“Senso de unidade e reorientação de propósito musical”
Nota: 3,50/5.
Na parte anterior desta biografia dissemos que o álbum The Hangman Tree era a evolução natural do Phantasmagoria como, de fato, era. Pois bem, aqui a história é completamente outra. Com a saída do vocalista e líder Vladimir Korg, a banda decidiu que era hora de experimentar outras texturas sonoras e, visando a autopreservação, o senso de unidade dos remanescentes se impôs se guiando para um novo propósito que levou a uma reorientação musical. A formação que gravou esse disco era composta por Jairo Guedz (Guitars e eterno ex-Sepultura), Marcello Diaz (Vocals/Bass) e Christiano Salles (Drums, Vocals).
O título do trabalho soa mais como um epitáfio do que como o novo começo que o grupo pretende que ele represente. Depois de duas obras relativamente complexas, a banda redefiniu suas configurações sonoras para algo mais furioso e simples. Todavia, independentemente de quão inesperado isso possa ter sido para a base de fãs, a banda parece apenas ter seguido o fluxo normal da correnteza. Isto equivale a dizer que aquele tipo de som era o que a maioria das bandas praticava na ocasião. Ou talvez não tanto, se você pensar com cuidado, verá que todos os contemporâneos estavam fazendo a sua própria “reviravolta” musical na época. Bem, ao que parece isso foi uma forma de se adaptar ao ambiente volátil dos anos 90, mas pelo menos neste disco (ou EP) de 33 minutos, o compromisso da banda com suas raízes foi o bastante para manter os fãs antigos felizes. Aqui, as principais diferenças são 1) a sonoridade mais limpa, 2) harmonias menos progressivas e mais dinâmicas, 3) os vocais sob efeito de sintetizadores e, claro, 4) melhor produção. Particularmente acredito que, principalmente no âmbito do Metal, qualquer movimento em direção a uma corrente considerada “da moda”, pode ser muito arriscado, mas também creio que a discussão sobre a orientação musical desse disco pode ficar restrita ao campo das preferências individuais.
No geral, a impressão que fica é que os “sobreviventes” queriam a qualquer custo, livrar-se da identidade estabelecida com os fãs nos álbuns anteriores. Não que isso seja ruim, mas – ao que parece – eles ainda não estavam preparados para dar tal passo. Perdoe-me os apaixonados se pareço demonstrar falta de empatia, mas as escolhas feitas pelo grupo para a realização deste disco aparentam ter sido o caminho mais fácil para dar uma resposta rápida a todos os que esperavam algo da banda. Todavia, do meu ponto de vista, o mais sensato seria justamente saber que não precisavam provar nada a ninguém.
Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo. Edição revisada.