“Uma postura frontalmente oposta a tudo o que representava a moral cristã em suas acepções religiosa, social e política”
NOTA: 3,5/5.
O Sepultura teve um começo bem humilde e seus primeiros passos no mundo da música foram movimentos muito, na falta de termo melhor, primários. No entanto, o que fizeram no passado (que já leva mais de 30 anos), hoje é visto pela imprensa especializada do mundo todo, como um diamante bruto que se deixou lapidar pelas asperezas da estrada. E hoje, irradia cores múltiplas que fazem referência à pluralidade do povo brasileiro e sua forma de se inserir no mundo. A banda hoje se utiliza de uma voz ativa e ativista com a qual denuncia as desigualdades e as injustiças de um mundo caótico (especialmente em seu país de origem, o Brasil), mas nem sempre foi assim. Neste disco, completamente imaturos, os meninos gostavam mesmo era de falar no capiroto. E, embora o fizessem de forma despreparada e exagerada, os clichês praticados foram bons o bastante para colocar-lhes no jogo. A rebeldia e a determinação os levaram ao topo do mundo da música pesada com Roots, mas Morbid Visions foi um meio que encontraram para criar as condições de se tornarem artistas conscientes e pessoas melhores. Podemos dizer sem medo de errar que este primeiro full lenght consiste num black metal infantil e em nada excepcional, que hoje não faz qualquer sentido, mas também devemos concordar que em meados de 1986, quando se inspiravam em bandas declaradamente (ou marketeiramente) satânicas (Venon, Hellhammer, etc. ), a história era muito diferente. Aliás, era uma postura moderna e frontalmente oposta a tudo o que representava a moral cristã em sua acepção social e política. O Sepultura, era nesse sentido, uma banda vanguardista. Tanto que absolutamente ninguém poderia imaginar que aqueles adolescentes com aspectos de loucos fugidos de hospício e sem qualquer porte físico se tornaram o que são hoje.