Eu não sei se ‘nem parece que já faz um ano’ ou se ‘parece que faz muito tempo’, mas o fato é que a passagem de Andre Matos abalou todas as estruturas do metal nacional e do mundo. Foi-se um dos pilares do gênero, ficou sua obra. Clichê, mas não menos verdadeiro.

Foto: Anderson Carvalho

Abaixo fiz uma lista com 10 músicas que considero essenciais para quem quer conhecer sua obra. Me limitei a músicas compostas pelo próprio. Foram incluídas algumas músicas que não podem faltar na lista e, também, algumas escolhas menos óbvias e até menos conhecidas.

Nem todas as homenagens do mundo serão suficientes para honrar sua obra, mas todas as homenagens do mundo valem para honrar sua obra.

Espero que gostem dessa viagem pela sua discografia.

1. Moonlight – Viper – Theatre of Tragedy
Talvez a primeira composição de Andre Matos de sua carreira, “Moonlight” apresenta um excelente prelúdio de tudo que viria nos anos seguintes, linda melodia, arranjos inspirados em música clássica, uma letra maravilhosa. (Andre é tão reverenciado por suas habilidades como compositor, arranjador, maestro e, principalmente vocalista, que seu talento para escrever belas poesias acaba ficando um pouco negligenciado, o que é injusto.)

2. Holy Land – Angra – Holy Land
Falar de qualquer música de “Holy Land” é chover no molhado, é consenso a genialidade deste álbum, mas eu gostaria de prestar um pouco mais de atenção na faixa título deste clássico.
“Holy Land” é de uma genialidade tão grande e, ao mesmo tempo sutil. Os arranjos de piano, a melodia vocal, o conceito da letra, a brincadeira com o berimbau no piano. Essa música é uma das principais expressões musicais de Andre Matos.

3. Letting Go – Andre Matos – Time To Be Free
A primeira música do primeiro álbum da carreira solo de Andre Matos é muito marcante. Marcante por apresentar, depois de anos de sua saída do Angra, uma música com dois guitarristas diferentes. Marcante por seu refrão forte, marcante pelos elementos de música clássica mais presentes. Mas marcante, também, por uma melodia vocal e uma letra extremamente pessoal que, para quem viveu aquela época, percebe um forte desabafo de Andre para com suas decepções com suas bandas anteriores.
“In the end only your footprints stay behind”

4. Innocence – Shaman – Reason
Eu lembro do arrepio que senti a primeira vez que ouvi o momento em que a música ganha peso. Melancólica, pesada, como todo o clima do “Reason”, “Innocence” é uma daquelas músicas que você ouve e percebe que tem um “quê” a mais de alguma coisa inexplicável. É a marca de Andre Matos na música, no mundo. Essa música se torna simbólica, também, pois sua passagem marcou a perda da inocência para muitos no metal nacional. Sua morte foi muito marcante para todos os que estão minimamente envolvidos com a cena brasileira.

5. Fairy Tale – Shaman – Ritual
“Fairy Tale” é tão genial e se tornou tão popular que eu realmente não teria como acrescentar nada de novo à discussão, mas é, talvez a música mais essencial da carreia de Andre Matos, a mescla do Metal com os elementos de música clássica, o clima gregoriano, tudo nela é simplesmente maravilhoso em um nível impossível de descrever em palavras. É uma música única!
Em um inevitável paralelo com Freddie Mercury, talvez “Fairy Tale” seja a “Bohemian Rhapsody” de Andre Matos.

6. Wings of Reality – Angra – Fireworks
Apesar de longe ser uma unanimidade, Fireworks é meu álbum favorito do Angra. Muitos não sabem, mas, além de ser gravado no lendário Abbey Road, com o lendário Cris Tsangarides, o álbum contou com uma Orquestra. Um raro vídeo mostrando o processo de gravação pode ser visto abaixo.

Essa música é marcante desde o começo, poderosa, mas uma das músicas que melhor mostra a orquestra atuando no álbum. E, talvez, o 1o Metal que eu ouvi na vida e que me trouxe até aqui hoje. Obrigado, Maestro.

7. Rescue – Andre Matos – Time To Be Free
Eu não poderia deixar de citar essa música aqui. Foi muito surpreendente ver Andre ‘voltando às origens’ com seu álbum novo e, ao mesmo tempo experimentando elementos novos. Rescue conta com a participação especial de Sander Gommans, então vocalista e guitarrista da banda After Forever. Andre Matos puxa as fronteiras de sua carreira com essa música, mesclando suas vozes com os guturais de Sander e trazendo uma sonoridade espetacular para um álbum já genial.

8. Lasting Child – Angra – Angels Cry
Mais uma obra-prima de Andre Matos pelo Angra, “Lasting Child”, às vezes me soa como uma continuação de “Moonlight”. Uma fusão perfeita entre música clássica e metal, com arranjos criativos e uma melodia vocal carregada de técnica, feeling e musicalidade. Um encerramento apoteótico para um álbum de estreia de nível raramente visto na história do metal mundial.

9. When The Sun Cried Out – Andre Matos – Mentalize
Uma música renegada de um álbum pouco popular de sua carreira. “When The Sun Cried Out” apresenta, a meu ver, um refrão que entra para a galeria dos mais fortes e marcantes da carreira de Andre, além de diversos elementos que, somados, se tornaram excelentes exemplos do alto nível que foi sua carreira enquanto compositor. “When The Sun Cried Out” é mais densa e menos ‘pra cima’ do que a maioria das músicas de sua carreira, mas não menos genial e merece ser mais lembrada pelos seus fãs.

10.  –
É muito difícil escolher apenas 10 músicas para falar sobre a carreira de Andre Matos, mais difícil ainda fazer o que eu decidi fazer, mas, talvez o mais justo possível.
Toda lista apresenta injustiças, incoerências, falhas. Sempre falta alguma coisa. Então, em respeito à totalidade da carreira de Andre, deixei o 10º item da lista em branco, em aberto, escolhendo apenas 9 músicas.
Aqui você pode colocar qual música quiser, qual música estiver faltando, porque, afinal, é isso que é a carreira do Maestro. Um infinito. Um infinito que nos toca pessoalmente e com o qual nos identificamos, a cada dia, de uma forma diferente. Inclua aqui por quaisquer motivos pessoais que você escolher, uma música dele que foi injustiçada por mim, largada de lado, mas que não poderia ter sido feita de jeito nenhum. Assim todos honraremos, juntos, a plenitude de uma obra impecável e eterna.

Obrigado, Maestro.