Resenha: Fates Warning – Long Day Good Night (2020)

“Com o selo de qualidade do Fates Warning”

Eu conheci o Fates Warning no distante ano de 1985 graças ao seu debut “Night on Bröcken” (1984) e as características muito próximas ao Iron Maiden me agradaram logo de cara, e eu continuei acompanhando a carreira da banda. Vieram as mudanças de vocalista, do som e meu interesse só aumentou, e posso facilmente citar o álbum “Perfect Symmetry” de 1989 como um dos meus discos favoritos – um dos que mais escutei na vida. Trabalhos como “Parallels” (1991), “Inside Out” (1994) e “A Pleasant Shade of Gray” (1997) só podem ser classificados como fantásticos e que fortaleceram ainda mais a identidade própria da banda.

Nesse século o Fates Warning continuou na ativa, lançando mesmo que com uma periodicidade mais inconstante, bons trabalhos e mantendo uma base sólida em sua formação com o guitarrista Jim Matheos e o cantor Ray Alder. Ambos os grandes responsáveis por conseguir deixar o Fates Warning sempre com seu estilo único. Em “Long Day Good Night” a dupla é acompanhada novamente pela cozinha segura composta pelo multi homem, Joey Vera no baixo e Bobby Jarzombek na bateria – ambos também estavam presentes no disco anterior, “Theories of Flight” de 2016.

Em suas treze faixas, “Long Day Good Night” apresenta um Fates Warning absolutamente consciente do que quer fazer e conhecedor de todos os atalhos para se construir um álbum de prog metal, com a assinatura do Fates Warning. Peso na medida certa, que é intercalado com passagens singelas e muitos arranjos recheados de detalhes, que só serão em sua totalidade percebidos pelo ouvinte após várias audições do trabalho.

“The Destination Onward” abre o álbum como se fosse idealizada para um novo fã, que ainda não conhece todas as armas do arsenal da banda. Uma parte vai ganhando corpo aos poucos enquanto cada instrumento proporciona o exato clima para a voz dominante de Alder. Em um segundo momento o ritmo ganha vibração, peso e uma melodia progressiva, que vai deixar um ouvinte de primeira viajem boquiaberto com a precisão nos tempos e categoria dos músicos, que esbanjam talento em complexas linhas. A aula de prog metal continua em “Shuttered World”, que possui um arranjo com a marca Fates Warning, cheia de quebradas curtas e um vocal constantemente alto.

“Now Comes the Rain” poderia facilmente fazer parte do mágico “Perfect Symmetry” tamanha a semelhança nas escolhas de timbres e bom gosto na proposta dos vocais em camadas. Obviamente é uma das melhores músicas do disco. E falando no LP de 1989, “They Way Home” também apresenta pequenas semelhanças com a inesquecível “Chasing Time”, diferenciando que a nova canção apresenta uma base de cordas e a antiga de violino, porém ambas magníficas. Se você sentiu saudades das orquestrações com os considerados antigos instrumentos, não se preocupe vá direto para “Under the Sun“. Essa faixa possui um dos mais belos arranjos que o Fates Warning já colocou em pratica nos últimos anos. A ponte antes do refrão é envolvente e fica difícil assimilar tudo o que está acontecendo ao mesmo tempo. A linha de baixo chama atenção, a guitarra preenche todos os espaços e a voz de Alder encanta.

“Scars”, “Liar” e “Glass Houses” são mais diretas com rifes consistentes e perfeitas para levantar a plateia quando os shows ao vivo forem algo mais próximo da nossa realidade mais uma vez. “The Longest Shadow of the Day” honra seu título em seus mais de onze minutos com passagens complexas, variadas e cheias de criatividade. Um delicado dedilhado introduz a última das canções do álbum, “The Last Song”, que dá um tom de despedida emotivo.

“Long Day Good Night” sem dúvida está entre os melhores trabalhos do Fates Warning nesse século e pode certamente compartilhar a prateleira com os grandes álbuns da banda. Cobrar um novo “Parallels” é bobagem, pois os tempos são outros e aquele clássico já tem seu nome gravado entre os grandes discos do estilo. Não devemos esquecer o passado, mas devemos viver o presente da mesma forma. “Long Day Good Night” será lançado no próximo dia 6 de novembro via Metal Blade. Confira.