Def Leppard – On Through the Night (1980)
Os 40 anos de “On Through the Night”, o primeiro disco do Def Leppard.
Não é o melhor e nem o maior sucesso da banda de Sheffield, mas foi o LP que abriu a possibilidade da banda de iniciar uma carreira sólida de muito sucesso, recheada com muitas alegrias e tragédias também. Que tal enquanto contamos um pouco a respeito do “On Through the Night”, você colocar para rolar esse álbum, seja na mídia que for. Em CD, LP, k7, no celular, tanto faz. Desde que seja com o volume no 11.
Naquela época:
Até o início da década de 80 não tínhamos revistas especializadas em música pesada em lugar algum. Conseguir um simples poster era motivo de festa. Bem diferente dos dias de hoje, em que você com apenas alguns cliques tem a sua disposição discografias completas, vídeos, fotos e informações de todas as fases da sua banda preferida.
E para conseguir notícias a respeito das bandas menores? Só através da força de vontade de apaixonados pelo estilo, que publicavam de maneira artesanal fanzines datilografados com tiragem muito limitada, e nem sempre eram fontes confiáveis.
Ícones da música pesada como Deep Purple, Kiss, Black Sabbath ilustravam as páginas de revistas como, por exemplo, a Rolling Stone. E essa por sua vez tinha como editorial um linha que englobava diversos estilos músicas, como o pop. Para o fã de hard, heavy ou progressivo, era necessário filtrar o que interessava, e tal conteúdo nunca era o de maior oferta em cada edição desta ou das demais revistas musicais genéricas. Essa situação só iria mudar em junho de 1981, quando a revista inglesa Sounds, percebeu que o público headbanger estava crescendo. Muito por causa da NWOBHM, que trouxe um turbilhão de novas bandas, investiram na criação de uma nova revista, a Kerrang!. Publicação essa que com o passar das edições, se especializou com propriedade no hard/heavy.
Criticas a respeito de “On Through the Night” podem ser encontradas sim, mas talvez feita por um jornalista que tenha como seu disco de cabeceira algum do ABBA. Infelizmente fazia parte do jogo e o universo em torno do Heavy Metal, já estava acostumado com a situação, pois convivia com ela desde a sua origem. Era de conhecimento geral, que o estilo amado pelos jovens por causa do som alto, do visual e da atitude dos seus ídolos, sempre foi mal visto por boa parte dos críticos musicais. Em uma resenha sobre uma banda no começo de 1980, uma dessas famosas revistas publicou uma frase que ficou famosa no meio underground da época, pois resumia bem o que os especialistas em música pensavam sobre o estilo: “Os fãs insistem que ele nunca foi embora. Os críticos desejavam que sim. Mas o heavy metal, aquele filho bastardo do blues americano e do rock inglês, está de volta”.
Apesar desse cenário negativo “On Through the Night“ conseguiu receber alguns bons créditos. Foi exaltado que os músicos eram extremamente jovens e muito talentosos. Os solos mais curtos do que o normal, feitos pelos guitarristas Pete Willis e Steve Clark agradaram também. A produção de Tom Allom, o mesmo que já realizara ótimos trabalhos com o Judas Priest e Black Sabbath, também foi bem destacada.
O disco:
Quando Def Leppard lançou seu álbum de estreia em 14 de março de 1980, eles já estavam sendo apontados como uma das bandas mais promissoras da NWOBHM. Claro que garotos de Sheffield ainda não haviam aperfeiçoado seu som característico quando gravaram “On Through the Night”. Mas o jovem grupo mostrou um bom equilíbrio entre o hard rock e o heavy metal e muito talento.
Como eu citei acima o álbum recebeu algumas críticas positivas, mas quem comprou mesmo a ideia foram os fãs, que elogiaram o rock pesado e poderoso de “Rock Brigade“, “It Could Be You” e “Wasted“, e a melodia de “Sorrow is a Woman“.
“Rock Brigade” merece ser destacada, pois possui uma vibração muito característica dos anos setenta. O que se tornaria curioso, pois no futuro, esse grupo seria um dos sinônimos do rock dos anos oitenta. Impulsionada pelas guitarras de Clark e Willis, a música apresenta uma força que geralmente apenas bandas com um bom tempo de estrada conseguem expressar, e como bem sabemos, não era o caso aqui. E por falar em ‘aqui’, sabe aquela revista que sempre foi uma referencia quando se trata de música pesada desde os anos 80? Sim, me refiro a Revista Rock Brigade. Ela tem esse nome justamente por causa dessa composição do Def Leppard.
Para muitos fãs “Sorrow Is a Woman” é a melhor faixa do álbum. Ela começa com um rife sólido e dramático, que dá lugar às seções inspiradas, quase jazzísticas, com guitarras bem encaixadas e o fantástico baixo de Rick Savage falando bem alto.
“Hello America” e seu chamativo coro inicial representou o desejo do Def Leppard de conquistar o cobiçado mercado americano. Mas o 51º lugar na parada de álbuns da Billboard indicou que ainda não era a hora desse sonho se realizar. A América não tinha respondido com números, entenda-se, venda de discos, um “olá” de volta para a banda. Só quando o produtor “Mutt” Lange assumiu o comando das gravações, que o tal sonho se materializou com os mega platinados discos “Pyromania” (1983) e “Hysteria” (1987).
Opinião:
Sempre comento com meus amigos o quanto fui felizardo aos herdar de meus irmãos mais velhos uma coleção de discos – por volta de 250 – logo que completei 12 anos de idade. Aquilo mudou a minha vida, pois comecei a conhecer a fundo bandas como Purple, Kiss, Rush, Judas, Aerosmith, Maiden, entre tantas que até hoje fazem parte da minha vida. Cresci ouvindo suas músicas e acompanhando suas carreiras como todo fã. E claro, comecei a comprar mais discos e aumentar a coleção agora sob a minha responsabilidade.
Comprei minha cópia do “On Through the Night” em 10 de janeiro de 1985, e antes que perguntem já vou respondendo. Sim, eu tenho anotado as datas de todos LPs e Cds que acumulei ao longo dos anos, é um velho hábito. Eu já possuía na minha coleção o excelente “High n’ Dry”, que é meu disco preferido do Def Leppard e o pra lá de platinado “Pyromania”.
O Def Leppard estava sendo bem comentado por aqui, pois a primeira edição do Rock in Rio estava batendo a porta e a banda não participaria mais devido ao acidente do Rick Allen, como todos sabem. A edição que eu tenho é nacional e foi prensada 1984. Boa parte dos LPs que eu tenho, que foram comprados naquele período vieram do saudoso Museu do Disco, de lojas especializadas da Galeria do Rock, como a Baratos Afins e a Musicanto e claro, da Woodstock do grande Walcir, que naquela exata semana estava mudando da Rua José Bonifácio para a Doutor Falcão, onde esta até hoje.
Curiosamente esse não veio de nenhum desses lugares. É que desde 1983 as representantes das grandes gravadoras estrangeiras aqui em nosso país, estavam recebendo cada vez mais títulos de bandas de música pesada. As passagens do Queen em 1981 e de Van Halen e Kiss em 1983 tem muita haver com isso. A equação é simples. Se o público consumidor aumenta, aumenta a oferta. E por causa disso em grandes magazines como o Mappin, lojas mais ecléticas como a PróSom no Shopping Ibirapuera e até em lojas de discos pequenas em bairros, era possível você se deparar com um LP legal. E foi o caso deste, que veio de outro grande magazine da época, a Mesbla.
Lembro-me que comprei por que estava barato – eu sempre revirava a parte das promoções – e por que tinha lido uma critica bem positiva. Não foi um álbum que eu escutei muitas vezes, mesmo nos dias próximos da aquisição, pois as opções em 1985, como vocês bem sabem, eram diversas. Mas certamente as pra lá de conhecidas “Rock Brigade” e “Wasted” foram as mais gastas pela agulha da pick up.
Só conhece o Def Leppard das baladas? Ou dos sucessos nas rádios? Então, e ainda não colocou o “On Through the Night” para tocar? Pois faça isso agora. Com as facilidades dos dias atuais, você encontra esse bom disco completinho até no You Tube. Eu recomendo.
Nota: 4/5
Dados:
Lançamento: 14 de março de 1980.
Selo: Vertigo (Europa); Mercury (EUA); Polygram (Brasil).
Produção: Tom Allom.
Gravação: Tartling Studios, Ascot, Inglaterra, em dezembro de 1979.
Singles:
“Wasted/Hello America“, em novembro de 1979 (Apenas R.U.);
“Hello America/Good Morning Freedom“, em fevereiro de 1980;
“Rock Brigade/When the Walls Came Tumbling Down“, em maio de 1980 (Apenas EUA).
Certificações:
– Nos Estados Unidos, Platina (+ 1.000,000) em 1989;
– No Canadá, Platina (+ 100,000) em 1991.
Lado A
1.Rock Brigade
2.Hello America
3.Sorrow Is a Woman
4.It Could Be You
5.Satellite
6.Walls Came Tumbling Down
Lado B
1.Wasted
2.Rocks Off
3.It Don’t Matter
4.Answer to the Master
5.Overture
Músicos:
Joe Elliott – Vocais
Steve Clark – Guitarra
Peter Willis – Guitarra
Rick Savage – Baixo
Rick Allen – Batera