Resenha: Vulcano – Eye in Hell (2020)

“Veteranos comprometidos, leais e ferozes”

NOTA: 3,5/5.

Vulcano é um dos nomes mais clássicos do circuito da música extrema mundial. Havendo começado no início dos anos 80, o álbum de estreia, Bloody Vengeance (1986), estabeleceu-os como um dos pioneiros do metal negro no Brasil. Após frequentes trocas de integrantes ao longo dos anos, sem falar no hiato de 5 anos (1991-1996), a banda lançou uma série de álbuns que parecem não gerar tanto impacto quanto seu primeiro álbum. Alguns, mais; outros menos, mas a maioria admirada pelos “trues”. Depois de alguns trabalhos independentes, a banda assinou com a gravadora Mighty Music para lançar este que é o seu décimo primeiro álbum de estúdio.

Eye in Hell é um álbum em que a banda ainda consegue demonstrar ferocidade e energia. É um disco que revela uma banda ainda instigada a fazer algo relevante para o seu público. A banda tem consciência  de que não pode viver de passado por isso atualizou seu som e isso pode gerar algum desconforto nos fãs mais radicais, mas a maioria concorda que os materiais atuais fazem jus ao seu passado mais brutal. Com uma sonoridade thrash e vocais death metal, a banda conseguiu conectar dois princípios básicos da música extrema: os vocais doentios com a velocidade dos riffs e da bateria.

A estética do material por si mesma, não tem nada de surpreendente, mas a forma como os veteranos encaram a tarefa de fazer música com tanta paixão, sim. Poucas bandas com uma história tão longa pode bater no peito e se orgulhar de fazer algo tão honesto e digno quanto o Vulcano. Por isso, quando falamos de Eye In Hell, não estamos falando apenas de qualidade da produção e dos aspectos formais do trabalho, mas do comprometimento e da lealdade que os caras imprimem a sua obra. Apesar de chegar aos 43 minutos e 13 faixas, o disco não parece longo, o que provavelmente se deve ao fato de a dupla de guitarristas manter as músicas curtas e dinâmicas. Zhema e Fajardo fazem a diferença no sentido de manter a música da banda interessante. É o que disse antes, o fato de os caras já terem passado dos 50 e ainda tocarem dessa forma é algo para se regorgizar.

Tendo Zhema Rodero (guitarra), como único membro original, o Vulcano é formado também por Luiz Carlos Louzada (vocal), Gerson Fajardo (guitarra), Carlos Diaz (baixo) e Bruno Conrado (bateria).

 > Post originalmente publicado no blog Esteriltipo