“O guitarrista Nige Rockett é o nosso convidado”

Nos meados doa anos 80 algumas bandas pavimentaram uma estrada dentro do universo da música pesada, mesclando técnica, velocidade e muito peso. O estilo batizado com o nome de thrash metal, tornou-se um dos mais cultuados e adorados pelos amantes da música pesada. Uma das bandas que ajudou a forjar esse caminho foi o Onslaught com dois trabalhos excepcionais: ‘Power from Hell’ lançado em 1985 e ‘The Force’ em 86.

Esse ano o Onslaught lançou um dos seus mais devastadores trabalhos, “Generation Antichrist’”, que representa uma mescla perfeita entre as características letais dos primeiros álbuns com um som extremamente moderno.

O HB teve a oportunidade de bater um papo com o guitarrista e membro fundador do Onslaught, Nige Rockett, e conversamos sobre o novo álbum, sobre a situação atual do cenário da música pesada e muitos outros assuntos. 

Headbangers Brasil: Em primeiro lugar, muito obrigado por falar com o Headbangers Brasil, Nige. É uma honra para todos nós.

Nige Rockett: Legal meu amigo, o prazer é todo meu!

HB: “Generation Antichrist” é um álbum fantástico. Vocês conseguiram manter a integridade das principais características do som do Onslaught, mas soando extremamente modernos. Essa era realmente a intenção?

NR: Obrigado! Sim, 100%, decidimos que queríamos fazer um álbum que fosse uma mistura perfeita do Onslaught 1986 e o Onslaught 2020. Os últimos 2 álbuns “Sounds of Violence” e “VI” provavelmente foram nossos registros mais técnicos, então pensamos que seria legal voltar às nossas raízes e as primeiras influências com “Generation Antichrist” . Você pode ouvir as vibrações de Motorhead e Discharge nas novas músicas e também nos inspiramos muito no disco “The Force’” em termos de atitude e energia criativa. As atuais músicas são bem antigas na abordagem e a mixagem feita por Daniel Bergstrand ficou incrivelmente brutal para um álbum de Thrash Metal.

HB:  Trocar de vocalista é sempre uma mudança muito delicada. Como foi conduzida essa mudança e por que você escolheu Dave Garnett? (Que em minha opinião fez um trabalho muito bom). 

NR: Sim, foi difícil, é claro, pois Sy é um ótimo cantor e amigo, então nunca seria fácil fazer a mudança, mas nós  encontramos o substituto perfeito em Dave Garnett. Dave é um amigo há muitos anos, então sabíamos que ele é um cara muito talentoso e ele fez um trabalho incrível em “Generation Antichrist”. Ele também soa de forma incrível nas canções clássicas mais antigas, o que é muito importante para nós e para os fãs. Sy achou as turnês muito difíceis nos últimos anos e o Onslaught é uma banda que tem agendas de turnê pesadas e Sy encontrou um novo emprego, o que limitou sua disponibilidade de turnês. Nós dois tivemos que tomar uma grande decisão para seguir nossos caminhos de diferentes maneiras. 

HB:  No geral, como foi a recepção do álbum “Generation Antichrist” ? E o mais importante, você ficou 100% satisfeito com o álbum? 

NR: A resposta a “Generation Antichrist” foi totalmente incrível, nenhum álbum do ‘Onslaught’ antes recebeu tal reação dos fãs e da mídia, nós estamos realmente explodindo com isso. E sim, com certeza, estamos 110% felizes com o álbum e não poderia ter ficado melhor. Tudo correu perfeitamente para planejar a parte lírica, as  gravações e as mixagens finais realizadas por Daniel Bergstrand foi a cereja do bolo. 

HB:  Claro, os fãs mais antigos continuam a apoiar o Onslaught, mas há uma nova geração. Qual é o perfil desses novos fãs do Onslaught ? Eles são mais exigentes? 

NR: Devo dizer que temos fãs realmente incríveis, tanto os mais velhos, quanto os mais novos! Nossos fãs nunca foram exigentes, eles realmente confiam em nós para entregar o material que eles vão gostar e nunca nos colocam sob pressão. É incrível ver o número de fãs mais jovens que seguem o Onslaught. O ‘Spotify for Artists’ apresenta uma análise dos ouvintes, onde eles moram e nós temos um seguimento muito equilibrado de todos entre 18 e 60 anos.

 HB: Quais são as principais diferenças entre os anos 80 e a atual cena da música pesada? As coisas melhoraram ou pioraram? 

NR:  Eu não acho que haja uma grande diferença, a maior coisa que mudou é a internet, é claro. Essas diferenças ao longo dos anos são boas e ruins. A parte boa é que  com facilidade podemos nos comunicar com fãs, promotores e espalhar nossa música rapidamente pelo mundo, o que é incrível e abriu tantas novas oportunidades para o Onslaught. A desvantagem é a enorme perda nas vendas de discos por causa do download ou streaming de música e isso é um importante problema para as bandas que tentam sobreviver. Mas os fãs no Brasil e na América Latina ainda estão loucos e isso é a coisa mais importante!! 

Onslaught – Manifesto Bar (2011)

HB: Se minha memória não falha, o Onslaught esteve aqui no Brasil quatro vezes nos últimos anos. Nige, quais são as suas memórias ou que fatos curiosos aconteceram durante algumas dessas visitas?  

NR:  Sim, está correto e sempre foi incrível, nós adoramos ir ao Brasil, pois tudo é sempre tão perfeito quando a gente está em turnê em seu país. Os fãs são incríveis, a comida é incrível, o clima é incrível, eu ficaria muito feliz em morar no Brasil! São tantas boas lembranças das turnês, dos shows que são sempre muito legais, é claro. Manaus foi um show que sempre ficará na mente, pois estava tão incrivelmente quente, que Jeff desmaiou no palco e então a polícia encerrou o show na metade. Na manhã seguinte, fomos para a praia e foi uma festa, com grandes barcos no rio, abutres sobrevoando e piranhas na água, INCRÍVEL! Os dias de folga são sempre muito divertidos, porque podemos sair com algumas pessoas muito legais em lugares mais legais ainda. São Paulo é sempre ótimo, assim como é Belém, Salvador, Rio etc..  a lista dos lugares legais é longa! 

HB:  Eu imagino como deve ter sido frustrante ter um (ótimo) novo álbum e não poder fazer turnê ou participar de um grande festival. No caso do Onslaught, quanto dano o C-19 causou?  

NR:  Sim, é muito frustrante agora não poder fazer uma turnê. Nós realmente temos que esperar que a pandemia termine em breve, só então nós poderemos voltar para a estrada o mais rápido possível. Não temos certeza dos danos que causou ainda, pois o álbum só saiu há três semanas, mas quanto mais tempo demorar para tudo se normalizar, maior será o dano, tenho certeza. 

HB:  E em particular, como você está, meu amigo? Como você lidou com o problema da pandemia durante o lockdown. E como estão as coisas hoje na cidade onde você mora? 

NR:  Estou bem até agora, obrigado, minha região tem tido muita sorte e a pandemia não nos atingiu muito forte, mas ainda tivemos lockdown por 4 meses e as coisas em geral ainda não estão tão boas no Reino Unido. O lockdown não foi tão ruim para mim pessoalmente, pois estava trabalhando no novo álbum constantemente neste período. Nós mixamos o álbum durante o lockdown, o que era difícil e muito estranho. Logo depois começou a promoção de forma que não havia tempo para o tédio. 

HB:  O Onslaught pertence a um grupo de bandas que representam uma parte importante dentro do mundo da música pesada. Mas o que ainda precisa ser feito para consolidar o legado da banda?  

NR: Há muito mais que queremos alcançar, temos tido tanta sorte em nossa carreira, por ter tocado em mais de 60 diferentes países em todo o mundo, mas a ‘lista de tarefas’ ainda é muito longa. Queremos tocar em todos esses países de novo e de novo e trazer shows cada vez maiores e melhores para os fãs. Há também tantos festivais em que ainda não comparecemos, então estamos planejando estar muito ocupados ainda! 

HB:  E quanto ao futuro Nige? Você acredita que ainda demorará um longo tempo antes dos shows retornarem com um público, mesmo limitando o número de pessoas e fazendo uso de protocolos de segurança? 

NR:  Não tenho certeza sobre isso, mas acho que haverá um vacina disponível em algum momento deste ano e que deve, esperançosamente, ajudar as coisas a voltarem ao normal muito rapidamente. Eu não acho que o distanciamento social em shows funcionará para nós e outras bandas de Thrash Metal, tirando toda a atmosfera e energia. E os custos financeiros para os promotores seria muto alto, então acho que vamos esperar que a normalidade volte para regressar ao palco novamente. 

HB: Nige, muito obrigado. Queremos agradecer muito a sua atenção. Sinta-se livre para deixar suas mensagens para os fãs, bem como divulgar os endereços para que eles possam ficar conectados com todas as notícias sobre você meu amigo e o Onslaught.  

NR:  Obrigado Paulo, foi um prazer. Em primeiro lugar, espero que todos os nossos amigos/fãs e suas famílias estejam seguros e bem neste momento tão difícil, estamos pensando em todos vocês! Por favor, tomem cuidado… . Entãããão, obrigado Brasil por seu apoio verdadeiramente incrível desde os dias do ‘Power From Hell’, tem sido fantástica essa jornada e é uma jornada que continuará. Espero que vocês estejam gostando do novo álbum ‘Generation Antichrist’ que esta disponível para você comprar por meio do site ‘‘Valhall Music’  (se você gosta do álbum ‘The Force’, então você vai realmente adorar este). Assim que esse fucking pesadelo pandêmico acabar, estaremos de volta ao Brasil com certeza, eu mal posso esperar!! Até lá então, você pode obter todas as notícias do ‘Onslaught’ em:

www.facebook.com/onslaughtuk

www.powerfromhell.com 

Obrigado Brazil…!!  

(Fotos: Mídias sociais do Onslaught, exceto foto no Manifesto Bar em 2011 por Paulo Márcio).

Resenha do álbum “Generation Antichrist“:

Resenha: Onslaught – Generation Antichrist (2020)