Qualidade e peso a serviço do metal extremo.
O mundo passa por um dos seus momentos mais difíceis de sua história e é claro, que as pessoas que respiram e vivem dentro do universo do entretenimento estão inseridas nesse contexto também. Com tantos eventos sendo cancelados ou adiados e o necessário isolamento social, ouvir música se tornou uma das coisas mais importantes para nos ajudar a suportar as dificuldades. E por isso, o lançamento de um novo trabalho de uma banda, ganha uma relevância muito mais significativa.
E agora vamos dar o merecido destaque para esse álbum, que meus vizinhos do Grande ABC estão fazendo por merecer. A banda Setfire de Mauá-SP, já tem um bom tempo de estrada. Tive o prazer de acompanhar apresentações matadoras do grupo em edições do saudoso Ataque Extremo Festival no início da década aqui mesmo em São Caetano do Sul-SP e já era notória a proposta pela busca da qualidade em seu som. As influências são claras, desde a fase clássica do Sepultura, passando pelos pesos pesados brazucas como Krisiun, Korzus, Claustrofobia e Torture Squad, segundo a própria banda.
O disco abre com a faixa título após uma breve intro, mas antes de qualquer coisa, faça a seguinte experiência: escute essa faixa com seus fones de ouvido e volume no máximo. “Spots of Blood” começa intensa e com rifes arrastados, dando uma sensação de densidade única. É como se o ar a sua volta ficasse escasso. E antes que você pense em diminuir o volume já saiba que a próxima música, “Paralyzed” vai te remeter aos tempos de glória do grande Pantera, com seus rifes bem encaixados e muita técnica nas mudanças dos andamentos. Esse foi o cartão de visitas e a impressão é das melhores.
“Careless”, possuí quebradas interessantes que certamente vão judiar do pescoço dos fãs da boa mescla entre o death e o thrash que o Setfire explora tão bem. E se seu gosto for pela velocidade, não tem problemas. As faixas “Wandering Psychopath” e “Bargain” são exemplos clássicos de ‘quinta marcha e pé no fundo’. A música “Intersection” também pode se encaixar nesse nicho, porém possui um começo macabro antes da banda te colocar em dobra espacial.
“The Thin Line”, que conta com a participação especial nos vocais do cantor Vitor Rodrigues, é extremante pesada e muito criativa no que se refere aos solos. Baita música. Já a faixa com letras em português, “Macaco Ou O Rato”, mostra que é possível sim fazer musica extrema em nosso idioma nativo.
Em suma, o disco é um tijolo, com exceção da instrumental “Souvenirs” com seus inspirados dedilhados e a faixa “Horror Film”, que é uma surpresa pela diferença de estilo que apresenta, com seu vocal mais limpo e uma melodia que me fez lembrar muito da metade dos anos 90.
Mais do que nunca é hora de apoiar nossos artistas e as pessoas que trabalham com a infraestrutura dos espetáculos, pois eles estão impossibilitados de continuar tornando nossas vidas melhores com sua música e seu trabalho. Se por possível colabore comprando um CD ou uma camiseta de pelo menos uma banda que você curte. E particularmente, apoie o Setfire nesse novo capítulo de sua carreira, pois é um trabalho muito bom e feito com muito talento.
Nota: 4,5/5
Setfire:
Artur Morais – Vocal
Nikolas Marcantonatos – Batera
Michael Souza – Guitarra
Fernando Ferre – Guitarra
Felipe Jeronymo – Baixo
Setlist:
- Intro
- Spots of Blood
- Paralyzed
- Careless
- Paranoia
- Wandering Psychopath
- Souvenirs
- Intersection
- The Thin Line (feat. Vitor Rodrigues)
- Macaco Ou O Rato
- Bargain
- Horror Film (Bonus Track)
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