Depois de dias estupidamente quentes, o tempo cinza retornou ao Rio de Janeiro e depois nesse domingo, rumamos ao clássico Imperator (Centro Cultural João Nogueira), casa essa que se localiza no Méier, um clássico bairro da Zona Norte Carioca, casa essa que abrigou diversas bandas, citaria como exemplo o Ghost, que hoje em dia é um gigante, mas um dia lá tocou, Slayer e Suicidal Tendencies nos longínquos anos 90, quando o gigante do Thrash Metal veio à cidade naquele tempo, entre outros eventos e nesse domingo, receberia o 46Fest, festival do Project46, que ainda contou com Reckoning Hour, Hatefulmurder, Kryour, Odeon e Electric Mob.
A chegada da casa, vi poucas pessoas, coisa que depois foi melhorando, com o passar do domingo, que estava chuvoso e com certeza isso inibiu bastante gente em ir ao local, mas acho que, no geral, o evento de ontem teve uma presença incrível, com bastante gente no local, abrilhantando ainda mais o evento, que foi lindo. O evento estava marcado para começar às 17:00hr, mas tivemos um certo atraso na abertura dos portões e mesmo depois deles abertos, a Kryour teve um certo atraso no início do seu show, que foi encurtado, mas não tirou a magia da bela apresentação que os paulistanos fizeram. A banda que conta com Gustavo Landoli (guitarra e vocal), Matheus Carrilho (bateria), Gustavo Muniz (baixo) e Guba Oliveira (guitarra) apresentou ontem o seu Progressive/Death Metal ao Rio de Janeiro de forma magistral, mesmo o som tendo atrapalhado algum momento da apresentação da banda, embolando levemente, a banda conseguiu entregar as suas músicas e tenho certeza que, se alguém, como eu, prestou atenção naquela apresentação, sabe que temos ali uma banda no qual irá despontar logo logo no nosso cenário, fiquem de olhos na Kryour, essa banda ainda dará o que falar.
Uma troca de bateria rápida e o pano de fundo já indica que teríamos uma das melhores apresentações da noite, já que os “piázinhos” de Curitiba retornariam para o Rio de Janeiro, ok, meio em cima da hora, mas eles retornaram e o Electric Mob em palco não brinca e o show deles foi simplesmente animal! Divulgando o seu segundo (e maravilhoso disco), 2 Make You Cry & Dance (resenha dele aqui), a banda capitaneada por Renan Zonta (vocal) e Ben Hur Auwarter (guitarra), ontem a banda teve o desfalque do seu baixista Yuri Elero e para o cargo, o baixista do Odeon, João Diegues foi o convocado para assumir a posição e o baterista Mateus Cestaro que fizeram um show incrível, tocando músicas do disco novo e do seu primeiro álbum, Discharge, a banda mostrou que ainda é possível fazer um clássico Rock n´Roll, Hard Rock com muita personalidade. It´s Gonna Hurt ao vivo é uma coisa de louco, bem como Love Cage e Devil You Know deveria ser considerada um clássico do nosso cenário e não falo nada disso com exagero, que banda em palco, que banda. Parabéns ao baixista João Diegues, que fez um serviço incrível no lugar do baixista Yuri e cobriu direitinho o local e que banda em palco, o Electric Mob, definitivamente tinha ligado o motor do evento e dali pra frente, os shows iriam só melhorar.
Mais uma troca rápida de bateria, aquela ajeitada no palco, sobe dois panos a mais e temos em palco o Hatefulmurder, que com a formação consolidada tem tempo, contando com Angélica Burns (vocal), Renan Campos (guitarra), Felipe Modesto (baixo) e Thomás Martin (bateria) a banda já chegou mostrando o porquê é um nome em constante ascensão no cenário e que cada vez mais vem conquistando o seu público, abrir o show com Santificado Seja o seu Ódio foi um tiro certeiro demais e a banda está se movimentando bem demais em palco, Angélica cada vez mais uma gigante em palco, se comunicando e dominando o seu público com maestria. O show da banda foi incrível, como eles sempre tem entregue em suas apresentações. Teve Wall Of Death, teve muita roda, teve muita música boa, o Hatefulmurder é uma das bandas no qual se estão anunciadas, você poderá ter a certeza de um show incrível e ontem não foi diferente.
Bem, como infelizmente nem tudo são flores, alguns problemas também ocorreram e isso foi o caso nítido do que aconteceu com o show do Reckoning Hour, uma banda que, o que mais tem é qualidade e músicas muito boas, em sua formação, também já consolidada com JP Pires (vocal), Phillipe Leander (guitarra), Lucas Brum (Guitarra), Cavi Montenegro (baixo) e Johnny Kings (bateria) a banda mostrou pro que veio, tocando diversas músicas de seu repertório, mas o som pra galera não estava legal, eu senti ele muito baixo, “comprimido”, ontem mesmo teci esse comentário, o som da banda parecia um “leão pronto pra sair da jaula, mas ainda estava preso”, de tão baixo e as vezes, inaudível em alguns instrumentos, eu via o guitarristas Lucas Brum “esmerilhando” a sua guitarra, desfilando técnica, mas não ouvia nada nos PA´s da casa, o que foi uma pena, isso, em meu ver, prejudicou e muito a apresentação da banda, que tinha tudo para mostrar como são bons. Tocaram música nova, tocaram a linda Away From The Sun, mas infelizmente o som deles não ajudou, uma pena, pois sei bem como a banda é incrível ao vivo.
Depois disso, seria a hora do Odeon subir ao palco e não nego minha curiosidade, pois das seis bandas escaladas para tocar, ela era a única no qual não conhecia o som, somente o trabalho genial do baterista Marvin Tabosa, que além de ser um mestre nas peles, é um criador de conteúdo necessário, praquele que quer crescer no mundo da bateria. Além de Marvin Tabosa (bateria), a banda ainda conta com Lucas Moscardini (guitarra), João Diegues (baixo) e Marcelo Braga (vocal) e eles entregam uma música de qualidade, pra quem gosta, a competência deles é incrível, mas pra mim, não virou. É moderno, tem inserções e passagens eletrônicas, as vezes até um funk aqui e ali, sim, rola um “batidão” as vezes e eles sabem colocar tudo isso muito bem em sua música, mas não me convenceu, não me conquistou, fazendo com que eu tirasse o show deles pra dar aquela volta marota, conversar com os presentes, tomar umas, enfim, pra quem curte, tenho certeza que foi um belo show e tinha bastante gente sincronizada com o Odeon, então, parabéns a banda, mas, não é pra mim mesmo.
Agora chegou a hora, cortinas fechadas pela primeira vez e última, os donos da festa iriam tomar de assalto o palco do Imperator e depois de um certo tempo, se abrem as cortinas e o Project46 sobe ao palco, entregando aquela energia monstruosa que a banda sempre teve, Caio McBeserra (vocal),Vini Castellari (guitarra), Jean Patton (guitarra), Baffo Netto (baixo) e Betto Cardoso (bateria) mostram o porquê a banda está aonde está, que senhor show! Abrir com Terra de Ninguém (que dá o nome da tour) é uma covardia e eles estavam com um som incrível e foi sensacional ver cada momento daquela apresentação, que, pra quem não viu, foi a última passagem do guitarrista Jean Patton tocando com a banda no qual ele fundou, então todo o momento a banda entregou muito. Erro+55 veio como uma bomba, eu mesmo não me contive e acabei indo pro mosh nela, que música. O show deles foi simplesmente perfeito, em termos de som, execução, em tudo, o show do Project46 foi perfeito e no final, o guitarrista Jean Patton foi mais para frente e tocando de forma ímpar e visivelmente emocionado, ele serve ao Rio de Janeiro suas últimas palhetadas na banda no qual ele, ao lado do seu amigo Vini Castellari, fez ser o que é hoje, eu poderia falar aqui, certamente, que para Jean Patton, esse foi um “grand finale” no qual ele mesmo não esperaria, momento belíssimo no show e assim o evento se encerra, com momentos belos do público berrando o seu nome e o nome da banda, um senhor show.
Saldo final do 46Fest é extremamente positivo, tirando alguns problemas de som, no qual comentamos no decorrer da cobertura, tivemos um fest lindo, aonde bandas no qual estão galgando o caminho em nosso Underground apresentaram suas músicas, tivemos um público consideravelmente bom, para um domingo chuvoso, como foi ontem e quem lá estava se divertiu, muito. Agradecemos a todos na produção do 46Fest por confiar em nosso trabalho e nos permitir trazer essa cobertura a vocês.
FOTOS POR ADRIANA DE ALMEIDA e AUGUSTO HUNTER