Único registro em estúdio da banda americana Temple Of The Dog.

Chris Cornell e Andrew Wood eram grandes amigos e, quando Wood faleceu em 19/03/1990, vítima de overdose de heroína, o baque foi grande para Cornell.  Para prestar uma homenagem ao amigo ex-vocalista da banda Mother Love Bone, um dos pilares do Grunge, Cornell começou a compor na intenção de chamar uma galera e gravar algumas canções. A princípio a ideia era lançar um ou dois singles ou regravar algo de Wood, porém logo descartou essa última ideia por prever disputas judiciais de seus parentes.

Chris Cornell e Matt Cameron do Soundgarden se uniram a Stone Gossard e Jeff Ament do Mother Love Bone e chamaram dois desconhecidos até então: Eddie Vedder e Mike McCready. Esses quatro últimos citados acabaram formando depois o Pearl Jam.

Com a banda montada, o projeto começou a fluir e acabou gerando material para um álbum completo em forma de tributo ao amigo. Assim, a turma entrou no estúdio de gravação durante os meses de novembro e dezembro de 1990.

O nome da banda foi retirado da letra da canção Man Of Golden Words do Mother Love Bone, onde Wood mostra um ar questionador, mas parece estar em paz com a vida, além de agradecido pela sua relação com a música:

Trecho da canção:

“I want to show you something, like joy inside my heart, seems I been living in the temple of the dog.
Where would I live if I were a man of golden words?
Or would I live at all?”

“Eu quero te mostrar uma coisa, como a alegria em meu coração
Parece que eu tenho vivido no templo do cachorro
Onde eu viveria, se fosse um homem de palavras de ouro?
Ou viveria de fato?”

Apesar de ser um ótimo trabalho, com peso e melodia, em contraponto ao peso e barulho do Soundgarden,  mas já com uma veia melódica mais próxima do Pearl Jam, o álbum só veio a deslanchar depois dos lançamentos de Badmotorfinger do Soundgarden e do disco Ten, estreia do Pearl Jam, todos do mesmo ano. Aliás, vale ressaltar que 1991 foi um ano de ótimos lançamentos no cenário Rock mundial. Em 1992, Temple Of The Dog entrou para a lista dos 100 discos mais vendidos daquele ano.

Em 1992, um show do Guns N’ Roses da turnê dos Illusions foi transmitido na íntegra direto de Paris por uma rádio FM brasileira e, antes de começar o show, como é de praxe, as bandas colocam o áudio de alguma banda que estejam curtindo no momento. Eu ouvi uma música e fiquei louco pra saber de quem era. A única coisa que eu consegui identificar foi a voz de Chris Cornell. Eu já tinha o ótimo Badmotorfinger e fui atrás dos outros discos da banda. Cheguei a alugar toda a discografia, mas não achei a música. Algum tempo depois comprei o LP do Temple Of The Dog e eis que a música que eu tanto havia procurado era a segunda faixa do disco: Reach Down. Uma longa viagem de 11 minutos, pesada e arrastada, onde se destacam a voz de Cornell e a bateria de Matt Cameron. Ótima!

Definitivamente este não é um disco para agitar. Você conseguirá isso, no máximo, nas faixas Reach Down, Pushing Forward Back e Your Savior. Say Hello 2 Heaven foi a primeira música a ser trabalhada pela banda e, assim como, Hunger Strike (com vocal dividido entre Cornell e Vedder), Call Me A Dog e Wooden Jesus, são canções pra você colocar uma bebida, apagar a luz, relaxar e curtir a viagem.

Em 2016 a banda reuniu-se para uma turnê em comemoração dos 25 anos do lançamento do disco. O único a não participar foi Eddie Vedder, pois já tinha compromissos particulares.

O disco todo merece atenção e elogios, mas destaco as minhas favoritas: Say Hello 2 Heaven, Reach Down, Hunger Strike, Pushin’ Forward Back, Wooden Jesus e Your Savior.

Sem dúvida é um dos melhores discos da década de 90 e faz parte da lista dos 500 melhores discos de todos os tempos da revista Rolling Stone.

Faixas:
Say Hello 2 Heaven
Reach Down
Hunger Strike
Pushin Forward Back
Call Me a Dog
Times of Trouble
Wooden Jesus
Your Saviour
Four Walled World
All Night Thing

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Alex Mélo
Instagram: @jasmelo71