Moderno, sólido e pesado.

Tem certas vezes que escrever sobre um álbum não é uma das tarefas mais fáceis, pois em todas as circunstâncias se trata de um trabalho que envolve muitas pessoas entre músicos, profissionais de diversas áreas e o consumidor do produto final que é fã. Mas quando o assunto são bandas como o Primal Fear as coisas se tornam muito mais tranquilas e prazerosas.

Metal Commando” que esta sendo lançado oficialmente hoje, 24 de julho de 2020, via Nuclear Blast Records, é o décimo terceiro trabalho de estúdio da banda capitaneada pela dupla Ralf Scheepers e Mat Sinner. Já vou avisando que a sensação ao ouvir esse CD se equipara ao que senti quando comprei “Jaws Of Death” em 1999 e “Black Sun” em 2002, meus favoritos da banda. E é preciso citar que a adição do brilhante baterista Michael Ehré (Gamma Ray, The Unity, ex-Metalium) fez maravilhas.

Em uma sequência lógica de “Apocalypse” de 2018, o Primal Fear continua apostando em toques de modernidade em seu som, mas sem abrir mão do verdadeiro DNA metálico que corre em suas veias ao longo de uma carreira irretocável. A abertura com a paulada “I Am Alive” já manda dois recados de uma só vez, pois começa o trabalho em alto nível e dá um empurrão naqueles que reclamam de tudo. O instrumental soa perfeito, tudo muito bem encaixado e uma produção de primeira. O refrão vai ficar na sua cabeça por dias, pode me cobrar depois.

Along Came The Devil” tem que ser colocada pra rolar com o som no talo, pois sua cadência é puro Judas Priest, uma das maiores influências do Primal Fear. O andamento é ditado pelo baixo de Mat Sinner que impõe um ritmo que vai quebrar muitos pescoços de headbangers por ai. Estava com saudades daquelas introduções épicas que só o power metal pode proporcionar? Sem problemas, pois a faixa “Halo” vai te remeter aos tempos gloriosos que o estilo mandava em tudo e cativava fãs por todas as partes. A sensação de estar na segunda metade dos anos 90 é quase real.

As guitarras de Alex Beyrodt e Tom Naumann brilham em “Hear Me Calling”, uma semi balada feita a caráter para a voz de Ralf Scheepers. Rifes e dedilhados se alternam nas mudanças dos andamentos, a melodia se desenvolve sem dificuldades e claro que  um belo solo teria que estar inserido. É um musicão. Hora de colocar o peso para trabalhar nos rifes mais uma vez, com o tijolo chamado “The Lost & The Forgotten”, que é uma massa sonora que se propõe a todo custo tentar destruir seus amps.

Bumbos duplos a velocidade da luz colocam “My Name Is Fear” entre as mais rápidas do disco e se a intenção do Primal Fear era causar alguma lesão nos pescoços dos fãs, a chance de sucesso é real, pois é impossível ficar inerte a esse ritmo. Pra dar uma quebrada temos a balada “I Will Be Gone” cheia de melodia e dedilhados em meio a um belo trabalho vocal em camadas e um solo de violão muito emotivo.

Chega de descanso, pois o forte rife de “Raise Your Fists” começa a dar as ordens e outro refrão grudento é apresentado aos fãs. A letra da música manda seu recado e pode anotar, esse som vai ser um ponto alto dos shows, quando eles voltarem a acontecer, é claro. “Howl Of The Banshee” tem o padrão técnico costumeiro do Primal Fear, principalmente por que nessa faixa Ralf solta seus agudos sem dó. A troca nos solos também ficou muito boa, contando sempre com uma cozinha pesada e precisa.

Perceberam que até agora não houve um ponto negativo? E não vai ser em “Afterlife” que vamos encontrar. Uma variação de rifes até transmite uma sensação mais moderna à faixa, mas não se assuste, o peso e aquela harmonia calcada no power metal predominam. Fechando o álbum uma faixa muito peculiar chamada de “Infinity”. O som de um sino precede uma intro lenta que parece apenas esperar pelos vocais de Ralf para prosseguir sua atmosfera melancólica. Eis que de repente um ritmo acentuado toma conta dos autofalantes, mas sem perder aquele prisma de tristeza no refrão, que por sinal é belíssimo. A longa faixa, mais de 13 minutos, prossegue com diversas mudanças nos andamentos, alternâncias nos solos, cantos gregorianos, orquestrações e muita criatividade. Um verdadeiro épico do Primal Fear.

Não é fácil tentar utilizar algum elemento novo em seu som quando ele já tem suas características consolidadas como é o caso do Primal Fear. A banda em “Metal Commando” manteve a abordagem mais moderna usada em seus álbuns mais recentes e conseguiu resgatar o sentimento que seus grandes clássicos possuem. Realmente fizeram um grande trabalho. Confira.

Nota: 4,5/5

Tracklist:

  1. I Am Alive
  2. Along Came The Devil
  3. Halo
  4. Hear Me Calling
  5. The Lost & The Forgotten
  6. My Name Is Fear
  7. I Will Be Gone
  8. Raise Your Fists
  9. Howl Of The Banshee
  10. Afterlife
  11. Infinity

Primal Fear:

Ralf Scheepers – vocals

Mat Sinner – bass, vocals

Alex Beyrodt – guitars

Tom Naumann – guitars

Magnus Karlsson – guitars

Michael Ehré – drums

Fique ligado:

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