“Ensinamentos de death metal

De cara é preciso dizer uma coisa sem perda de tempo. Como é bom ouvir a poderosa voz de Dave Ingram nesse disco. Desde 1989, o Benediction mantém uma vitoriosa parceria com a Nuclear Blast Records e exatos doze depois de seu último trabalho “Killing Music” de 2008,  escreve outro capítulo de sucesso com “Scriptures”. E pode anotar, esse lançamento entra direto na disputa pelas posições entre os melhores discos desse conturbado ano de 2020.

Prepara-se, pois são doze faixas abrangendo pouco mais de 46 minutos que vão destruir os pescoços dos bangers menos avisados. “Iterations Of I” é um ótimo cartão de visitas com uma intro de guitarra destacada antes do rife, que quando entra destrói tudo que tem pela frente. Dave está em grande forma e seu registro vocal combina perfeitamente com estilo do Benediction. Na sequencia “Scriptures In Scarlet” matem o nível de aniquilação em alta com uma levada firme e intensa. Os bumbos de Giovanni Durst ditam os passos e a melodia é puro death metal clássico.

The Crooked Man” oferece um pouco menos de velocidade e mais de peso em seu som desde o início, com variações interessantes e letais. Um rife bem ‘ganchado’ (SIC) aliado a pancadaria da bateria dá o tom de “Stormcrow”, que possui aceleradas coesas e mudanças nos andamentos insanas. Em “Progenitors Of A New Paradigm” os rifes predominam, cortesia de Peter Rew e Darren Brookes, e percebesse o quanto a produção de “Scriptures” é notável. Pode-se diferenciar cada instrumento, o som é limpo e extremante pesado. Ótimo trabalho do mago Scott Atkins (Cradle of Filth, Gama Bomb).

Que tal um pouco de pancadaria desenfreada? Sem problemas, “Rabid Carnality” é um trem desgovernado que amassa o que estiver pela frente. Tanto “In Our Hands, the Scars” quanto “Tear Off These Wings” dá a chance da cozinha de Dan Bate (baixo) e Giovanni Durst mostrar a que veio. Ritmo constante e preciso em cada uma das faixas, uma verdadeira base de aço.

Embrace The Kill” não deixa o padrão cair com outro rife em dobra espacial e um festival de viradas de Durst. Simplesmente death metal puro sem bobagens e nada mais. “Neverwhen” tem aquela levada clássica do Benediction com muitas variações e quebradas, que envolvem o ouvinte e é impossível não bangear com um som desses. A fórmula se repete em “The Blight at the End”, que possui um rife ainda mais mortal e um timbre de caixa insuperável. Ingram brilha mais uma vez, variando de um rosnado brutal para uma linha vocal extremamente rígida, o que adiciona ainda mais caos para uma experiência já devastadora.

A essa altura eu já estou quase recomendando ao caro leitor que ouça esse tijolo de trás para frente, pois a qualidade das últimas faixas chama demais a atenção. “We Are Legion” é uma verdadeira aula de death metal, cheia de nuances e andamentos diferentes, fechando esse trabalho com chave de metal. Incrível a qualidade crescente de faixa para faixa, como se fosse mesmo intenção da banda de subir o patamar do começo para o final do álbum. E se essa foi intenção ou não, eu não sei, e tanto faz, pois as doze músicas são excelentes.

Vamos resumir esse trabalho em apenas uma palavra, é um DISCÃO. O vocal Dave Ingram como já foi dito é perfeito para o Benediction e a sinergia única dos músicos cria uma atmosfera de old school esmagadora, letal e mortífera. Em “Scriptures” esse arauto do death metal mundial prova por que está á décadas entre os grandes nomes do estilo. Confira e coloque seu pescoço a prova.

Nota: 4,5/5

Tracklist:

  1. Iterations Of I
  2. Scriptures In Scarlet
  3. The Crooked Man
  4. Stormcrow
  5. Progenitors Of A New Paradigm
  6. Rabid Carnality
  7. In Our Hands, the Scars
  8. Tear Off These Wings
  9. Embrace The Kill
  10. Neverwhen
  11. The Blight at the End
  12. We Are Legion

Benediction:

Peter Rew – Guitars

Darren Brookes – Guitars

Dave Ingram – Vocals

Dan Bate – Bass

Giovanni Durst – Drums