“As pessoas irão amar ou odiar pelos mesmos motivos”

Nota: 4/5.

Tool foi fundado em 1990 na cidade de Los Angeles/Califórnia. A formação atual conta com o baterista Danny Carey, o guitarrista Adam Jones, o vocalista Maynard James Keenan e o baixista Justin Chancellor.

No início, sua música continha mais elementos do heavy metal, mas logo passaram para algo mais alternativo. A principal marca da banda é o esforço para unificar numa mesma expressão a experimentação musical, as artes visuais adicionada de uma mensagem de evolução pessoal que continua  até hoje.

13 anos após o lançamento do último álbum, muitos perderam a esperança de que a banda retornasse com algo inédito. Aos que perseveraram, podemos dizer que Fear Inoculum é o justo retorno para os investimentos depositados em espera e fé.

Depois de muitas reviravoltas e do consequente tempo perdido, como restabelecer o elo entre o que a banda significou e o que ela pretende ser? Bom, a idade chega para todos e, nesse caso, certamente influenciou positivamente. Depois de tantas intempéries Keenan amadureceu com dignidade e as transformações ocorridas na sua vida pessoal estão refletidas no seu modo de compor.

Nesse contexto, “Fear” é pode ser entendido como o disco em ele [James] mais confiou nos próprios instintos e no coração. Assim, a principal conseqüência disto para este trabalho, é que as pessoas irão amá-lo ou odiá-lo pelos mesmos motivos. Mas, no fundo, nada disso importa. O lançamento é uma boa oportunidade para reaprender a ouvir música, buscando identificar detalhes e nuances. E por falar nisso… Por fim, O que temos aqui é um álbum de música progressiva que foge ao estereotipo “Metal”. Justamente por isso, surge como algo inovador. Aliás, diferente de tudo que ouvi neste ano – até agora! É um trabalho ao mesmo tempo cerebral e emotivo em que a banda consegue transmitir sentimentos diversos e palpáveis. Nesse momento, depois de várias audições, o vejo como sério candidato a melhor disco do ano. De qualquer forma, é cedo para abstrair os muitos segredos aqui contidos. Então, creio que as rugas só se mostrarão verdadeiramente depois de algum tempo e distanciamento.

O que tem de bom?

A banda tem muitos méritos e o maior deles é o de operar de forma independente a do mercado e isso se reflete claramente na forma de compor. Por isso podemos dizer que aqui há [1] uma comunicação perfeita entre os músicos, que se mostram orientados pelo mesmo ideal de liberdade; [2] essa liberdade se exprime na música como efeito da autonomia para experimentar de uma forma consciente; [3] essa tomada de consciência, por sua vez, levou a banda a conseguir amarrar as músicas com nós quase indissolúveis.

O que poderia ser melhor?

Esse trabalho foi tão esperado pelos fãs que muitos diziam que era bom antes mesmo de ouvi-lo. Não nego sua importância para o momento atual, mas aconselho ouvi-lo de forma consciente. Nesse sentido, [1] um disco com duração média de 60min já seria bom o bastante, pois 96min é demais para qualquer álbum, por mais inovador que seja; e [2] faixas como Litanie contre la Peur e Chocolate Chip Trip (por exemplo) tem claramente a função de prolongar a duração do disco, embora façam sentido no contexto da obra.

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