Biografia: Sepultura – Schizophrenia (1987)

“Um clássico marcado por uma má produção”

NOTA: 4/5.

Em marco do ano de 2017, Chris Dick, da Revista Decibel – uma das mais respeitadas publicações dedicadas a música extrema no mundo – listou 5 (cinco) grandes álbuns do Death Metal, marcados por uma produção precária. Schizophrenia, do Sepultura, figura na parada, ocupando a 3ª posição.  Então, por ocasião dos 30 anos do disco, fizemos uma espécie de tradução livre do texto original. Vejamos o que pensa Dick desse divisor de águas do metal brasileiro:

Gravado no J.G. Estúdios em Belo Horizonte, Brasil, é muito curioso que o crédito do produtor não vá para um indivíduo, como Scott Burns [por exemplo], mas para uma gravadora, [no caso] a Cogumelo Records. Baseando-se na segunda música do álbum, é bem evidente que as pessoas que conduziram as sessões de gravação (o engenheiro Tarso Senra tinha um bom material em suas mãos) eram bastante inexperientes e/ou tinham muito pouco tempo – devido à escassez de recursos – Para capturar corretamente o som do jovem Sepultura na sua forma mais brutal (que dois anos mais tarde conceberia Beneath the Remains). É importante lembrar que este disco foi gravado em 1987 no Brasil, que, na época, era tão estranho [para os americanos] como o deserto do Atacama, e que bandas como o Sepultura não tinham os recursos dos seus contemporâneos do “primeiro mundo”. Também é super importante lembrar que o guitarrista Andreas Kisser trouxe uma perspectiva totalmente nova para a banda. Sua mente [que funcionava mais ao modo do] heavy metal tradicional casou perfeitamente com a abordagem mais primitiva de Max Cavalera, (mais influenciado por Hellhammer, Discharge), o que, naturalmente, levou o Sepultura a escrever um álbum demasiado agressivo. Ainda que [no disco] existam duas  músicas instrumentais, que resistem ao teste do tempo, a produção poderia ter sido melhor. A remasterização do álbum, ocorrida em 1990, deu, literalmente, uma mãozinha à produção original!

NOTA DO EDITOR: A despeito do ponto de vista do nosso amigo, Chris Dick – que eu respeito – me sinto na obrigação de defender o trabalho dos brasileiros dada a realidade das bandas brasileiras na época. E também porque vejo um grande problema nesse tipo de análise, que compara objetos de planos distintos nivelando-os com uma mesma régua. Parece óbvio que Cris comparou o álbum em questão com os trabalhos das bandas americanas de épocas diferentes. Dessa forma, para um contra-ponto, recomendo a leitura do livro Relentless – 30 anos de Sepultura.

Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo.