Resenha: Armored Saint – Punching the Sky (2020)

HomeTodos os postsCDSResenha: Armored Saint – Punching the...

CDS, Resenhas outubro 20, 2020 1174Views 0Likes 0Comments

“Autênticos, como sempre”

Escrever algo sobre o Armored Saint sempre me traz a mente muitas lembranças. E é uma situação inevitável, pois é uma das minhas bandas favoritas desde a minha época de adolescente. “Raising Fear” de 1987 é até hoje um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos, assim como o magnífico solo da música “Book of Blood“, que é uma aula de técnica e felling, e apenas um dos muitos legados que o fantástico guitarrista David Prichard nos deixou.

Mesmo antes de colocar para rolar o álbum “Punching the Sky”, é muito bom ver nomes familiares e saber que a mesma formação desde o clássico “Symbol of Salvation”, continua unida e firme. Onde estiver, tenho certeza que David fica feliz ao ver a família Armored Saint sempre junta e com outro novo trabalho nas mãos.

Uma intro típica de new age nos surpreende em “Standing on the Shoulder of Giants”, mas isso só até a ponderosa voz de John Bush surgir como que se estivesse avisando que os rifes estão a caminho. E eles realmente chegam com todo estilo próprio, que só o Armored Saint tem, apresentando melodia e refrão envolventes. Em um século marcado até o momento por poucas identidades próprias e inovadoras, ouvir uma banda com um som só seu e distinto é algo sem preço. “End Of The Attention Span” acelera as coisas em sexta marcha… é melhor não ficar na frente. Além de ser uma faixa rápida e intensa, ela é compacta e pesada. A cozinha de Vera e Gonzo continua afiada como nunca e o trabalho dos backings nos refrão é típico da banda, ou seja, perfeito.

“Bubble” começa com conotações industriais, rifes melódicos e um andamento mais contido. Linhas quebradas entre as passagens proporcionam espaços para Bush, e a melodia ganha certa intensidade com um trabalho muito bem elaborado pelas guitarras. O baixão de Vera fala muito alto na intro de “My Jurisdiction”, que tem uma letra bem atual, e é devidamente interpretada com aquele sarcasmo que só Bush possui. Falar do instrumental é chover no molhado, quando se trata de Armored Saint, pois os caras são fantásticos e todos os encaixes são perfeitos.

Uma artilharia conduz o início da faixa “Lone Wolf”, que possui variações milimétricas, que comprovam a versatilidade da banda, alternando cadência, quebradas e ritmo acelerado em espaços apertados com muita técnica. Lembra daquelas linhas criativas que a banda abusava de usar nos álbuns da época do David? “Missile To Gun” traz um pouco daquelas características em boa dose. Guitarras gêmeas, cortesia de Jeff Duncan e Phil Sandoval, brilham em “Bark, No Bite”, que é recheada de vocais em camadas muito legais. Mas, definitivamente é o momento do instrumento das seis cordas ser o protagonista graças aos rifes e solos sensacionais, principalmente nas partes dobradas.

“Unfair” começa acústica com a linha de baixo sendo acompanhada por dedilhados e Bush é o realce com sua voz predominante. Assim como na clássica “Another Day”, essa faixa ganha intensidade em seu último terço e termina de forma grandiosa. Gonzo espanca seu kit e coloca “Never You Fret” para funcionar. Rifes incisivos aliados a condução do baixo tomam conta do ambiente, que literalmente fica pequeno para comportar tamanha massa sonora. A técnica dos músicos nesse ponto ultrapassa qualquer parâmetro ou escala que exista para se mensurar talento.

Muito já se comentou sobre o porquê do Armored Saint não ter obtido o mesmo grau de sucesso e popularidade, que algumas bandas de sua época alcançaram. Pode até ser verdade e no fundo uma banda tão talentosa realmente merecia ter mais reconhecimento ao longo de sua carreira. Mas também é verdade que poucos nomes dentro do universo da música pesada, possuem uma sonoridade tão própria quanto o Armored Saint possui. E só esse fator, já os coloca entre os grandes como Judas Priest ou Accept, que você não precisa mais do que alguns segundos para reconhecer ao ouvir uma música. Gosta de heavy metal? Então compre “Punching the Sky” sem sustos.

Nota: 4,5/5

Tracklist: