Problemas e muito sucesso.

Faltando apenas uma semana para o Dia Mundial do Rock, vamos continuar falando de grandes discos aqui no espaço, e nada melhor que conferir outro LP, que também completou 35 anos recentemente. Mas antes é importante reforçar, que a ideia aqui é propor uma sugestão para que você ocupe um tempinho do seu dia conhecendo algumas curiosidades e o mais importante, preenchendo um pedaço do seu tempo com uma boa dose de música pesada. E a dica de hoje é o álbum do Mötley Crüe, Theatre of Pain.

Theatre of Pain” é o terceiro álbum de estúdio da banda americana de heavy/hard Mötley Crüe, lançado em 21 de junho de 1985. O disco foi gravado entre janeiro e maio do mesmo ano no Studio Pasha Music House, Cherokee Studios e no Record Plant West, Hollywood, California, tendo como produtor responsável, Tom Werman.

Apesar do sucesso do disco anterior, “Shout at the Devil” (1983), um álbum que vendeu mais de 4 milhões de cópias, a banda começou 1985 cheia de problemas em meio a produção do novo LP. O gosto por festas e sexo lhes rendeu uma reputação como uma banda legitimamente perigosa, fama nada desejável após o acidente de carro em 8 de dezembro de 1984, que matou o baterista do Hanoi Rocks, Nicholas “Razzle” Dingley. O vocalista do Mötley Crüe, Vince Neil, por causa desse acidente enfrentou a acusação de homicídio culposo, por dirigir bêbado. Outro problema sério é que Nikki Sixx havia desenvolvido um vício em heroína que estava começando a sair do controle. E foram nessas condições que a banda iniciou a gravação de “Theatre of Pain” em janeiro de 1985. Pouco tempo antes do lançamento Sixx resolveu trocar o nome do disco, que iria se chamar “Entertainment or Death”. O álbum foi dedicado à memória de Nicholas “Razzle” Dingley.

O Mötley Crüe iniciou sua turnê mundial para a promoção de  “Theater of Pain” em 7 de julho de 1985, com sete shows no Japão, todos sold out. A banda permaneceu na estrada por oito meses, completando a turnê em Paris, França em 3 de março de 1986.

Theatre of Pain” fez um grande sucesso ao ser lançado no início do verão de 1985. Dois singles oficiais com direito a clipes foram lançados para as faixas “Smokin ‘in the Boys Room” e “Home Sweet Home” e um terceiro apena no Japão para “Keep Your Eye on the Money”. Ambos os clipes tiveram boa rotatividade na MTV americana e em outras redes de TV pelo mundo a fora. O álbum alcançou o sexto lugar na parada Billboard 200, número 36 no UK Albums Chart do Reino Unido e nono no RPM100 Albums Chart, do Canadá. “Theatre of Pain” foi certificado com quádruplo platina em seu pais natal, com mais de 4 milhões de discos vendidos e tripla platina no Canadá. Já entre os singles o destaque foi “Smokin ‘in the Boys Room”, que obteve o número seis na parada Billboard Hot 100. Todo esse sucesso não evitou que “Theatre of Pain” entrasse na mira de Tipper Gore, a líder do grupo ‘Parents Music Resource Center’ (PMRC) – falamos recentemente sobre essa organização no ‘Sugestão do dia’ sobre o disco “Invasion of your Privacy” do Ratt – como sendo uma má influência sobre a juventude da América.

Sucesso à parte, “Theatre of Pain” marcou uma mudança drástica na imagem da banda, deixando o preto e o couro de lado e se utilizando de roupas coloridas e chamativas, que dava toda a cara de uma mudança para glam metal – uma vertente do hard rock calcada muito mais no visual do que na música – e claro, que não foi bem recebida com entusiasmo por uma parte dos fãs. O Mötley Crüe voltaria para um visual mais honesto, jeans surrado e jaquetas, já no álbum seguinte, “Girls, Girls, Girls”.

Até entre os próprios membros da banda as opiniões divergiram sobre esse trabalho. O vocalista Vince Neil já se referiu a “Theatre of Pain” como o seu o álbum favorito do Mötley Crüe. O baixista Nikk Sixx por outro lado o comparou em uma determinada época a “uma pilha de lixo”, com alguns momentos de brilho. E o guitarrista Mick Mars disse em 1985, que o álbum era certamente o “mais polido” que já tinham gravado.

No BrasilTheatre of Pain” foi lançado via EMI em uma edição bem caprichada com selo da gravadora americana Elektra, com um encarte envelopado interno colorido, com letras e informações. Minha cópia foi comprada na Woodstock Discos no final do ano de 1986.

Uma divulgação do álbum de página inteira foi veiculada em revistas especializadas como Metal e a Bizz. Quanto aos clipes de “Smokin ‘in the Boys Room” e “Home Sweet Home“, eu posso afirmar que pelo menos aqui em São Paulo, não receberam atenção dos programas de vídeos da época.

Não é o melhor trabalho do Mötley Crüe, nem passa perto disso, mas com tantos problemas envolvendo a fase de produção e gravação já era de se esperar altos e baixos. Mas foi o álbum que firmou definitivamente o nome da banda entre os grandes, diferente de outros grupos que só se mantiveram em alta durante o chamado ‘boom’ do heavy americano, que começou em 1983 com o Quiet Riot. O Mötley Crüe ainda iria gravar seus melhores discos e continuar na estrada por muitos anos e o fato de ter sobrevivido, falando literalmente, por esse período o torna realmente importante dentro do caminho que seguiram. Os links, como sempre, estão à disposição. Até a próxima.

Dados:

Lançamento: 24 de junho de 1985.

Selo: Elektra (EUA); EMI (Brasil).

Produção: Tom Werman.

Singles:

  • “Smokin’ in the Boys Room”” em 24 de Junho 1985;
  • Home Sweet Home” em 30 de Setembro de 1985;
  • Keep Your Eye on the Money” em 1986.

Certificações:

  • EUA: 4x disco de Platina (+ 4.000.000 cópias);
  • Canadá: 3x disco de Platina (+ 300,000 cópias).

Mötley Crüe:

Vince Neil – lead and background vocals, and harmonica

Mick Mars – all electric, acoustic and slide guitars

Nikki Sixx – 4 & 8-string bass, synth, background vocals

Tommy Lee – drums & percussion, piano, background vocals

Lado A:

1.”City Boy Blues”   

2.”Smokin’ in the Boys Room” (Brownsville Station cover)

3.”Louder Than Hell”        

4.”Keep Your Eye on the Money”     

5.”Home Sweet Home”     

Lado B:

1.”Tonight (We Need a Lover)”         

2.”Use It or Lose It” 

3.”Save Our Souls”   

4.”Raise Your Hands to Rock”   

5.”Fight for Your Rights

(Créditos das fotos: Paulo Márcio)