“Eles estão de volta”
Esse complicado ano de 2020 também está se especializando em pelo menos uma coisa boa, que é marcar o retorno de grandes bandas do passado as atividades e o melhor, com ótimos álbuns. Já se vão 29 anos desde que “The Underworld” estava exposto nas lojas de discos e depois de se reunirem novamente, eis que temos em mãos um novo trabalho dos americanos do EvilDead intitulado “United States of Anarchy” e que acaba de ser lançado pelo selo SPV Steamhammer.
Quem se lembra do thrash metal furioso que era praticado pelo conjunto na virada dos anos 80 para a década de 90, não vai se decepcionar. A velocidade, os backings, os rifes … está tudo lá, mas com uma produção atual, que obviamente garante uma qualidade de som acima de qualquer suspeita. E uma coisa muito importante, com exceção do baterista Rob Alaniz, a formação que gravou “United States of Anarchy” é a mesma presente no disco de 1991.
“The Descending” abre o CD e desde o início o ritmo do thrash invade os autofalantes. A faixa é intensa, rifes rápidos e quebradas bem colocas para mudar o andamento. A letra reflete muito bem o momento atual que vivemos. O trabalho das guitarras de Juan Garcia e Albert Gonzales são muito bons. Sem tempo para respirar entra “Word Of God” com seu rife ganchudo e uma bateria recheada de comandos de pedal duplo, que dá aquela sensação de voltar ao final dos anos 80, a época de ouro do thrash metal.
Uma intro bem característica apresenta a brutal “Napoleon Complex”, que cadencia o andamento a principio para depois acelerar na ponte e no refrão. A bateria de Rob Alaniz é a força motriz e as guitarras de Garcia e Gonzales cuidam dos arranjos com muita técnica. Em “Green House” o vocalista Phil Flores coloca frases grandes em espaços apertados com um resultado que ficou muito bom. Os backings são de primeira linha mais uma vez. “Without A Cause” mantém em alta a atmosfera de uma celebração do thrash metal. A relação entre o vocal principal e os backings aqui assume um papel de muito destaque. Típica situação que só é possível para uma banda que conhece muito bem o que está fazendo, pois isso não é para amadores ou iniciantes.
“No Difference” começa como se fosse um jazz, fazendo o ouvinte pensar se existe algum problema no CD. Mas logo o rife e a cozinha de Rob e Karlos Medina (baixo) colocam as coisas em ordem e uma nova artilharia pesada toma conta de tudo. O trabalho destacado nos encaixes das harmonias é preciso ser citado. Tudo funciona como um relógio suíço: rifes, mudanças, backings firmes e muito thrash felling. O solo é um dos melhores do álbum. Já em “Blasphemy Divine” o EvilDead engata a sexta marcha e pé no fundo em uma velocidade alucinante. Haja pescoço.
“A.O.P./War Dance” começa cadenciando e mantém um ritmo coeso e calculado. Um solo é inserido antes do vocal entrar e daí em diante é ladeira abaixo sem freio. Os rifes dominam a condução alternando e ditando andamentos variados. Certamente é umas das músicas mais complexas e legais do álbum. “Seed Of Doubt” traz uma nova pancadaria no seu instrumental. Se a intenção do EvilDead era não deixar o fã respirar enquanto ouvia o disco, eles obtiveram sucesso. E fechando temos como bônus uma releitura improvável de “Planet Claire”, originalmente gravado pelo B-52’s.
Esse álbum merece ser apreciado pelos velhos fãs e também por quem está iniciando seu aprendizado pelos caminhos do thrash metal. E que o EvilDead se acostume a lançar álbuns – muito bons como esse “United States of Anarchy” – com mais frequência. É o que nós esperamos. Coloque seu tênis de cano alto, sua calça justa, seu colete cheio de patches e Thrash ‘Till Death.
Nota: 4/5
Tracklist:
1.The Descending
2.Word Of God
3.Napoleon Complex
4.Green House
5.Without A Cause
6.No Difference
7.Blasphemy Divine
8.A.O.P. / War Dance
9.Seed Of Doubt
10.Planet Claire 2020 (B-52’s cover)
Evil Dead:
Phil Flores – vocals
Rob Alaniz – drums
Juan Garcia – guitar
Albert Gonzales – guitar
Karlos Medina – baixo
Fique ligado: