Resenha: Axel Rudi Pell – Sign Of The Times (2020)

A banda de Axel no seu melhor momento.

Depois do sucesso que o ótimo álbum “Knights Call” (2018) alcançou, eis que Mr. Pell nos brinda com um trabalho ainda mais lapidado. E digo mais, em minha opinião, é o melhor disco da banda de Axel desde o clássico “Between the Walls” de 1994 e com toda a certeza o melhor trabalho que já ouvi do vocalista Johnny Gioeli, seja nessa banda ou mesmo no Hardline.

“Sign Of The Times” é 18º álbum desde que Axel deixou o Steeler, sem contar os discos ao vivo, os de baladas e o de covers. E em todos os registros uma assinatura própria e fiel a todas as suas influências. E nesse novo lançamento, além dessas características, existe um clima realmente mágico, sobrou inspiração para Axel durante o processo de composição. E acredito que a participação de Tommy Geiger na co-produção contribuiu muito para o resultado final.

A intro “The Black Serenade” prepara o caminho para a forte “Gunfire” onde brilham os trabalhos de guitarra e bateria de Axel e de Bobby Rondinelli, respectivamente. “Bad Reputation“, não confundir com a “Nasty…”, é um hard rock melódico com uma estrutura simples e rifes que lembram linhas já tradicionais nos discos de Axel, com um refrão bem anos 70.

“Sign of the Times” invade os auto falantes com um rife áspero e potente, enquanto os teclados formam um pano de fundo dramático. Então quando Johnny Gioeli começa a soltar a sua voz você esquece completamente de qualquer outro cantor que passou pelo microfone da banda de Axel ao longo dos anos. Gioeli está fantástico, cantando como nunca. No posto de frontman desde 1998, acredito que hoje ele esteja no ápice da sua forma e é seu melhor desempenho certamente.

“The End Of The Line” tem uma levada mais rápida com outro show de Gioeli e uma cozinha magnífica proporcionada por Rondinelli e Volker Krawczak. O solo de Axel, que tem sua assinatura, é precisa e com muito felling. Que ótima música.

Como imaginar um disco tão bom de Mr. Pell sem aquela tradicional balada cheia de sentimento? “As Blind As A Fool Can Be” estará presente em qualquer playlist ou coletânea que os fãs da banda forem montar daqui em diante, acredite. Já “Wings Of The Storm” tem uma vibe que nos remete aos tempos do MK III do Deep Purple. Novamente Gioeli se supera com uma interpretação no refrão que merece aplausos. E diga-se só uma banda muito entrosada e talentosa para construir um instrumental tão harmônico e cativante como esse.

Gioeli continua a impressionar na cadenciada “Waiting For Your Call”, que começa com um rife que exige tudo do cantor, mas ele corresponde com muita desenvoltura. Refrão contagiante – Axel precisa por esse som nos futuros setlists – e na minha opinião, esse é o melhor solo do álbum. Música candidata a futuro clássico da banda.

E agora uma surpresa. Axel tocando em ritmo de reggae, pelo menos durante a divertida introdução. Mas é só por um breve período, pois depois ficamos a mercê do ritmo mortal da guitarra de Axel e dos teclados de Ferdy Doernberg e a bela “Living In A Dream” ganha força e corpo, lembrando muito a fase Byron do Uriah Heep. E é preciso dizer, outro belo solo de Mr. Pell.

E fechando o álbum a pesadíssima “Into The Fire” onde é praticamente impossível destacar um ou outro ponto. Rondinelli espanca sua bateria sem dó, Ferdy e Volker proporcionam junto à guitarra de Axel uma base muito sólida e dizer que mais uma vez Gioeli se supera e encanta é desnecessário. Com um solo encorpado a música ganha em velocidade no final e termina esse excelente trabalho com a devida relevância.

Acompanho Axel desde os tempos de Steeler, e coleciono seus álbuns desde então. Por motivo de gosto pessoal, o meus discos favoritos sempre foram “Between the Walls” e “Black Moon Pyramid”, apesar de apreciar toda a ótima discografia da banda. Mas “Sign of the Times” ganhou seu lugar ao lado desses clássicos de Axel em minha prateleira. É um disco muito inspirado e as performances acima da média de Bobby Rondinelli e Johnny Gioeli contribuíram demais para que o resultado fosse tão bom. Nem pense duas vezes, compre.

Nota: 4,5/5

Tracklist: