A influência da banda norte-americana MORBID ANGEL no Death Metal é inegável. O grupo que lança discos em ordem alfabética, junto com outros como POSSESSED e DEATH cunharam o estilo nos Estados Unidos, sendo admirados por diversas outras que ocupam o panteão do metal extremo, como OBITUARY, CANNIBAL CORPSE, NILE, VADER, KRISIUN, etc. Parte considerável da banda esteve recentemente no Brasil para uma temporada de shows que teria sido bem maior, não fossem as forças da natureza. Um furacão impediu que David Vincent, Pete Sandoval, Richie Browne e o prestigiado brasileiro Bill Hudson, todos sob o nome I AM MORBID, fizessem algumas das datas no Brasil (no Ceará, Maranhão e Distrito Federal), mas a segunda parte do turnê foi mantida e ocorreu muito bem. Confira no link abaixo, como foi a passagem da banda pela Cidade Maravilhosa.
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A Aliança da Morte (Death Aliance Tour) passou no Fabrique, na capital paulista, no sábado, 19, com a TROOPS OF DOOM e o I AM MORBID, assim como nas outras cidades. Cabe lembrar que as bandas seriam headliners do Maranhão Open Air, e que em Fortaleza teriam a participação dos veteranos do Death Metal nordestino, OBSKURE. Confira aqui como foram os shows. Todas as fotos desta matéria são de Leandro Almeida (Rock Brigade).
Pontualmente, a THE TROOPS OF DOOM subiu ao palco às 18h. Jairo “Tormentor” Guedz (guitarra), Alex Kaffer (baixo e vocal), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria), mandaram ver em um show muito aguardado pelo público paulista. Dona de um Death Metal Old School dividido em dois EPs e um), a banda tocou sons de cada um dos seus discos, os EPs “The Rise Of Heresy”, “The Abscence Of Light” e o full-length (uma obra prima lançado ano passado), “Antichrist Reborn”. A TROOPS OF DOOM (embora cercada de todo o saudosismo pela primeira fase do SEPULTURA – banda que Jairo ajudou a moldar o som) é uma das melhores novidades que surgiram nos últimos anos no Brasil.
Mencionemos também que os músicos, muito pacientemente e simpaticamente, atenderam a todos os fãs que os procuraram para tirar fotos ou autografar materiais após o show. É, definitivamente, uma banda que merece ter uma longa história, e passar por todas as regiões do Brasil. Várias vezes.
Pouco tempo depois, outros ícones do Death Metal Old School estavam no palco, em um show que comemoraria os 30 anos de lançamento do fenomenal álbum da letra B, “Blessed Are The Sick”, em que os anjos mórbidos encararam o desafio de fazer algo à altura do essencial “Altars of Madness”. E conseguiram.
O público acolheu com muito entusiasmo a banda I AM MORBID. Apesar de não terem nenhum trabalho autoral, ninguém estava mesmo preocupado com isso. Todos apenas queriam ver e ouvir os grandes clássicos da banda que os presentes baixista/vocalista participaram em sua formação mais clássica (complementada pelos guitarristas Trey Azagthoth e Richard Brunelle). Na primeira música da noite, o mega clássico “Immortal Rites” colada a “Fall From Grace” o público, completamente rendido, já acompanhava de mãos para o ar.
“São Paulo, como estão. Que bom estar de volta depois de tantos anos. Pela demora nos nos desculpamos”, declarou David. “Mas vamos compensar tocando Death metal das antigas” ele concluiu, perguntando também o óbvio, se haviam fãs de Death Metal Old-School ali. Ora, uma pergunta dessas é igual a perguntar se a água molha e o fogo queima. À resposta do público a “Visions of The Dark Side” fez o vocalista exclamar contente: “Essa é a São Paulo que eu me lembro”.
“Estamós comemorando o aniversário do nosso segundo álbum”, ele continuou, antes de tocar a faixa título do álbum homenageado. No entanto, apesar de ter o trigésimo aniversário de seu segundo álbum completo oficial, enganou-se quem pensou que o tocariam na íntegra (e mais alguns sucessos de outros discos). “Covenant”, o da letra C, acabou cedendo mais músicas ao setlist. “Rapture”, “Pain Divine” e “Sworn to the Black” vieram em trinca, recordando o citado álbum. “Alguém aqui lembra do Covenant? Dois oh três talvez”, brincou Vincent. “Vocês pensaram que a gente viria pra são Paulo e ficaríamos sem essa”, disse ele antes da última destas três.
“Domination”, o da letra D, também foi lembrado, inicialmente com “Eyes to See, Ears to Hear”. “Vocês têm que pensar por si mesmos, usar seus olhos pra ver, e seus ouvidos para ouvir”, introduziu ele. Em seguida, convidou o público para dar alô para o grande Commando. “Depois de gravarmos o Altar of Madness, eu e o cavalheiro aqui atrás gravamos um álbum para a banda TERRORIZER”. Era a vez de “Death Shall Rise” da também cultuada banda. A performance de Sandoval é tão arrasadora que nem o roadie se aguenta e faz air drums escondido no palco.
O momento seguinte é dos guitarristas. Primeiro o brasileiro, que, além do I AM MORBID toca com nomes como DORO e sua própria banda, NORTH TALE, ficando só no palco para um solo cheio de melodia. Depois é a vez de Browne se juntar em um dueto. Na verdade, é a linda “Desolate Ways”, uma das faixas instrumentais do “Blessed Are The Sick”.
Os quatro se reúnem novamente para “Dominate” e “Where the Slime Live”. Óbvio que o público acompanhou com hey, hey, hey. E o Fabrique quase veio abaixo com o peso descomunal de “Dawn of the Angry”.
Mas tudo que é bom dura pouco. E o que é muito bom dura menos ainda. “Vocês foram uma audiência fabulosa. Queremos voltar simplesmente porque gostamos de vocês” começa a se despedir David Vincent, antes de apresentar a banda. “Bill Hudson é um de vocês. E Pete Sandoval não precisa de apresentação”. Hudson, obviamente em português, apresenta o vocalista: “mais um que não precisa de apresentação, a razão de estamos aqui”. “Eu sou mórbido, vocês são mórbidos”, complementou Vincent, usando o nome da banda que criara.
As extremamente pesadas “God of Emptiness” e “World of Shit (The Promised Land)” concluíram uma noite de violência extrema em formato de música. Se a turnê é uma homenagem ao “Blessed…”, acabou se tornando uma homenagem aos primórdios da banda, distribuindo quase igualitariamente o repertório pelos quatro fenomenais primeiros álbuns do MORBID ANGEL. A longa espera dos fãs foi recompensada com um show absolutamente libertador de espíritos. E anjos mórbidos.
Agradecimentos:
Leandro Almeida, pelas fotos que ilustram esta matéria.
Luciano Piantonni, pela atenção e credenciamento.
Erick Tedesco, pelo apoio e amizade.
Setlist:
- Immortal Rites
- Fall From Grace
- Visions From the Dark Side
- Day of Suffering
- Blessed Are the Sick
- Rapture
- Pain Divine
- Sworn to the Black
- Eyes to See, Ears to Hear
- Dead Shall Rise (TERRORIZER)
- Maze of Torment
- Desolate Ways
- Dominate
- Where the Slime Live
- Dawn of the Angry
- God of Emptiness
- World of Shit (The Promised Land)