Muito pela frente ainda.

É com muita alegria que tenho em mãos esse que deve ser um dos lançamentos mais esperados do ano. “Born Innocent” é o primeiro álbum de estúdio completo da icônica banda de mr. Graham Bonnet desde “Dangerous Game” em 1986. Como se já não bastasse que a simples volta desse respeitado nome do universo da música pesada, já representasse muita coisa, tudo fica ainda mais especial com a participação dos membros fundadores: o tecladista Jimmy Waldo e o baixista Gary Shea no álbum, tornando o “Born Innocent” ainda mais vital. Como se ainda precisasse existem outros motivos para fazer você ficar ainda mais curioso a respeito desse trabalho. Espere só para conhecer a lista de convidados especiais que esse disco possui.

Quando se fala de Alcatrazz a imagem de um super guitar-hero é automaticamente vinculada a da banda, pois ninguém menos do que Yngwie Malmsteen e Steve Vai fizeram parte do grupo e a responsabilidade agora está a cargo do excelente Joe Stump, que é simplesmente professor de violão e guitarra no conceituado Berklee College of Music Assistant de Boston, EUA

É tanto a se dizer que o tradicional modo do faixa a faixa vai ser bem útil, para não deixar escapar nada de importante. Começando pela faixa título que abre o CD, que escrita pelo virtuoso Chris Impellitteri, com quem Bonnet já havia trabalhado anteriormente na banda solo do guitarrista e a canção também marca a primeira colaboração no disco do baixista do Riot, Don Van Stavern. Claro que Impellitteri se destaca com rifes potentes e um grande solo, mas mr. Bonnet também mostra grande forma em sua primeira interpretação. O single de lançamento vem a seguir, “Polar Bear“, que tem o jeitão do som característico que tornou o Alcatrazz tão popular nos anos 80, além de contar com nova participação de Don Van Stavern.

Hora de pé na tábua com a folclórica “Finn McCool”, uma faixa cheia de rifes insanos com muitas variações, graças à cortesia de um novo convidado especial, o guitarrista japonês Nozomu Wakai, que está sendo merecidamente exaltado como um novo ás do instrumento das seis cordas – principalmente por algumas publicações orientais, que o colocam no nível do gênio Akira Takasaki do Loudness. Adicione na lista de colaboradores agora o trabalho de escrita e guitarra de D. Kendall Jones em “We Still Remember“, que mantém o nível do trabalho em alta.

A primeira faixa a contar apenas com a line up principal da banda é a ótima “London 1666“, que provavelmente possui o melhor trabalho vocal do álbum, além de uma base sólida, simples e elegante no instrumental, que realçou o talento de cada musico. Também é o segundo single do álbum e possuiu um clipe que você vai poder conferir no final dessa matéria. “Dirty Like The City” é uma composição de Steve Vai propícia para o rosnado habitual de mr. Bonnet que é o destaque absoluto. Acho válido dizer que mesmo com os conhecidos super-recursos que um estúdio de gravação moderno tem a disposição, trata-se de um senhor de 72 anos de idade e chega a ser impressionante o resultado obtido.

Uma sensação triste vem embutida na música “I Am The King”, pois trata-se de uma composição de Bob Kulick, que recentemente nos deixou, o que torna a canção muito importante e impossível de desvincular de um sentimento de homenagem póstuma.  “Something That I Am Missing”, que traz a primeira participação do guitarrista italiano Dario Mollo no álbum, tem uma vibe meio que anos 70 graças ao som que Jimmy Waldo proporciona em um hammond durante um duelo genial com Mollo.

Paper Flags” apresenta outro convidado, o líder do Annihilator, Jeff Waters, mas não espere nada ligado ao thrash metal da banda canadense, e sim um hard sólido com um solo extremamente inspirado do guitarrista. Tanto “The Wound is Open” assim como “Body Beautiful“ são registros gravados apenas pela formação básica e sem convidados, onde a segunda se destaca por causa de seu rife encorpado e uma linha de baixo intensa, que juntos dão uma solidez a faixa muito legal.

A nova colaboração no disco por parte de Dario Mollo acontece em “Warth Lane”, e como não poderia ser diferente é significativa, mas a letra da canção, muito dramática, chama para si própria o protagonismo, pois fala sobre o ‘suicídio de um amigo de infância doente’. “For Tony” mantém a atmosfera densa e emotiva com  mr. Bonnet brilhando em sua interpretação.

Graham Bonnet escreveu seu nome em duas grandes bandas: no mítico Rainbow e principalmente no Alcatrazz, que ao lado de seus amigos, e que amigos, está lançando um dos seus melhores registros. “Born Innocent” é sólido, eficaz e em alguns momentos emotivo. Em um mundo atual tão cheio de problemas seria compreensível após tanto tempo de carreira o Alcatrazz escrever um epitáfio em forma de um último álbum, mas mr. Bonnet e companhia com esse trabalho deixam bem claro que esse pensamento não faz parte dos planos. Confira.

Nota: 4/5

 Tracklist:

  1. Born Innocent (ft. Chris Impellitteri & Don Van Stavern)
  2. Polar Bear (ft. Don Van Stavern)
  3. Finn McCool (ft. Nozomu Wakai & Don Van Stavern)
  4. We Still Remember (ft. D. Kendall Jones)
  5. London 1666
  6. Dirty Like The City (ft. Don Van Stavern)
  7. I am the King (ft. Bob Kulick)
  8. Something That I Am Missing (ft. Dario Mollo)
  9. Paper Flags (ft. Jeff Waters & Don Van Stavern)
  10. The Wound is Open
  11. Body Beautiful
  12. Warth Lane (ft. Dario Mollo)
  13. For Tony

Alcatrazz:

Graham Bonnet – vocals

Joe Stump – Guitars

Jimmy Waldo – Keyboards

Gary Shea – bass

Mark Benquechea – Drums

Fique ligado:

https://www.facebook.com/graham.bonnet/