“Divisor de águas”

Lançado originalmente no ano de 2000, o álbum “Musique” literalmente balançou as estruturas do meio gothic metal na época. O Theatre Of Tragedy sempre foi umas das referencias do estilo e também contava com muita popularidade devido aos seus trabalhos anteriores. Mas a mudança de direcionamento foi um verdadeiro choque para fãs e críticos na virada do século. A banda deixava de lado o ar poético e misterioso para investir pesado no eletrônico, e o limite aceitável entre as diferentes referencias – que sempre foi tolerado – ultrapassou barreiras que causaram sequelas. A princípio o que se viu foram fãs dos primórdios se indignarem, os mais recentes aceitarem e a banda acabou meio que conquistando novos adeptos com seu novo som.

Independente de tudo isso o CD fez sucesso, graças aos novos fãs capturados pela então moderna sonoridade e o Theatre Of Tragedy acabou beliscando até uma boa posição, a de número 39, na parada German Albums Chart. Isso animou o conjunto a repetir a dose em seu disco seguinte, “Assembly” (2002), mas o elemento novidade já não poderia ser acrescentado na receita e o novo público recém-conquistado não era tão fiel como os amantes do gothic, que se sentiram deixados de lado. O resultado era previsível, a banda perdeu popularidade e para bagunçar de vez, problemas internos resultaram na saída da cantora Liv Kristine Espenæs.

Após 20 anos temos em mãos uma edição comemorativa de “Musique”, que pela primeira vez está disponível em vinil (podendo ser encomendado nas cores azul ou branco/azul) e CD duplo, com cada formato contando com 11 faixas bônus além das 11 canções regulares do álbum original. Os bônus (sempre a parte mais interessante de uma reedição) dessa nova edição contem a versão francesa da faixa “Image” e canções inéditas como “Quirk” e “The New Man”, além de versões alternativas das faixas do álbum.

Definitivamente não é o melhor ou o mais significativo disco do Theatre Of Tragedy, mas foi o que causou o maior impacto na carreira da banda. Existem momentos bons como a música “Crash/Concrete“, que conseguiu unir peso e elementos sintéticos de uma forma bem singular e adequada, mas também há os exageros e foram eles que cobraram a conta posteriormente. 

Entre esses altos e baixos uma coisa é certa, a importância do Theatre Of Tragedy dentro do estilo gothic metal sempre será lembrada e reverenciada. A banda inovou e soube em seu tempo áureo trazer elementos nunca antes vistos, criando uma sonoridade própria e muito original. “Musique” marcou uma mudança de caminho e trouxe novas escolhas, que o tempo mostrou que não foram as mais acertadas. Mas faz parte da história do Theatre Of Tragedy e possui suas qualidades. Se você for fã vai conferir e se for curioso, faça o mesmo.   

Nota: 3/5

Tracklist:

CD1

01 – Machine

02 – City Of Light

03 – Fragment

04 – Musique

05 – Commute

06 – Radio

07 – Image

08 – Crash/Concrete

09 – Retrospect

10 – Reverie

11 – Space Age

12 – Image (French Version)

CD2

01 – Fragment

02 – Machine

03 – City Of Light

04 – Reverie

05 – Radio

06 – Commute

07 – Retrospect

08 – Quirk

09 – Crash/Concrete

10 – The New Man

TOT:

Raymond I. Rohonyi (Vocals)

Liv Kristine (Vocals)

Frank Claussen (Guitars)

Lorentz Aspen (Keyboards)

Hein Frode Hansen (Drums)