardcase Book CD Duplo, Vinil Triplo (Preto), Edição Limitada em Vinil Colorido 180g com as cores da bandeira do México e na versão digital em todas as plataformas de Streaming e Download. Escolha o seu e compre. Up The Irons!
Nota: 5/5
Tracklist:
Churchill’s Speech
1.Aces High
2.Where Eagles Dare
3.Two Minutes To Midnight
4.The Clansman
5.The Trooper
6.Revelations
7.For The Greater Good Of God
8.The Wicker Man
9.Sign Of The Cross
10.Flight Of Icarus
11.Fear Of The Dark
12.Iron Maiden
13.The Number Of The Beast
14.The Evil That Men Do
15.Hallowed Be Thy Name
16.Run To The Hills
Iron Maiden:
Steve Harris
Bruce Dickinson
Adrian Smith
Dave Murray
Jannick Gers
Nicko McBrain
Fique ligado:
ironmaiden.com