“Um ótimo trabalho para encerrar o ano”
O álbum “Dystopia” é o 15º lançamento do Royal Hunt e trata-se de um trabalho conceitual muito bem elaborado, e com vários convidados especiais do calibre de Mats Leven (Candlemass, TSO, Skyblood), Mark Boals (Yngwie J. Malmsteen, Ring Of Fire), Henrik Brockman (Evil Masquerade, N’Tribe), Kenny Lubcke (Narita, Zoser Mez) e Alexandra Andersen. Com esse leque de vocalistas com particularidades distintas – além de D.C. Cooper, é claro – colaborando no disco, a narrativa não poderia ser menos do que dramática e intensa.
Por falar em narrativa, o conceito que inspirou esse álbum é a obra Fahrenheit 451, um romance do escritor americano Ray Bradbury, que basicamente conta a estória de uma futura sociedade americana onde os livros são proibidos e os que são encontrados devem ser imediatamente queimados. Os arranjos do instrumental ficaram muito bem encaixados e só coube aos cantores se valerem das melodias para nos colocar brilhantemente dentro da trama.
“Inception F451” é uma intro de pouco menos de três minutos recheada de sirenes, suspiros e muita orquestração, que nos conduz ao mundo que, a sua maneira, o Royal Hunt deseja nos apresentar. O roteiro inicial emenda direto em “Burn”, uma faixa cheia de grandiosidade, com um trabalho instrumental muito destacado e D.C. Cooper comandando as ações. Com a atenção do ouvinte devidamente conquistada, é hora de impor uma pouco mais de drama com a densa “The Art Of Dying“, onde a interpretação de Mats Leven beira a perfeição. Os backings no refrão são conduzidos pelo cantor de forma incisiva e o tom teatral contagia o ambiente.
Um dos melhores momentos chega com a emotiva “I Used To Walk Alone” onde a participação de Alexandra Andersen (que já participou do trabalho anterior do Royal Hunt, “Cast in Stone“ de 2018 nos backings vocals) ao lado dos arranjos dos teclados são os grandes destaques. Outras faixas que merecem ser citadas são “Eye of Oblivion” com um coro na intro extremamente contagiante e muitas quebras interessantes nos andamentos; “Hound of The Damned” com sua mescla de progressivo com o sinfônico em passagens cheias de efeitos e muita harmonia; e a incrível “Snake Eyes“, que vai surpreender muitos com sua direção rumo a caminhos que ainda não foram devidamente percorridos pelo Royal Hunt, mas que devem ser visitados e utilizados mais vezes, pois se trata de uma magnífica canção, cheia de emoção e força.
“Dystopia” é um excelente trabalho do Royal Hunt e fecha esse difícil ano de 2020 nos dando esperança de dias melhores e nos lembrando, que a boa música não nos abandonou por um instante em meio a tantos problemas que tivemos que enfrentar – e que ainda estão presentes no nosso dia a dia. Até o ano que vem e um ótimo 2021 a todos.
Nota: 4/5
Tracklist:
- Inception F451
- Burn
- The Art Of Dying
- I Used To Walk Alone
- The Eye Of Oblivion
- Hound Of The Damned
- The Missing Page (Intermission I)
- Black Butterflies
- Snake Eyes
- Midway (Intermission II)
Royal Hunt:
– D.C. Cooper – vocals
– Jonas Larsen – guitar
– André Andersen – keyboards
– Andreas Passmark – bass
– Andreas “Habo” Johansson – drums
Guests:
Alexandra Andersen: vocals
Henrik Brockmann: vocals
Kenny Lubcke: vocals
Mark Boals: vocals
Mats Leven: vocals
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