Resenha: Somberland – Just Flesh for the Worms (2020)


Tracklist:

1. To Die to Reborn
2. Ocean of Fire and Lust
3. Funeral Mist in Somberland
4. Dead Light Previails
5. Black Will Force
6. Under Thy Darkened Shade
7. Graves of Ashes and Dust
8. His Suffering My Pleasure
9. The Meeting

O Metal brasileiro, apesar de muitos problemas inerentes a regras e ideologias descartáveis dentro do cenário, é fértil e sempre gera bandas ótimas, seja em qual vertente for. Talvez seja algo vindo da miscigenação étnica não puritana que acaba criando um amálgama musical no subconsciente de todos os músicos. Desta forma, esse arcabouço musical deve ser abraçado, e que se permita criar em cima dele algo diferente, algo para si mesmo e com a cara da banda. E o quarteto Somberland, de Criciúma (SC) parece saber usar desse fato, pois Just Flesh for the Worms é um ótimo disco.

Basicamente, esse álbum é uma evolução em relação ao que havia mostrado em Pest’Ology (de 2017), pois é bem mais maduro e diversificado, mas mantendo a mesma essência de antes, um Death/Black Metal sinistro e melodioso que remete diretamente aos primórdios dos anos 90 (nomes como Dissection e Rotting Christ são ótimas referências para apontar similaridades), mas o grupo mantém uma pegada pessoal dentro do que faz. Percebe-se também uma preocupação em usar partes melodiosas limpas, tocadas em instrumentos acústicos, o que enriquece o trabalho musical apresentado.

O trabalho de Orland Junior (que produziu, acompanhou a gravação, mixou, e por fim masterizou o disco) ficou muito bom, tentando rebuscar a sonoridade dos anos 90 nos pormenores dos arranjos, mas sem esquecer de que a banda precisa ser entendida pelo ouvinte. Não ficou perfeito (poderia ser um pouco menos cru), mas está de bom tamanho. Além disso, a arte de Marcelo Vasco ficou excelente (sem mencionar o uso não convencional de um encarte que é em forma de livreto, mas usa o recurso de pôster de 4 páginas em seu centro).

Just Flesh for the Worms mostra uma dinâmica mais soturna e carregada que seu antecessor, e permite que o ouvinte experimente aquela aura sombria dos anos 90 nos dias de hoje. E a agressiva “To Die to Reborn” (que contrasta partes velozes e brutas com arranjos melancólicos e limpos), a arrastada e fúnebre “Ocean of Fire and Lust” (ótimas guitarras, com riffs cortantes), os contrastes que regem “Funeral Mist in Somberland” (ótimo trabalho de baixo e bateria) e “Black Will Force”, a pancadaria para todos os lados que mostra “Graves of Ashes and Dust”, e a força de “His Suffering My Pleasure” (o uso de solos de guitarra dessa forma poderia ser ampliado, pois encaixaram muito bem) são as melhores. O único “mas” vem do fato que o grupo continua soando engessado, ou seja, preso aos padrões sonoros já estabelecidos, sendo que o quarteto tem potencial para quebrar regras e reescrevê-las como eles bem queiram, tanto em termos de produção como de musicalidade. Mas a evolução deve cuidar disso.

No mais, parabéns à Heavy Metal Rock Records por ousar e continuar investindo pesado no Metal nacional, pois seria uma pena que um disco tão bom como Just Flesh for the Worms ficasse escondido nos porões do underground. E o Somberland tende a crescer mais, sabendo jogar suas cartas com sabedoria.

Facebook: Somberland
País: Brasil
Gênero: Black Metal/Blackened Death Metal
Selo: Heavy Metal Rock Records

Por: Professor Bones

PONTUAÇÃO: 8/10