Muitas surpresas em um equilíbrio de intensidades e mudanças vocais.
O Moonlight Haze é uma banda italiana de symphonic power metal que foi formada há pouco tempo, para ser mais preciso em 2018, mas em seu segundo álbum, já mostra uma coesão e tarimba de uma banda veterana.
Claro que a segurança que o grupo apresenta em “Lunaris”, é porque todos os integrantes tem a bagagem de passagens por outras bandas. O Moonlight Haze conta com o tecladista e baterista Giulio Capone (ex-Temperance), o baixista Alessandro Jacobi (Elvenking), os guitarristas Marco Falanga (ex-Hammered) e Alberto Melinato (ex-Teodasia) e a vocalista Chiara Tricarico (ex-Temperance, ex-Teodasia). É óbvio que nem sempre a experiência dos integrantes garante um ‘conjunto’ para uma banda, mas aqui a coisa funcionou muito bem.
O álbum “Lunaris” começa a com a rápida “Till The End”, um típico exemplo de metal sinfônico cheio de rifes curtos e elementos sintéticos. Algo como o Nightwish no final da década de 90 se utilizava muito bem. Mas a grande diferença está nas nuances que Chiara desfila com sua voz, se valendo de timbres tão diferentes, que é compreensível supor que existe um ‘dueto’ vocal para os menos avisados. “The Rabbit Of The Moon” tem uma intro quase acústica em cima de uma base de teclados, preparando um clima especial, que é envolvido por uma melodia rápida ditada pelos versos recitados por Chiara. Ambas as músicas mencionadas nesse parágrafo já possuem vídeos clipes, que você poderá conferir através dos links nos final dessa matéria.
Uma pitada de folk envolve a bela faixa título em seu começo, mas o que novamente chama atenção, e dessa vez de forma muito acentuada, é a variação vocal, principalmente no refrão em camadas, onde a se ouve uma voz angelical seguida por uma mais áspera. E antes que você se pergunte, sim, são da mesma pessoa, que ainda mostra em um determinado trecho um toque operístico digno de nota. Em “Under Your Spell” quem se destaca é o instrumental de cordas ao lado dos vocais com coros mais acentuados, que se permitem há uma melodia quase ‘prog pop’. O ótimo solo de guitarra é realçado pelo acompanhamento da bela voz de Chiara.
Sendo a única cantada em sua língua natal, a música “Enigma” começa no melhor estilo power, com ritmos quebrados e um novo trecho operístico muito bem encaixado em meio aos teclados dominantes. A última faixa do álbum apresenta a mesma canção só que no idioma inglês, daí fica a gosto do ouvinte escolher qual ficou melhor. No meu caso me identifico muito com idioma italiano, até por causa das minhas origens. “Wish Upon The Scar” coloca a cozinha em evidencia com bateria e baixo mandando ver nos andamentos, permitindo uma atmosfera adequada para outro solo de guitarra inspirado.
Hora de entrar na parte mais épica do álbum. “The Dangerous Art Of Overthinking” começa gigante, com coros e orquestrações, mas é Chiara que toma conta do ambiente com uma nova variação vocal absurda, usando de todas as suas armas, com vocais desde os mais singelos até os mais agressivos, esbanjando talento. Realmente não se trata de uma cantora comum ou dentro da média. Ela está muito acima disso. O peso volta com força em “Without You”, com a bateria acelerada castigando os bumbos e rifes incisivos aliados aos teclados, permitindo a moldura perfeita para um novo show da vocalista, se valendo de timbres vocais tão diferentes, que é como se cada um tivesse uma personalidade própria. Aquela sensação de estar diante de um ‘dueto’, que já citei anteriormente, aqui fica muito mais evidente.
As linhas de folk voltam com muito bom gosto em “Of Birth And Death”, onde um violino dita a melodia para a voz de Chiara, dessa vez se fazendo valer de seu timbre mais angelical para envolver o ambiente. Uma abertura imponente coloca um ritmo forte e determinado em “Nameless City”, com backing vocals muito incisivos e, como era de se esperar, outra interpretação de tirar o fôlego de Chiara, ora com vocais mais contidos, ora operísticos, realçados com muita emoção. Realmente um encerramento grandioso para o trabalho.
Os fãs de metal sinfônico tem muito que comemorar com esse lançamento. Produção superesmerada, diversidade musical, trabalho dos músicos em alto nível e uma estrela, pois o que a cantora Chiara Tricarico fez nesse álbum é digno de um registro a parte. “Lunaris” é um disco com diversas mudanças vocais, intensidade e muito capricho, que merece ser conferido por qualquer um que aprecie música de qualidade.
Nota: 4,5/5
Tracklist:
- Till The End
- The Rabbit Of The Moon
- Lunaris
- Under Your Spell
- Enigma
- Wish Upon A Scar
- The Dangerous Art Of Overthinking
- Without You
- Of Birth And Death
- Nameless CityEnigma (English version)
- Enigma (English version)
Moonlight Haze:
Chiara Tricarico – Vocals
Marco Falanga – Guitar
Alberto Melinato – Guitar
Alessandro Jacobi – Bass
Giulio Capone – Drums, keyboards
https://www.facebook.com/Moonlighthazeband/
