O Aurorawave pode até não reinventar a roda, mas a forma como une as levadas vibrantes do reggae aos riffs pesadíssimos do hardcore merece atenção. Essa fusão já é familiar para quem acompanha o Skindred há algum tempo, mas em Monument, seu novo álbum, o grupo leva a proposta a um novo patamar — e com uma energia de “nova onda” difícil de resistir.
Monument chega com 11 faixas que equilibram perfeitamente dois mundos distintos, sem que um estilo sufoque o outro. É uma alquimia rara, construída com naturalidade e precisão, que torna o disco viciante do início ao fim.
Um aviso para os “puristas”: aqui não há espaço para ortodoxia. Se você gosta de metalcore, mas não suporta mesclas ousadas, é melhor manter distância. Mas, se estiver aberto a novas experiências, prepare-se: desde a faixa de abertura, Judge Me (com Aaron Gillespie, do Underoath), até o encerramento em Keep The Faith, o Aurorawave entrega momentos de pura beleza e intensidade.
E não para por aí: Monument é recheado de participações de peso. Em Suffocate, o astro do reggae Kumar Fyah acrescenta ainda mais vida à composição. Já Tibetan Sky Burial, com Frankie Palmeri (Emmure), é um destaque absoluto, onde os vocais agressivos se encaixam com precisão cirúrgica nos arranjos da banda.
O groove marcante do The Movement invade Seize The Day com autoridade. Throwing Shade brilha com a voz de Jesse Royal, enquanto Never Gonna Stop Us explora com maestria o timbre de Ekoh. Para fechar, Welcome To Your Nightmare, com o Left To Suffer, se apresenta como a faixa mais pesada do álbum — mergulhada no metalcore — mas ainda assim costurada com toques sutis de reggae.
Cheguei a Monument sem grandes expectativas e saí completamente rendido. É um trabalho bem-feito, coeso e executado com paixão, que entrega tudo aquilo que eu nem sabia que queria ouvir novamente. O Aurorawave não apenas acerta — ele surpreende.
NOTA: 5 / 5

