Resenha: Ozzy Osbourne – Ordinary Man (2020)

“A verdade é que eu não quero morrer como um homem comum”

NOTA:  3,5/5.

Ozzy Osbourne é uma das poucas figuras do Heavy Metal a ascender à categoria do “Acima do bem e do mal”. Havendo construído sua reputação com base na fama de louco, o “Madman” foi descoberto pela indústria da música e, assim, foi promovido à “Príncipe das Trevas”. Com efeito, como louco ele tornou o Rock muito mais Rock ‘n’ Roll. Já como “Príncipe”, ele parece ter regredido ao nível mais infantil do estilo. Ele já não precisa provar mais nada a ninguém. Mesmo assim, nunca foi um desleixado na hora de fazer um disco. Ele sempre buscou em seus instintos mais primitivos algo através do qual pudesse fazer renascer a criança medrosa, rebelde, esquisita ou disléxica que havia dentro de si. Por isso, apesar de não precisar prova nada, ele sempre agiu como se precisasse.

Em Ordinary Man não é diferente. Ainda que, com uma ajudinha da sua mulher – a eterna megera do rock n roll – ele conseguiu dar vida a mais uma obra que, se por um lado tem um forte apelo junto ao público mais juvenil, por outro, apresenta o cantor cercado de estrelas, que além de serem grandes músicos, são também bons amigos. Além de produzido e co-escrito por Andrew Watt, o nome por trás do sucesso recente dos astros pop Cardi B e Justin Bieber, o disco foi fabricado por um grupo de veteranos como o baterista Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), o baixista Duff McKagan (Guns N ‘Roses) e mais alguns convidados especiais como Elton John, que com73 anos de idade, é 2 anos mais velho que o Madman.  Ok, esses caras são apenas contratados e foram chamados para dar forma ao negócio e, diga-se de passagem, a forma não é tão bela quanto poderia ser. Assim, a responsabilidade que recaiu sobre ocantoré com relação ao conteúdo. E, senhoras e senhores, The Ozzman Cometh não decepciona. A despeito do que alguns falam sobre ele ter vendido sua alma para o diabo, eu replico: Ozzy põe sua alma no negócio. E com sangue nos olhos ele parece antever sua morte e através desse disco nos conta como ela é e como ele gostaria que tivesse sido. E mais, ele nos fala dos seus arrependimentos, de como gostaria de ter vivido, ele fala das pessoas que o amaram e para as quais ele não soube retribuir.  Para um disco raso na forma, Ozzy conseguiu retirar algumas lágrimas dos olhos deste que vos escreve, enquanto intuía sobre o texto.

O fato é que, havendo perdido amigos importantes e estando com a idade avançada, o Príncipe Das Trevas pôs-se a refletir mais profundamente sobre a morte do que em qualquer disco de que tenha participado. E isso é muito triste para o universo do rock no mundo inteiro. Ninguém quer perder alguém que ama. Mas, não ter mais Ozzy, é simplesmente impensável. Aliás, pense no que você sentiu quando percebeu que não haveria mais a possibilidade de sonhar com uma performance ao vivo de Ronnie James Dio (DIO)), pense o mesmo sobre Lemmy Kilmister (Motorhead)… Agora tente fazer o mesmo exercício em relação a Ozzy… E então, o que você sente?

Eu não sei se ele sabe o que significa de fato para todos os fãs que o acompanharam durante toda a sua jornada na terra, mas sim, ele parece querer nos preparar para isso. De qualquer forma, a verdade é que ele não morrerá como um homem comum!

> Texto originalmente publicado no blog Esteriltipo.