“CONHECIMENTO DE CAUSA E HABILIDADE NA EXPOSIÇÃO DE SUA VISÃO RÍSPIDA DE MUNDO”

Nota: 4/5.

A BANDA

Oriunda da cidade de São José Dos Campos/SP, a banda iniciou suas atividades no final de 2011, e teve um começo muito produtivo, com vários eventos em cidades distintas no estado de São Paulo e participando, inclusive, de uma mini-tour com as bandas Stoma (Holanda) e Le Mars (Brasil) por ocasião do lançamento do seu primeiro single, “Existimos”. O nome Manger Cadavre? é uma indagação e significa literalmente “Comer Cadáver?” numa referência – talvez – ao processo quase antropofágico pelo qual passa a humanidade. A formação que gravou esse álbum conta com Nata de Lima nos vocais, Jonas Godói no baixo, Marcelo Augusto na guitarra e Marcelo Kruszynski na bateria.

O ÁLBUM

A banda é “politicamente” engajada e, através de suas letras, expõe uma consciência social muito real e crua. Por isso, AntiAutoAjuda é conceitual e liricamente trata de questões como o adoecimento psicológico do trabalhador frente à superexploração de sua força produtiva na sociedade de consumo. Musicalmente, a sonoridade do disco é calcada no Crust/Hardcore e estruturada em conteúdos com poder para chacoalhar o cérebro de toda a massa de surdos ideológicos nesse momento tão singular da nossa história. Os timbres escolhidos são sinistros e ajudam a reforçar a posição da banda sobre o caos dominante num país onde os direitos humanos básicos têm sido negados descaradamente. As letras são engajadas e as composições manifestam um posicionamento contundente sobre a nossa realidade atual. Nesse sentido, o disco tem seu ponto alto justamente na exposição de uma visão ríspida de mundo. O grupo revela conhecimento de causa e habilidade na exposição de suas ideias. Musicalmente, criaram o ambiente sonoro propício para tratar das questões já citadas. Assim produziram uma atmosfera sombria, pesada e tóxica. Como se não bastasse, conseguiram atingir a um nível profissional poucas vezes praticado por bandas do gênero.

O QUE TEM DE BOM?

  • As letras são inteligentes e denotam conhecimento de causa sobre as questões tratadas no conceito geral;
  • As vocalizações da frontwoman Nata de Lima são monstruosas e certamente se destacam no contexto sonoro do disco;
  • Todas as composições são fortes e certamente agradarão a todos os fãs do estilo.

O QUE PODERIA SER MELHOR?

  • Há pouca variação. As músicas são lineares (são parecidas entre si) e parecem seguir a um padrão no qual as mudanças de andamento se alternam entre passagens Doom e Hardcore;
  • A duração do álbum é muito curta. 22 minutos é pouco até para quem não é adepto do estilo.

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